30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo!






No final das contas, é o fim de mais um ano. Mais um de muitos que hão de vim. Mais um fim. Porque tudo o que começa, termina. Cedo ou tarde. Nada tem a extensão de durar para sempre. O para sempre dura o tempo suficiente da fantasia de cada um. Isso, para aqueles que têm fantasias. 
Foram dias, meses, muitos momentos encontrados, muitos perdidos. Pessoas que entraram nesses dias sem encontro marcado. Pessoas que ficaram por meses. Pessoas que deram à um dia a duração de um ano. Instantes de lembrar por quanto houver memória. Instantes de esquecer com urgência. Trezentos e sessenta e cinco amanheceres. Esperanças roubadas e reencontradas. Sentimentos novos e assustadores. Maravilhas comoventes. 
Perdas necessárias. Ganhos merecidos. Descobertas juvenis. Sonhos de turvar os olhos. Tudo passado à limpo, em capítulos, dia a dia desses tantos dias que se despedem. E chega o momento do aceno. De olhar pela última vez para trás e deixar tudo guardado lá. As certezas que nunca se fizeram certas. As incertezas tão precisas. A relação tão estreita com a dor. A relação tão desgastada com o amor. As relações de amizade mal sucedidas. As diferenças que não passaram indiferentes. Os conflitos internos que roubaram a beleza dos mais belos olhos. Tudo deve ficar neste ano. Porque o novo deve vim como uma página em branco. Pronto para ser repaginado, reescrito, reestruturado. Como nascer de novo. Livre das tristezas e das alegrias que vemos em despedida. 
Que dois mil e doze fique de fato no seu lugar. Que dois mil e treze venha nos resgatar e nos leve pra si. Que tudo seja novo. Novos dias e novos aprendizados. E que estejamos preparados para tudo o que nos pegou de surpresa neste ano que se finda. Que viver seja algo mais doce, suave, brando. Que haja menos adversidades e mais coragem. Mais saúde e menos desilusões. Mais sentimentos verdadeiros e menos solidão. 
Que encontremos a felicidade que já havíamos desistido de procurar. E as respostas pras nossas perguntas mais secretas. Que tenhamos mais tato pra lidar com as nossas inseguranças e mais calma pra tratar as frustrações. Que possamos nos magoar menos, e não macucar mais ninguém. 
Que a verdade vista-nos um a um, dos pés à cabeça. E que a paz comece dentro de todos nós. 

Que seja um ano de fato novo. Melhor que este que passa. E supere as mais simples expectativas. 
Que, assim como eu, todos possam ter os dias refeitos e renascer pra vida. Porque o tempo não espera ninguém.

Um feliz ano novo. Com, no mínimo, dois mil e treze motivos para festejar! 

Meu abraço terno,

Lai Paiva


29 de dezembro de 2012

Eu também


Todo mundo encontra todo mundo ao acaso
Ou às vezes marca de encontrar alguém específico
Todo mundo experimenta a ansiedade da espera 
Ou às vezes nem há tanto assim pra esperar
Todo mundo se apaixona sem estar preparado
Ou às vezes já estava tão preparado sem saber
Todo mundo se vê desejando mais que podia
Ou às vezes nada mais é que o desejo em pessoa
Todo mundo espera de alguém o melhor beijo
Ou às vezes aquele beijo é tudo o que faltava
Todo mundo reserva o maior abraço pra alguém
Ou às vezes já é tão de alguém que se assusta
Todo mundo sucumbe ao amor algum dia
Ou às vezes o amor se guarda por décadas
Todo mundo se descobre escritor por instantes
Ou às vezes se transforma em palavras pra alguém
Todo mundo sorri o melhor sorriso pra admirar
Ou às vezes colhe as alegrias no outro
Todo mundo chora a ausência de alguém
Ou às vezes nem se sente existir à distância
Todo mundo ama mesmo sem ser amado
Ou às vezes nem sabe o quanto é
Todo mundo vive suas histórias de amor
Ou às vezes fantasia que as vive sozinha
Todo mundo encontra o seu par ideal
Ou às vezes desiste de querer encontrar
Todo mundo cria o seu "para sempre" e vive
Ou às vezes morre-se sem se tornar eterno pra alguém
Todo mundo nasce no instante em que se descobre amando
Ou às vezes acaba-se nesse mesmo instante
Todo mundo acha perfeito um alguém cheio de falhas
Ou às vezes as falhas são o que há de mais lindo
Todo mundo quer alguém que o leve pra si
Ou às vezes ninguém vai à lugar algum
Todo mundo tem os sonhos mais impossíveis
Ou às vezes o outro é seu único sonho
Todo mundo é grande demais quando alguém está junto
Ou às vezes nem cabe em si quando se é acarinhado
Todo mundo tem uma vida inteira pra dividir com alguém 
Ou às vezes a vida nunca acaba quando chega ao fim...

Lai Paiva

27 de dezembro de 2012

O Ultimo Sol



A tarde estava ao meio quando Oliver parou o carro em frente à casa de Coraline pra buscá-la. Seria mais um dos encontros dentro do carro, pelas estradas que os levavam pra onde eles mais gostavam de ir. Ela já o estava esperando com uma ansiedade palpável, típica dos apaixonados. Havia prendido o cabelo como ele gostava e estava usando um vestido solto e curto, que lhe dava uma leveza acalentadora. Usava brincos longos, mas delicados e havia pintado os lábios do mesmo vermelho que atribuía ao instante exato em que encontrava os lábios dele.
Oliver estava charmoso, simples e atraente. Por trás dos óculos escuros que usava estavam os mesmo olhos castanhos inebriantes de todos os encontros, só que, desta vez, estavam emoldurados de uma melancolia contagiante, o que parece que enaltecia ainda mais a sua beleza e antecipava uma tristeza já sabida.
Eles seguiram por longas horas perseguindo paisagens, algo mágico, que só ele a fazia experimentar. O céu estava de um tom laranja avermelhado que comovia os olhares. O sol já estava se despedindo deles. E eles, daquele instante tão raro. Raro como o que traziam dentro de si e que nem um nem outro sabiam ao certo o quê.
As árvores dançavam, em sintonia com as canções que ele pusera pra tocar dentro do carro e que mais parecia que ecoavam de dentro dele. Depois de algum tempo o cheiro do mar já anunciava a proximidade. Era o que Oliver planejava: levá-la pra perto do sol, tendo o mar como espectador do estado de encantamento a que estava submetendo Coraline.  Era o melhor presente que poderia dar-lhe. Ele sabia.
Ficaram parados no alto de uma ladeira, de onde se podia admirar tudo ao mesmo tempo, toda aquela irretocável maravilha, que era o pôr do sol apaziguando o mar. E aquele instante os uniu intimamente,  sem que eles sequer se tocassem. Os lábios dela permaneciam impecavelmente pintados, intocáveis, mas ela o havia beijado amorosamente por trás daquele vermelho intenso. E suas mãos se entrelaçaram com uma ternura já saudosa por saber-se ser o último, aquele pôr do sol.
As horas passaram, enfim, e o dia já não estava mais lá, dando espaço à ausência de cores que a noite trazia consigo. A mesma ausência de cores daqueles últimos minutos em que eles estavam um na presença do outro.
Fizeram o percurso de volta à casa de Coraline sem muito dizer. Sabiam que quase nada mais restava a ser dito. Nenhum discurso mais salvaria aquele sentimento tão único que eles sentiam um pelo outro. Tudo estava perdido. A cor, o som, a vida. Não naquelas paisagens, mas onde apenas eles conheciam e ousaram estar: dentro de cada um.
O dia seguinte viria, mas nunca mais haveria sol nas manhãs em que eles amanheceriam sem os beijos vermelhos somente deles.

Lai Paiva


25 de dezembro de 2012

Escrita


Queria escrever sem cessar
E continuar escrevendo por linhas
Escrever sem medir espaços
Dissolver meu pensar em palavras
E me sentir em cada letra minha
Me despir ao descrever
Me livrar ao elucidar
Numa tentativa branda
De me transformar em algo
Com o sentido que sempre busquei
A grandeza dos meus sentimentos
E o formato dos meus discursos
Quem sabe assim ao ser lida
Eu tome a forma bela dos poemas
Que nunca pude tirar de dentro de mim...

Lai Paiva


23 de dezembro de 2012

Colhida



(Ilustração: Suzy Parisotto)


Sem amar devagar
Eu o amei tão urgente
Um sentir bem aflito
Nos meus beijos pousados
O sentido anônimo
Que ele me apresentou
Ao levar minha vida
Pra um lugar diferente
Onde pude abraçar
Um prazer sem igual
Em ser-me de alguém
Mas esse mesmo amor
Que já um dia salvou
Hoje colhe o que havia
De alegrias plantadas...


Lai Paiva

16 de dezembro de 2012

Tão dele...





Dele é a minha liberdade
Nele está minha verdade
Por ele eu sou só vontade
Com ele vivo a melhor saudade
Pra nós dois basta a eternidade
Porque juntos damos lugar à melhor felicidade...


Lai Paiva




8 de dezembro de 2012

Para amar





Do amor espero amar
Amar como eu posso
E bem sei que aprendi
Pra sentir-me inteira
Se em metade estiver
Quando a vida passar...

Lai Paiva



26 de novembro de 2012

"Legível"


Aquilo que é legível
É isto nos olhos meus
Onde o sentir descansa
Naquilo que o silêncio abranda
E une essas linhas rígidas
Por onde as palavras calam
Pra não retomar a lembrança
De tudo que tanta falta faz...

Lai Paiva

18 de novembro de 2012




Feliz Aniversário ao Meu Presente 

Ele é o melhor
A maior alegria
O mais nobre amor
A razão do viver
O prazer sem igual
A melhor poesia
O meu sonho real
A admiração sem tamanho
O contentar em pessoa
A companhia perfeita
O sabor dos meus dias
A beleza que acalma
O carinho impagável
A paz que eu buscava
O abraço onde moro
A emoção que transforma
O presente incrível que há 12 anos eu ganho!

Lai Paiva



15 de novembro de 2012

Medo



Eu tenho medo que o dia acabe e ele não me beije

Medo de que o meu abraço fique sem o dele

Eu tenho medo de perder da pele o cheiro que ele tem

Medo de abrir os olhos e ver que ele é só saudade

Eu tenho medo de não ir com ele aonde ele for

Medo de amanhecer sem o seu bom dia

Eu tenho medo de tê-lo amado mais que poderia

Medo de ser em vão o ser  tão dele

Eu tenho medo de terminar a vida e não ter vivido

Medo de ir embora e nunca mais viver-nos...



Lai Paiva

12 de novembro de 2012

Do meu bem querer



De um sentir sonoro
Que não houve igual
Vai além dos versos
E do beijar perfeito
De um desejo crível
Que só ele inspira
Nos instantes nossos
E me enfeita a alma
De um lugar perfeito
Que acomoda bem
Os sorrisos meus
Nos sorrisos dele
De um nome próprio
Pra escrever no meu
O que quer dizer
O viver feliz...

Lai Paiva

9 de novembro de 2012

Das minhas certezas


E assim se vão as certezas
Aquelas pra se sorrir
E ficam apenas outras
Estas pra se chorar
E então se esvai o ter
Aquele ter sem medir
E fica o ter quase nada
E aqui fica metade de mim
Aquela metade do outro
Esta de não mais completar
E por isso eu prefiro escrever
Esta escrita que o sentir acalma
Aquela de não mais ser vivida


Lai Paiva


4 de novembro de 2012

A verdade é mentira



(Ilustração Shiori Matsumoto)


Na verdade,
Minto que passou
Finjo não lembrar
Deixo de escrever
Calo o que declarava
Recolho o que sentia
Esqueço de amar
Pois que a verdade
É que não há verdade
Naquilo que presumia...

Lai Paiva



2 de novembro de 2012

De que são feitos meus versos...


De poesia em poesia sempre conduzi meus passos, meus atos, meus impactos. Na poesia eu apresentei cada momento ou pessoa pra quem os quisesse saber. Cada pessoa, um verso. Cada verso, um sentir. Em todo sentir, pouco ou muito de mim. Neles, meu viver ou minha vontade ingrata de não existir.
Um viver versificado. E diversificado.
Construí poemas inteiros com os versos que conheci. Alguns bem pensados, outros, de puras sensações. Uns com nomes próprios, outros, sem identidades. Versos pra se beijar, versos pra se jogar. Poesias repetidas, sentimentos achados. Pessoas de diferentes sintonias. Pessoas de diferentes sintomas a causar. Poesias inacabadas. Poesias nem sequer iniciadas. Momentos que escrevi em versos. Sentires que poetizei com verdade, sem métrica. Razões pra escrever. Ilusões pra sentir. Palavra transformada em rima. Ritmo que encontrei nos outros. Tantos de escrever sem fim. 
Sim, cada pessoa, um verso. E cada verso escrito de dentro pra fora. Explicitado sem pudor. Pra quem mereça ou não. Porque nem sempre escrevi pra quem mereceu. Nem sempre escrevi o que cada um merecia. Como se cada palavra fosse mais minha que deles, e eu as quisesse, inutilmente, livrá-las dos meus extremismos. Livres do que escrevi ao avesso. E tantas palavras chorei sem que lágrima alguma fosse exposta aos olhos dos outros. Tantas que talvez eu estivesse seca se não fosse alguém tão líquida. Afinal, tudo o que me foi ofertado pelas horas de cada dia, desses dias inteiros, acabou me diluindo gota a gota, a escorrer por entre as linhas por onde desfilei meus anseios, meus desesperos, meus segredos, meus amores, meus desejos, minha urgência indomável.
E assim, quando nenhuma pessoa mais me restar pra escrever, eu poderei transformar à mim mesma em poesia e me eternizar nas linhas desconhecidas pros olhares que nunca verei.


Lai Paiva


30 de outubro de 2012

Sou-me




(Ilustração - Fábio Dudas)

Minha, não sou de ninguém
Não sendo, basto-me
Certa que sou inabitável
Nenhum nome próprio
Unirá as minhas lacunas
Pra mentir que há quem possa
Me levar de dentro de mim
Sem que eu me machuque lá fora...

Lai Paiva


28 de outubro de 2012

Por ele, tudo


De nada serviriam meus lábios
Se não fossem teus beijos

Pra que perfumar um abraço
Se não for pra ser teu

De nada valeria um carinho
Se não pra tocar o teu rosto

Pra que uma tórrida paixão
Se não for pra vivê-la em teu corpo

De nada convence o amor
Se não for pra unir-nos assim

Pra que todo esse sentir
Se não for viver-te pra sempre


Lai Paiva

12 de outubro de 2012

Poeminha de Esquecimento


Saudades eu tenho
De quando saudades 
Não tinha
Vontade eu tenho
De pouco ou nada
Vontade ter
Sentido eu tenho
Aquilo de não mais
Poder ter sentido
Esquecer eu quero
O tanto que lembro
De que me esqueceu...

Lai Paiva



7 de outubro de 2012

Sem


Não trago nada comigo
Que seja somente meu
Nem tenho um só sentir
Que não seja inteiro seu
Mas resta uma dura certeza
Não posso amar o amor
Que me ama sem liberdade
Nem sei mais viver interrompida
Numa duvidosa verdade...

Lai Paiva




15 de setembro de 2012

Sem razão





Passa-se por tudo
E nada é pra sempre
Que não possa findar
Daquilo que recomeça
Àquilo que não se termina
Muito se parece tão pouco
E a metade de tudo se esvai
Quando a razão de ser já não é

Lai Paiva

10 de setembro de 2012

Escrevo-me




Escrevo pra sossegar o pensar
E nem tanto ter que ocultar
Escrevo pra descrever o sentir
E pra de certas coisas fugir
Escrevo pra me fazer entender
E pra às vezes me convencer
Escrevo pra sozinha não estar
E pra escrita me acarinhar
Escrevo pra nem tudo dizer
E pra de verdade viver
Escrevo pra me reconhecer
E pra de mim nunca esquecer
Escrevo pra me eternizar
E pra na escrita tudo guardar


Lai Paiva


8 de setembro de 2012

Ainda dura tanto


(Ilustração - Patrícia Metola)


Ainda dele, sem ser
Sentindo tudo, sem poder
Lembrando de coisas, sem querer
Esperando algo, sem crer
Passando o tempo, sem viver
Esquecendo nós dois, sem esquecer
Enganando a saudade tão viva
Pra nem tanto doer...

Lai Paiva





Partícula


Hei de partir
Meu sentimento
Ao meio
Quem sabe assim
O dissolver inteiro
Talvez fugir
Sim, com pressa
Desse nevoeiro
Guardar meu canto
Daquele olhar
Que me apavora tanto

Lai Paiva



6 de setembro de 2012

De tudo, tanto e nada







De tudo fica muito em mim
Daquilo que não tem mais fim
O tanto que encontrei na gente
Buscando viver-nos finalmente
Sou mais lembrança que fato
E o amor deveria me ser grato
Enfeitei o sentir como pude
Mas meu amado foi tão rude
Que nada restou de encanto
Apenas um eterno pranto
A encher meu poema vazio
De um despertar tão tardio
Que o pra sempre nunca o é.



Lai Paiva




Carta de uma manhã sem amor



Amanheci, como de costume, com a lembrança de nós dois me despertando do sono. Um sono já leve, quando não roubado pela falta que você me faz embaixo das cobertas. Senti aquele arrepio que o seu mais suave toque causava, e o calor resultante do encontro dos nossos olhares. Parecia que você estava bem aqui, palpável, carinhoso, presenteável. 
Mas você era agora apenas um devaneio. Ainda maravilhoso.
Procurei o mínimo de certeza da sua presença. Mas a ausência do seu cheiro perfeito denunciava ser em vão a minha busca. 
Ao meu redor tudo estava no seu devido lugar. Dentro de mim, nada tinha seu lugar certo. E em cada parte faltava a sua porção que completava tudo. 
Me alimentei da saudade daquelas tantas horas que nos foram concedidas. Dos beijos com os quais seus lábios me enganaram, das vezes em que a sua pele cobria a minha com aqueles carinhos entorpecentes. 
Foi tão fácil amá-lo. Deixei que você viesse buscar o amor na minha mais reservada intimidade. O amor que nem eu mesma sabia que estava guardado ali. E parece-me que estava esperando que você viesse buscá-lo.
Um calor matinal quase poético vinha se aproximando cada vez mais. Desejei que chovesse. E que a chuva o trouxesse pra mim como tantas vezes o fez. Permaneci deitada, entregue e desarmada. Deixei que a manhã me tomasse nos braços. Meu abraço vazio parecia ter melodia. E eu desejei que você cantasse pra mim. Aquelas canções que foram tão cúmplices da paixão que permeava nossos encontros.
A paixão que eu julguei ser nossa.
Mas não ouvi nada mais além do silêncio de que são feitos os momentos em que me percebo sem você.
Desejei tê-lo comigo ao invés do sol daquela manhã. Porque sem você, já era noite em mim e assim seria sempre.
E te amando eu seguirei por todas as manhãs mal amanhecidas pela falta que me faz encontrar seus falsos encantos meus...


Lai Paiva

5 de setembro de 2012

Um cacto pra mim




Que se vá o sentir
O sentir tanto amor
De um amar tão em vão
Sentimento só dele
Bem plantado em mim
Como o mais belo cacto
De espinhos tão doces
Que machucam beijando
Me deixando as marcas
De um amar insolúvel

Lai Paiva


4 de setembro de 2012

Tão ainda...


Ainda que o ame por dias
Por dias negarei o amor
Ainda que ele seja lembrado
Lembrarei de sabê-lo errante
Ainda que tanto deseje vivê-lo
Viverei como se nunca o tivesse vivido
Ainda que tenha parecido um sonho
Sonharei que ele nunca existiu
Ainda que tudo jamais se acabe
Acabei de recomeçar a esquecer-nos.


Lai Paiva


2 de setembro de 2012

Convicta



(Ilustração João Grando)


De saudade não merecida
Com uma mágoa bem definida
Por lembrança mal vivida
À um sentir tão desprezado
Ao romance pelo avesso virado
No vazio ao meu lado deixado
Vou deixando para trás o futuro
Pois me convenço que
Aquele amor não me é puro


Lai Paiva



1 de setembro de 2012

Tão...



Tão sem tamanho o ser só
Tão sem aroma o estar sem
Tão sem sabor o maltratar
Tão sem sentido o mal causar
Tão sem desculpa o enganar
Tão sem desejo o ainda amar
Tão sem fim o rancor de lembrar...

Lai Paiva

30 de agosto de 2012

Sem saber...


Se bem soubesse
Da dor que vinha
Depois de nós
Jamais teria
Aberto os olhos
Pra te gostar

Se bem soubesse
Da mágoa toda
Que puseste em mim
Jamais teria 
Molhado os lábios
Nos beijos teus

Se bem soubesse
Da tristeza amarga
Que o teu trato trouxe
Jamais teria
Te coberto inteiro
Do melhor de mim

Se bem soubesse
Da falta insana
Que mal me faz
Teu mentir mais doce
Jamais teria
Me acostumado assim

Se bem soubesse
E soubesse tudo
Ainda assim 
Não saberia nada
Me livrar de nós...

Lai Paiva



27 de agosto de 2012

Aquilo/Isto


Aquilo que nem sei sentir
É isto de não ter aqui
O tanto que sonhei que tinha

Aquilo que mal cabe em mim
É isto de querer distante
A dor de lembrar demais

Aquilo que falta grande faz
É isto de em nada mais pensar
Que possa me enganar o riso

Aquilo que tanto quis querer
É isto que não devo ter
O amor diluído em pranto

Aquilo que nunca hei de esquecer
É isto que ouvi me cortar
O encanto que partiu pra longe

Aquilo que vivi por meses
É isto que morrerá por anos
A história tão mal acabada

Aquilo que em verdade dei
É isto que nunca mais serei
Aos olhos que me perderão

Aquilo que antes era doce
É isto que amarga a lembrança
O mal que meu sentir sofreu

Aquilo que hei de calar
É isto que me leva embora
Que distante é o meu lugar


Lai Paiva


26 de agosto de 2012

Acabei-nos


(Ilustração de Vladimir Dunjic)

Era pra ser de verdade
Dava pra ser para sempre
Sonhei que me fosse real
Esperei que coubesse em mim
Receei que acabasse um dia
Senti ser maior que explicava
Sofri tanto quanto amava
Ansiei por mais que eu tinha
Sucumbi aos sentires insanos
Vivi o que me mataria
Morri acabando o acabado...

Lai Paiva


25 de agosto de 2012

Tudo/Nada


De tudo sempre resta muito
Muito que nunca chega à nada
Nada reduz-se o que era tanto
Tanto acaba sendo pouco
Pouco é aquilo que sobra
Sobra do que era o todo...


Lai Paiva


8 de agosto de 2012

Meu poema: ele.



(Ilustração - Shira Sela)


Quis escrever-lhe uns versos
Tornei a usar uns já ditos
Senti como nunca escrevi
Os meus sentimentos maiores
Queira o instante de agora
Letrado e tão bem sentido
Ser-nos o único encontro
Frente ao amor verdadeiro
Um sentir tão raro e tão novo
Que nunca vestiu fielmente
A escrita e os olhares meus
Como depois que te encontrei
Descrevendo nas entrelinhas
Isso que agora posso 
Chamar de amor...


Lai Paiva




5 de agosto de 2012

Aqui...



(Ilustração Rogério Fernandes)


Deixa eu estar mais aí
Deixo de ficar mais assim
Sinta o que trago aqui
Sinto que te posso mostrar
Ponha sorrisos em mim
Ponho amor ao te olhar
Viva as horas comigo
Vivo carente de amar
Traga apenas os sonhos
Trago, enfim, o que somos...

Lai Paiva



3 de agosto de 2012

Sou-te



Ao te olhar é que me sinto
Ao te sentir é que eu vivo
Ao viver é que te amo
Ao te amar é que poetizo
Ao poetizar é que me amas
Ao me amar é que engrandeço
Ao me engrandecer é que sou nossa
Ao ser-nos é que nosso amor acontece
Ao acontecer é que nunca mais deixará de ser...

Lai Paiva


30 de julho de 2012

Como Chuva



Leve-se pra longe
Leve-me esquecida
Esqueça-se de sentir
Esqueça-me aqui
Veja-se unicamente
Veja-me cegamente
Cale-se urgente
Cale-me pra sempre
Acabe-se pro amar
Acabe-me ao olhar
Finja-se não existir
Finja-me se esvair
Minta-se que passou
Minta-me que passei
Saiba-se livre de tudo
Saiba-me atada à nada
E quem sabe a vida
Nos impeça de morrer sem nós...

Lai Paiva


28 de julho de 2012

À Procura de Pessoas Afáveis

*Este vai para todas as pessoas... Exceto para o meu filho.



Há anos venho me povoando das mais diversas pessoas, guardando todas dentro de mim. Alimentando-as com minhas emoções e sentimentos. Bons ou ruins, decerto. Amores que deveria ter odiado, paixões que não deveriam ter perdurado, amigos que traduziram inimizades. Todos eles fincados dentro de mim, com extensas raízes. Cada pessoa, uma marca. Indelével. Pessoas que eu quis demais. Pessoas por quem senti tudo demais. Pessoas nas quais investi demais. Homens à quem ofertei meus sentimentos mais íntimos me retribuíram com as mentiras mais doces. Amigos nos quais tanto busquei me fortalecer, ocultaram-se quando eu mais precisava. Estavam envolvidos demais com suas alegrias e prazeres para atentarem para a minha solidão constante. Sim, me felicitava vê-los felizes, mas eu precisava apenas sê-lo um pouco também. Muitas foram as vezes em que precisei tanto falar e me faltaram ouvidos. Muitas foram as vezes em que precisei de um beijo verdadeiro e só encontrei homens com mentira nos lábios. É triste sentir-me fadada à uma busca incessante por pessoas que não me machuquem mais. É tão desesperador sentir-me só, que, consequentemente, me torno pouco ou quase nada seletiva no que concerne às pessoas com quem me envolvo. E acabo dando muito mais de mim do que recebo do outro. Esta desigualdade de dedicação e cumplicidade me tortura dia a dia, mas, como numa espécie de dependência emocional, eu não consigo me desvencilhar e sempre dou proporções gigantescas às minhas relações, sejam amorosas ou de amizade. A questão é que estou farta de ter as minhas alegrias roubadas, a minha felicidade abortada. Estou farta de tanta mentira e deslealdade. Estou farta de tantas ausências. Estou farta de atrair e me sentir atraída por pessoas que não servem pra mim. Talvez eu não sirva pra elas também, Não sou perfeita mesmo, nem chego perto de ser. Mas cada um com seus conceitos de contentamento. Eu estou muito descontente com quem está ao meu lado. Estou, mais que isso, descontente comigo mesma por mantê-las por tanto tempo ao meu lado e por dar-lhes a importância que elas não inspiram, na realidade. Detesto ser sentimentalista ao extremo. Minhas sentimentalidades e carências me fazem marionete dos outros. Da vida. Parece que caminho sempre em trajetória oposta à que deveria. Parece que estou sempre sendo sabotada pelos outros e por mim. Eu e os outros somos meus inimigos ocultos, fantasiados de bons moços, boas moças. E minha vida segue com dias em preto e branco, os quais tento borrar com alguma corzinha pra que não me olhem com dó. Para que não me apontem como aquela moça para quem nada dá certo. Sim, porque vejo pessoas más vivendo bem e pessoas do bem encontrando o mal. Parece que está tudo em desordem de merecimento. Se eu mereço o bem? Bom, eu acho que sim. Eu não sou uma pessoa tão má assim. Eu posso fazer bem, eu sei. Quando tenho à quem. Não quero contabilizar relações desastrosas. Porque, certas marcas, tempo algum leva embora. E o acúmulo delas pode nos tornar irremediavelmente incapacitantes. Não quero perder a capacidade de acreditar nas pessoas e amá-las, embora isto já esteja defasado em mim. O que eu preciso é de pessoas afáveis. Dentro e fora de mim.

Lai Paiva


24 de julho de 2012

Ao Pedro, com uma apaixonada intensidade





Com você, sou mais que a metade
Por você, me transformo em saudade
De você, quero mais que a vontade
Pra você, eu dou minha liberdade
À você, amo com lealdade
Em você, beijo a verdade
Junto à você, vivo a melhor realidade...

Lai Paiva


19 de julho de 2012

Porque Eu Te Amo!!!

*Ao Pedro, com esse amor que ele desperta aqui dentro...



Eu te amo porque não poderia viver sem amar-te
Eu te amo porque você reinventa o amor para mim
Eu te amo porque por você sou só sentimentos
Eu te amo porque te amando eu me sinto melhor
Eu te amo porque tudo o que há em você me faz te amar
Eu te amo porque você inspira os maiores sentires
Eu te amo porque você é o melhor sentido de tudo
Eu te amo porque você é a razão dos meus versos
Eu te amo porque é impossível não te amar, depois de te beijar...


Lai Paiva


17 de julho de 2012

Ao melhor pedaço de mim





Quando nasceu, eu renasci

À medida que crescia, eu transbordava

Aos primeiros passos, eu flutuava

Com as primeiras palavras, eu me poetizava

Quando me olha, eu me sinto tão dele

Quando me fala, eu me encontro tão salva

No seu abraço, eu me renovo

Pro seu carinho, eu me dedico

Para o amor, eu dou o seu nome

Para minha vida, eu reservo seus dias

Por nós dois, eu sou bem melhor.



Lai Paiva


13 de julho de 2012

Escolhas


Não há nada mais caro do que fazer as escolhas erradas. O preço é alto e o pagamento, árduo. Algumas pessoas precisam errar em certas escolhas para aprenderem a discernir as próximas. Outras, permanecem errando fielmente, sem a mínima possibilidade de aprender a acertar. Como numa espécie de vício em permanecer errando. Como se as escolhas erradas parecessem as mais apropriadas. As mais satisfatórias, quiçá as únicas ofertadas. E elas até contentam por um certo tempo. Pelo tempo que dura o torpor que trazem, mas em algum momento dá-se à cobrança devida. Então, resta pagar. Ainda que a moeda seja aquilo que temos de mais precioso: o bem que pouco ou quase nada se consegue manter nas horas que cada dia trazem consigo pra vivermos. 


Lai Paiva


4 de julho de 2012

As Horas



(Tina Berning)

Vi a hora passar
Me olhar indiscreta
Me falar em segredo
Que não volta jamais
Acenei sem saber
Esperando o regresso
Dos minutos de outrora
Que já não mais veria
Pois não eram mais meus...

Lai Paiva


1 de julho de 2012

Saudade de Você Assim



(Geraldine Borges)


Saudade de você aqui
Aqui é o lugar pra amar
Amar o amor que é teu
Teu por quanto eu viver
Viver é melhor assim
Assim te sentindo mais
Mais melhorando à mim...

Lai Paiva


12 de junho de 2012

Dia dos Namorados



Isso de te querer demais
É isso pra esperar mais
Isso de te gostar tanto
É isso que sobra, no entanto
Isso de ser tão tua
É isso de me sentir nua
Isso de te sentir afora
É isso de me podar agora
Isso de te guardar em mim
É isso de estar tão a fim
Isso de estar a fim
É isso de não te sentir assim...


Lai Paiva


10 de junho de 2012

Inacabável



Sem sentir não sou muito
Quando muito, sinto tudo
Em tanto vou-me junto
Ao ir-me, nada resto
Se findo, ainda vivo
Sendo assim, sinto sempre.


Lai Paiva

7 de junho de 2012

À nós


Em saudade vou me reiventando
De querer vou me transbordando
Na paixão vou me inspirando
Pra espera vou me enfeitando
Pro meu bem vou me guardando
Ao amor vou me reservando
À nós dois vou me doando...

Lai Paiva

31 de maio de 2012

Ah, ele...


(Ilustração - Chagall)


De um bem querer tão querido
Com um querer que é só dele
Por ser-me o amor merecido
No tempo que me tem nele

De um desejo imutável
Com um prazer tão intenso
Por ser-me o que há de amável
No meu contentar mais imenso

De um sentir diferente
Com a mais nobre intenção
Por ser-me dele o presente
No futuro inteiro que faço menção...

Lai Paiva


29 de maio de 2012

Acróstico Meu


E por não sentir menos o que sinto mais
L onge de mim seria o viver melhor
A nulando os instantes vãos dos instantes meus
I ndo embora sempre que eu chegasse só
N unca indo junto dos meus devaneios
E u seria outras e não dessas que só se esvaem

27 de maio de 2012

De saudade tamanha



(Ilustração André Fidusi)

Saudade tão boa de mim
Quando o tenho comigo
Desejo intenso de nós
Quando somos só um
Paixão tão viva por ele
Quando volta aos meus braços...

Lai Paiva

24 de maio de 2012

Chovendo


(Ilustração Sarah Joncas)

Chove, vejo-te
Lembro, sinto-te
Molha, choro-te
Calo, guardo-te
Escorre, vou-te
Chove, eis-me...

Lai Paiva

22 de maio de 2012

Gosto é dele, mais do que tudo




(Ilustração - Rogério Fernandes)

Gosto de senti-lo bem perto
De beijar os seus beijos macios
E provar seu perfume poético

Gosto de tocá-lo bem leve
De cheirar os seus olhos nus
E amar seu arrepio sonoro

Gosto de mantê-lo bem vivo
De perder as horas com ele
E encontrar a paz que buscava

Gosto de tê-lo bem meu
De ser-me tão dele assim
E sentir que seremos tanto ainda

Gosto de gostar muito dele
De saber-me a sua amada
E ter a certeza de nós...


Lai Paiva



16 de maio de 2012

Tempo de nós dois


Quando me olhar, me ouça
Quando me ouvir, me abrace
Quando me abraçar, me leia
Quando me ler, me beije
Quando me beijar, me ganhe
Quando me ganhar, me escreva
Quando me escrever, me namore
Quando me namorar, me guarde
Quando me guardar, me ame
Quande me amar, me enfeite
Quando me enfeitar, viva-nos
Quando nos viver, me eternize...

Lai Paiva

10 de maio de 2012

Querendo tanto...



Quero, de um jeito meu
Um querer de um jeito teu
Tamanho do que não se mede
Intenso como nada mais se vive
E de tanto te querer assim
Muito e como nunca quis antes
Tua sou mais do que minha
E minha é esta certeza
De sempre te querer pra mim...

Lai Paiva

6 de maio de 2012

Aquele meu moço não é meu


O moço do cinco de janeiro tinha olhos de se querer guardar, pelos quais me apaixonei. Tinha lábios de se beijar todo dia, nas manhãs que não amanheceram, nas noites que entardeceram. Seus abraços tinham a mais leve textura e o tocar mais preciso. Suas palavras me embalavam. Seu corpo tinha os contornos do meu contentar e o cheiro que sempre busquei. Era lindo como nada se viu. De um charme poético, de um silêncio marcante. Me apaixonei sem beijá-lo. O amei ao senti-lo. Me doei ao prová-lo. Escrevi-lhe os sentires mais ternos. Sensações mais gostosas. Saudades intermináveis. Sonhei tantos dias pra nós. Passei poucas horas com ele. O queria mais do que pude. De um querer nunca antes sentido. O vivi unicamente. De um viver mais que esperado. Sabia do risco de ser-lhe. Quis ser-lhe pra sempre. Sempre era tanto pra nós. O moço não pôde ficar. E eu tive que ir. Fomos embora de nós. E então percebi que ele nunca existiu. Como muito do que há de melhor. Apenas no meu segredo mais doce. Que me fez tanto bem, enquanto esteve ao lado da minha presença tão dele.



Lai Paiva

Se não



Não me olha com esses olhos de querer
Não me beija com esses lábios de amar
Não me abraça com essa alma de cuidar
Não me toca com esses gestos de desarmar
Não me guarda com esse jeito de encantar
Não me apaixona com essa calma de admirar
Não me ama com essa certeza de eternizar
Não me desperta inteira se não for pra  ficar...


Lai Paiva

5 de maio de 2012

Esvaindo-se



(Ilustração de Arthur Rackham)


Pra chegar ao fim
Um começo se espera
Ao esperar demais
Quase nada se tem
Quando ter é fácil
Fácil é perder algo
Num piscar de olhos
Outros olhos se vão
Pra querer para sempre
Sempre é querer muito
E acontece que muito 
É coisa pra poucos...


Lai Paiva

                        
                 

Pouca



(Ilustração Dan May)

Aos poucos muito me é podado
Tanto sinto por quase nada
Nunca é sempre uma constante
Quase me parece tudo que resta
Metade vai sendo-me o todo
E de mim vai sobrando o mínimo...

Lai Paiva

1 de maio de 2012

Ofereço




(Ilustração Pamela Facco)


À solidão, minha escrita
À minha escrita, meu ser
Ao meu ser, minh'alma
À minh'alma, meu corpo
Ao meu corpo, a nudez
À nudez, minha entrega
À entrega, minha solidão
À solidão, eu...

Lai Paiva