2 de novembro de 2012

De que são feitos meus versos...


De poesia em poesia sempre conduzi meus passos, meus atos, meus impactos. Na poesia eu apresentei cada momento ou pessoa pra quem os quisesse saber. Cada pessoa, um verso. Cada verso, um sentir. Em todo sentir, pouco ou muito de mim. Neles, meu viver ou minha vontade ingrata de não existir.
Um viver versificado. E diversificado.
Construí poemas inteiros com os versos que conheci. Alguns bem pensados, outros, de puras sensações. Uns com nomes próprios, outros, sem identidades. Versos pra se beijar, versos pra se jogar. Poesias repetidas, sentimentos achados. Pessoas de diferentes sintonias. Pessoas de diferentes sintomas a causar. Poesias inacabadas. Poesias nem sequer iniciadas. Momentos que escrevi em versos. Sentires que poetizei com verdade, sem métrica. Razões pra escrever. Ilusões pra sentir. Palavra transformada em rima. Ritmo que encontrei nos outros. Tantos de escrever sem fim. 
Sim, cada pessoa, um verso. E cada verso escrito de dentro pra fora. Explicitado sem pudor. Pra quem mereça ou não. Porque nem sempre escrevi pra quem mereceu. Nem sempre escrevi o que cada um merecia. Como se cada palavra fosse mais minha que deles, e eu as quisesse, inutilmente, livrá-las dos meus extremismos. Livres do que escrevi ao avesso. E tantas palavras chorei sem que lágrima alguma fosse exposta aos olhos dos outros. Tantas que talvez eu estivesse seca se não fosse alguém tão líquida. Afinal, tudo o que me foi ofertado pelas horas de cada dia, desses dias inteiros, acabou me diluindo gota a gota, a escorrer por entre as linhas por onde desfilei meus anseios, meus desesperos, meus segredos, meus amores, meus desejos, minha urgência indomável.
E assim, quando nenhuma pessoa mais me restar pra escrever, eu poderei transformar à mim mesma em poesia e me eternizar nas linhas desconhecidas pros olhares que nunca verei.


Lai Paiva


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