31 de janeiro de 2012

Eu gosto é de nós dois


Gosto quando me beija a boca
Quando me põe tão louca
E quebra-me barreiras
Sinto quando me abraça inteira
Quando me ama à tua maneira
E me transfere o amor
Vivo quando me toma sua
Quando me vejo nua
Coberta só de carinho
Amo quando me sinto nossa
Quando não há quem possa
Tirar-nos nós dois de nós...

Lai Paiva

30 de janeiro de 2012

Amo


Amo o amor brando e sereno
Aquele que não põe em risco
Meu jeito de amar demais
Amo o amor leve e exato
Aquele que me diz certezas
Ainda que não me diga nada
Amo o amor que inspira e afaga
Aquele que me transforma em versos
Aquele que me acolhe a alma
Amo o amor que é verdadeiro
Aquele que em sua verdade
Me põe a vivê-lo inteira...

Lai Paiva

26 de janeiro de 2012

À espera de




Saudade de ser-me sua
Desejo no ter-lhe meu
Espera pra volta nossa
Afagos pra dar-lhe enfim
No tempo de se contar
Pros olhos pousarem juntos
Bem junto aos risos seus
Por ter-me de novo inteira
Assim que juntar-se á mim...

Lai Paiva


24 de janeiro de 2012

Mistura de nós

(Rogério Fernandes)


Confundo meu sentir com o teu
Teu amar se mistura ao meu
Meu olhar toma conta do teu
Teu beijar cabe bem no meu
Meu abraçar sabe tão do teu
Teu discurso enamora o meu
Meu silêncio fala tanto ao teu
Teu corpo conhece bem o meu
Meu cheiro se confunde ao teu
Teu instante é o instante meu
Meu viver dá as mãos ao teu
Teu momento recolhe todo o meu
Meu sonhar desperta muito o teu
Teu presente é o presente meu
Meu tudo, meu tanto, meu sempre
Teu idem, teu idem, teu idem...

Lai Paiva


20 de janeiro de 2012

De tudo e sempre dar-te



(Amanda Cass)

Dou-te sempre que queiras
O sentir que te beija a palavra
Dou-te sempre que te ausentes
A saudade vestida de versos
Dou-te a cada dia que vivo
Um passo a mais pra nós dois
Dou-te nos olhares que fito
A minha porção que é tua
Dou-te no meu amanhã
O teu amanhecer colorido
Dou-te no meu desejo maior
A melhor companhia pra ser-te
Dou-te tudo e o todo de agora
No desejo de dar-te pra sempre...

Lai Paiva



19 de janeiro de 2012

Sentindo



De tanto sentir tudo
Tudo me sente em nada
Nada me ausenta tanto
Tanto quando sinto muito
Muito de um sentir sentido
Sentido quase lhe falta
Falta sentir o que sinto
Sentindo como me causa
Causa desse sentir metade
Metade do que sinto inteira
Inteira sentir de verdade
Verdade é que tanto me custa
Custa beber da saudade
Saudade que meu sentir degusta
Antes de parecer maldade...

Lai Paiva



Lai Paiva

De nós dois


De um querer comum
De um receio algum
De um sentir intenso
De um gostar imenso
De um carinho nutrido
De um ter sem sentido
De um bem provado
De um prazer demasiado
De um declarar ousado
De um calar amado
De um encontro perfeito
De um risco aceito
De um amar de repente
De um viver urgente
De um, do outro
De nós dois...

Lai Paiva

17 de janeiro de 2012

Aqui e sempre



(Chagall)


Te sinto aqui
Aqui assim
Assim em mim
Em mim tão meu
Tão meu querer
Querer só teu
Teu beijo meu
Meu cheiro teu
Teu riso inteiro
Inteiro e lindo
Lindo em tudo
Tudo por vez
Vez de te amar
Amar daqui
Daqui e daí
Daí de dentro
Dentro de nós...

Lai Paiva

Amanhã


Amanhã beijarei a saudade
Bem nos olhos, mais nos lábios
Amanhã serei bem mais feliz
E serão tão urgentes e nossas
As horas de nos sentirmos
Amanhã é tão cedo pra ser
E tão tarde pra demorar
Tanto há pra caber
Nesse todo querer
Que amanhã, mal posso esperar
Pra te olhar frente à mim
E me ver...

Lai Paiva


16 de janeiro de 2012

Tão em tão pouco




Tua no sempre que é nosso
Nosso é o instante de amar
Amar, que sentimos assim
Assim é que quero estar
Estar nos teus dias inteiros
Inteiros pro nosso viver
Viver, que somos só nossos
Nossos de querer e estar
Estar cada vez mais aqui
Aqui no meu riso mais teu
Aí no teu verso mais meu
Na certeza de ser já tão tua
Tua desse meu jeito meu
De ser tanto em tão pouco...

Lai Paiva



De verso em verso, o viver




Naquela tarde eu resolvi me apresentar a mim mesma, como se nunca antes tivesse me dito ou me enxergado ao me olhar refletida nos muitos espelhos pelos quais passei.
Precisava fazê-lo para não correr o risco de não me reconhecer em meio às tantas que há em mim.
Era um domingo chuvoso. O cheiro que a chuva trazia me tirava de onde eu estava, e conduzia os meus passos para dentro de mim. Então me pus embaixo das cobertas e voltei meu olhar só para mim, como nunca o fizera antes.
Chamo-me Macela.  Tenho nome de flor, mas sou feita de palavras. Umas tantas, entre muitas.
Escrevo mais que vivo. Vivo pra escrever. Escrevo e me sinto viva. Mais ou menos isso.
Os meus instantes terminam quando a inspiração começa. E me ponho a escrever. Tive e tenho muitas alegrias diluídas em versos. Muitos amores transcritos em linhas sentimentalistas, bem como os desamores, postos em linhas melancólicas. Mas não me importo em ter momentos ruins, momentos tristes, pois eu os transformo em poesia. Não que as desilusões sejam bem vindas, mas delas eu extraio versos tão apreciáveis quanto aqueles que me fazem sorrir.
O amor permeia a minha escrita, mas ele sempre me escapou ao findar-se a poesia. Como se de fato as minhas histórias tivessem de ser efêmeras para que outras viessem para serem vividas e escritas. E embora tantas pessoas tenham passado sem ficar, nunca me senti tão só, pois a solidão sempre me foi companhia e conduzia as minhas palavras, as vestia de versos e me impulsionava a escrever.
A paixão chegava e se esvaía também à medida que a descrevia e destinava.
A saudade em certos momentos deu uma leveza linda aos meus versos, noutros, os fez pesar expressivamente. Se não os tivesse escrito não os teria podido carregar.
As minhas amizades, sempre tão afáveis, eram como se dessem cor, sabor, tom, à minha escrita. E eu escrevia e escrevo para presentear, sendo pra mim tão importante o que escrevo. É onde pouso os meus sentimentos mais puros, mais intensos, mais significativos.
Os versos, muitas vezes, representam os beijos e abraços que eu deixei de dar, por não ter sido oportuno ou por terem se ausentando outros lábios, as maçãs de algum rosto, e outros braços.
Nunca me senti tão livre como quando escrevo. Sinto que prefiro escrever a viver. A escrita me faz sentir o que não deveria, me permite ir aonde meus pés não me levariam. Aonde eu não deveria chegar.
A escrita me permite fantasiar as horas que eu queria pros meus dias, os dias que eu queria pro meu viver.
Às vezes escrevo para não falar. Nunca o inverso. Poderia ter sido privada da capacidade de falar, nunca da de escrever. É como se as palavras fossem o ar que respiro, como se elas mantivessem em sintonia os meus sinais vitais, os meus sentidos.
Os meus sentimentos se harmonizam quando escrevo. A minha poesia imprime o que trago pelo avesso, por dentro, aonde quase ninguém chegaria, caso não escrevesse.
No papel deito os meus devaneios. Os meus segredos disfarçados de ficção. Os meus desejos maiores. As minhas experiências marcantes. E aquilo que não vivenciei, mas bem queria.
Escrevo pra mim aquilo que gostaria que me dissessem. Aquilo que gostaria que lessem ao olharem bem nos meus olhos, sem que fosse preciso pronunciar uma só palavra.
Escrevo pros outros. Pras pessoas que não conheço, para que saibam que naquelas linhas existe alguém vagando. Para que me achem bonita ou feia, boa ou má, mas que achem, simplesmente.
Escrevo pros meus amigos porque o amor que despertam em mim tem vida própria e me conduz a fazê-lo. Quando me dou conta, estou amando-os através dos meus versos livres.
Escrevo pros amores que tive e que tenho. Descrevo em versos o sentir que eles despertam em mim. Minhas declarações de amor silenciadas.
E quando escrevo e destino a alguém, já não é mais minha aquela poesia, mas sim do outro. E, mesmo sabendo que sendo deles, podem fazer dela o que bem queiram, eu sempre espero que a guardem, pois cada linha que escrevo leva um pouco de mim, de quem fui e de quem sou. Eu sempre estou implícita no mínimo que escrevo.
Sim, sou bem feliz assim, ainda que a minha escrita expresse em algum momento conote o contrário. Nada me faz sentir tão viva e contente que o ato de escrever. É nessa relação intima que preencho as lacunas que vão surgindo no meu percurso.
É com a escrita que me permito ser insana sem ser apontada.
É na minha poesia transbordante que me desnudo, me reconheço, me apresento e que sinto o meu sentir mais intenso. Mais que isso, é com a minha escrita que acarinho, afago, me desculpo, presenteio. Nos meus versos vão a minha mais pura essência, seja ela atrativa ou repulsiva.
Escrevendo, meu coração mantém-se mais vivo. E eu me mantenho mais firme e certa de quem sou e para que estou aqui. E eu estou aqui para escrever.
Palavra por palavra...
Por fim a noite chegou. A chuva cessou e, convicta de quem sou, acarinhei a mim mesma com uma pílula de tarja preta e me pus embaixo das cobertas, fechando-me à leitura, como se fosse um livro espesso, o qual se lê por etapas.
Fiquei alguns momentos quieta, até que o sono calou-me como ao fim de uma poesia. E eu descansei tranqüila nessas linhas que me acolhem...


Lai Paiva

15 de janeiro de 2012

Interessa



Meu beijo espera
Meu cheiro se altera
Meu riso enaltece
Meu humor se engrandece
Meu corpo veste
Meu querer se despe
Meu sentir nomeia
Meu chamar se permeia
Meu contar apressa
Meu estar se confessa
Meu amor interessa
Se interessa por ti...

Lai Paiva


14 de janeiro de 2012

Cadê?


Passei pra olhar
Não vi
Tentei dizer
Silenciei
Esperei sentir
Sonhei
Quis tocar
Guardei
Caminhei pra lembrar
Vivi
Escrevi pra contar
Mandei


Lai Paiva


Olhos nos olhos


Num piscar de olhos
Os meus olhos nos seus
E os seus em nós dois
Naquele momento nosso
De sermos apenas nós
Ao lado de cada um
E dentro desse sentir
Que trazemos aqui conosco...

Lai Paiva

Em nós



(Manet)

Somos esta saudade escrita
Sentida e nutrida nos lábios
Lábios que sibilam o sentir
Um sentir que é parte de nós
A parte de um que há no outro
E que faz com estejas aqui
Que conduz as nossas presenças
Pra estarem de abraços dados
Ainda que os braços se ausentem...

Lai Paiva


13 de janeiro de 2012

Até breve


Leve-me sempre
Nas lembranças diárias
No pensar das madrugadas
Em cada desejo sentido
Pra cada sensação demasiada
Ponha-me nos lábios
E me fale à distância
Beije-me em silêncio
E acarinhe minhas formas
Volte se a ausência doer
Que aqui estarei a esperar
Pela felicidade de tê-lo...

Lai Paiva

12 de janeiro de 2012

De tudo um pouco























De tudo te serei um pouco

Aquela que te quer demais
Esta que te sente sempre
Aquela que te escreve tanto
Esta que já é tão tua
Aquela que te beija o riso
Esta que te abraça o encanto
Aquela que te vê sem olhar
Esta que te reconhece o cheiro
Aquela que te toca ao longe
Esta que diz tanto ao calar
Aquela que te é verdade
Esta que te faz o bem
Aquela que te acolhe a alma
Esta que te embala o corpo
Aquela que te apaixona
Esta que quase já ama
Aquela que já conheces
Esta que te será surpresa
Aquela que te conquistou
Esta que tu bem ganhastes
Aquela que está contigo
Esta que não te falta mais
Aquela que te espera pronta
Esta que está pronta pra ti
Aquela que te sou tantas
Esta que te serei única...




Lai Paiva

Beijo Nosso


Olhos nos lábios
Lábios no afeto
Afeto no abraço
Abraço encantado
Encantado encontro
Encantamento nosso
Nosso querer comum
Nosso comum estado
Estado de entrega plena 
Entrega de cada um
Cada um inteiro pro outro
O outro acolhendo a paixão
A paixão misturada à ambos
Ambos beijando-a na boca
Boca de onde flui alegria
Alegria de serem só um
Só um naquela união
União de um sentir intenso
Intenso e diluído em saliva...

Lai Paiva

De instantes


Por tanto querer-te, tenho
Pois tanto de ti há em mim
Desde que fiz-me tão nossa
Pra aqueles instantes pensados
Aqueles instantes tão ditos
No tanto que nos escrevemos
Naquilo que tanto dissemos
E que as horas nos fizeram viver
Agora é tão cedo pra ir-nos
Pro lado oposto de nós
Agora é tão tarde pra sermos
Tão livres quanto queremos
Então seja infindável o instante
De estarmos inteiros e desejosos
Desses instantes bem quisto.


Lai Paiva

Um sentir de recordar pra sempre




Amanhecera lentamente naquele dia que parecia mais um. Joana havia saído cedo para trabalhar, como de costume. Trajava um vestido longo de uma malha fria e suave a roçar delicadamente suas formas, como se lhe acarinhasse, e sandálias que deixavam nus os seus dedos e as unhas por fazer. As horas desfilavam seus instantes rotineiros fielmente. Nada novo, de novo.
A noite aproximou-se timidamente e quente. A lua cheia mais parecia o sol a emanar calor com afinco. A única coisa que ela ansiava era um banho frio para deixar mais branda aquela temperatura que lhe vestia o corpo inteiro como se fosse uma sobreposição ao vestido trajado, formada de camadas espessas de tecido. Sim, rendeu-se a um banho nada breve e totalmente intimista.
Momentos depois, já envolvida em toalha felpuda, branca e acolhedora, ouve seu telefone celular tocar. Estava tão relaxada que pareceu ouvir sua canção preferida ao invés daquele toque. Passava das vinte e uma horas. Deitou-se em sua cama e atendeu. Do outro lado aquele que parecia recitar os mais belos versos ao falar. De voz incomparável e sedutora. De ternura diluída em cada palavra pronunciada. Era como se ouvisse sussurros. Os mais apreciáveis.
Nando era seu nome.
Conversaram durante uma hora. Eram maravilhosamente redundantes. Repetiam os mesmos discursos enamorados. Da alegria de se conhecer, do carinho sendo nutrido, das expectativas juvenis que criaram em torno de ambos. Havia um misto de urgência em se encontrarem e receio em não corresponderem ao que esperavam um do outro e daquele que seria verdadeiramente um encontro, pois os outros dois momentos em que seus olhares estiveram um frente ao outro foram tão inesperados e despreparados, que mal souberem como conduzir e acabaram por não fazê-lo.
Escreveram-se linhas transbordantes. Carinho, ternura, cuidado, respeito, desejo. Tudo perfeitamente descrito como se fossem poetas concebendo os mais belos versos. E falavam de tudo que já havia sido escrito, como se fosse algo novo, recém sentido e explanado. Mas ainda assim, tanto ele quanto ela, recebia tudo como se fosse um novo discurso. Ouvir um ao outro era de um contentamento gritante.
A conversa ia desenhando os momentos seguintes. Joana rendeu-se ao desejo de vê-lo, ainda que estivesse exausta. Nando a motivava de uma maneira inexplicável. Antes que ele a convidasse à um encontro ela já o esperava.
Ele deu-lhe quinze minutos e logo estaria lá para buscá-la pra si. Ela sentia: seria dele. Ele supôs: ele seria dela.
Livrou-se da toalha, vestiu outro longo vestido florido, bem colorido, exatamente das cores que havia de ter sua alma agora, tamanha era sua euforia. Perfumou-se, maquiou-se. Ela queria presentear os olhares dele. Ele merecia no mínimo isto.
Quinze minutos e ele chegou.
Nando estava despretensiosamente lindo. Tinha um cheiro de bons momentos e olhos de querer bem.
Joana apaixonou-se mais uma vez por ele bem ali. No meio da rua. Na mínima duração daquele instante inicial do encontro deles.
Entraram em seu carro e seguiram. Não sabiam exatamente aonde ir, mas era certo que tinha o desejo comum de ir a algum lugar onde coubesse todo aquele bem que sentiam ao estarem juntos. Ao primeiro semáforo fechado, olharam-se como se estivessem se descobrindo e seus lábios se uniram silenciosamente, levando um para conhecer o interior do outro, como se isso fosse possível naquele momento.
Foi o primeiro beijo. Perfeito. A boca de um tão bem encaixada na boca do outro, surtindo um efeito tão inebriante. Misturando aquela porção imensurável de sensações que sentiam juntos.
Uniram também suas mãos, como se estivessem protegendo aquela alegria que sentiam, para que não se desprendesse dali.
Chegaram por fim ao apartamento de Nando. Ela transpirava carinho por ele. Ele portava certa insegurança minimizada pela certeza de que a queria.
O cheiro do mar adentrou a sala e enfeitou aquelas horas como se bem soubesse que eles o queriam lá.
Aquela ventania levou o nervosismo de outrora, os pudores dispensáveis, os móveis, tudo. Restaram apenas os dois e aquele sentir exacerbado e incontrolável.
De fato não se contiveram. Ele a levou em seus braços de abraços acolhedores para seu quarto, para a cama onde dizia imaginá-la lá por diversas vezes, como num sonho, e despiu-lhe como se folheasse um livro. Delicadamente para não amassar.
Beijaram-se com uma urgência sedutora. Sucumbiram ao desejo como se estivessem de mãos atadas, inteiramente vencíveis. E foi maravilhoso. Além do que já supunham.
Disseram as palavras exatas para cada instante daquelas horas. Tocaram-se exatamente onde ambos queriam ser tocados, com a propriedade de quem conhece bem cada movimento, cada suspiro, cada sensação do outro. Como se já fossem seus há tempos.
Joana entregou-se de olhos vendados pelo prazer que Nando a fazia sentir. Ele, por sua vez, dizia-lhe através daqueles olhares tão íntimos o quão feliz estava por sentir-se dela.
Sim, eles eram um do outro e aquele desejo de sê-los desatava qualquer amarra que pudesse existir antes de se tocarem.
A paixão estava infiltrada embaixo da pele deles, ardia e umedecia insistentemente. Não havia como resistir, como não render-se. Eles eram, na verdade, mais daquela paixão que deles mesmos.
A noite seguia inversamente proporcional ao ritmo daquele desejo. Muitas horas lhes restavam sob os olhares aprovadores da lua cheia. E eles permaneceram juntos naquele movimento de se sentir. Um visitando a intimidade do outro e deixando lá um pouco de si para quando retornassem, estando presentes mesmo quando não mais estivessem. Embora já soubessem que dali em diante restaria sempre um pouco de cada dentro dos dois.
Nando a ganhara. E ela a ele. E o acaso a ambos. Não importava nada mais que aquele momento e todos os outros que queriam e sabiam que teriam ainda. Viver era o que ansiavam agora. A vida havia mudado de sabor. E agora tinha o sabor de ambos e do novo sentido que davam à paixão cada vez que se sentiam como bem desejavam...

Lai Paiva


10 de janeiro de 2012

Beijar-te mais


Dar-te-ei bem mais beijos
Que aqueles que foram muitos
Beijos mais dos teus lábios
Que foram um dia meus
Tantos quanto serão
Os dias de te querer
Na minha boca tão tua
Essa que tanto nos diz
Ainda quando guardada
Nos beijos que tu bem tomas
Pra tua boca tão minha...

Lai Paiva

Há algumas horas


Noite nossa
A noite passada
Eu em você
Nós dois em mim
A beijar seu gosto
A sentir seu riso
A sentir-me sua
E querer ser mais
Mais que certas horas
Que o viver nos dá
Pra o tanto que quero
Anoitecer ainda
Bem ao lado seu.

Lai Paiva

9 de janeiro de 2012

De saudade


De tanto querer-te
Quero mais à mim
Que é tão intenso
O instante nosso
De querer bem mais
Mais nós dois aqui
Entre meus sentires
Esses renováveis
Cada vez que beijo
A saudade tua
Que é também
Tão minha...


Lai Paiva

Fragmentada


E à sombra de cada palavra, lá estou eu
Em todas elas, fragmentos meus
Naquelas ditas, noutras escritas
E em todas aquelas silenciadas
Pra cada uma me visto de letras
Pra cada letra uma roupagem nova
Na escrita simples, o que é tão meu
Aos olhos que leem, transparência minha
Uma porção de linhas, pro que trago em mim
Bem ou mal descrita sem pudor ou regra
Que é assim que os verbos me unem aos outros
E é assim que sei me sentir mais livre
Pra tudo o que ouso enquanto escrevo...

Lai Paiva


8 de janeiro de 2012

Gostando tanto



Gosto mesmo
E tanto e mais
A cada noite
Em cada beijo
Até na falta
Que mora aqui
Por certas vezes
E sendo assim
Há de ser sempre
Enquanto os olhos
Pousarem nele
E esses abraços
Que trago aqui
Se encontrarem 
Bem lá nos dele...


Lai Paiva


Nem sei



Nem sei dizer
Nem sei medir
Nem sei sentir
Nem sei mostrar
Nem sei podar
Nem sei, nem sei
Só sei viver
Só sei beijar
Só sei ser tua
Assim tão eu
Assim tão nós

Lai Paiva

7 de janeiro de 2012

Tua


Tua, como queres
Meu, como esperei
Nossos, os instantes
Infindável, o querer
Incontido, o ter
Urgente, o viver
Agora assim somos 
Nossos, só nossos
E assim será  mais
Melhor e bem mais...

Lai Paiva




Apaixono-me mais



Apaixono-me por ti
Ainda mais se me faltas
E mais quero ser tua
Ainda menos que seja
Apaixonas-me tanto
Quanto insisto em dizer
E sempre alé
Do que dizem meus lábios
Apaixono-me muito
Que assim me inspiras
Cada vez que unimos
O cheiro do instante exato
Do sentir que e só nosso...

Lai Paiva

6 de janeiro de 2012

Em quase tudo, em quase nada, viver.




No corpo, versos
Nos versos, alma
Na alma, ânsia
Na ânsia, ousadia
Na ousadia, medo
No medo, impulso
No impulso, eloquencia
Na eloquencia, vida
Na vida, instantes
Nos instantes, prazer
No prazer, reincidência
Na reincidência, erro
No erro, alegria
Na alegria, invenção
Na invenção, eu
Em mim, reinvenção
Na reinvenção, fantasia
Na fantasia, embriaguez
Na embriaguez, outros versos
Nos outros versos, entrega
Na entrega, partida
Na partida, fragmentos
Nos fragmentos, palavras
Nas palavras, o sentir
No sentir, o começo
No começo, o fim
No fim, a vida
Na vida, tudo acima...

Lai Paiva

Assim é...


Busco, encontro-te
Quero, faço-te
Tenho, dou-te
Desejo, beijo-te
Encanto, olho-te
Vivo, abraço-te
Ouso, marco-te
Espero, chamo-te
Reencontro, busco-te
Emudeço, falo-te
Apaixono, perco-me...

Lai Paiva


5 de janeiro de 2012

Quem dera



Quem dera ir-me
Quem dera ser-te
Quem dera dar-te
Quem dera dizer-te
Quem dera sentir-te
Quem dera tocar-te
Quem dera beijar-te
Quem dera provar-te
Quem dera sonhar-te
Quem dera amanhecer-te
Quem dera ter-te
Quem dera viver-te
Quem dera, quem dera...


Lai Paiva
(Vector)


4 de janeiro de 2012

De nós dois



De sabor bem suposto
De querer tão raro
De pensar tão sempre
De sonhar urgente
De desejo puro
De prazer intocável
De sentir inexplicável
De gostar sempre mais
De esperar com cautela
De permear com paixão
De escrever tantos versos
De nutrir mais carinho
De fazer diferente
De refazer todo dia
De reafirmar o já dito
De beijar em distância
De abraçar a intenção
De viver sem ter vivido
De mim para ele
De nós dois para nós
De um acaso feliz
De um feliz encontro
De reencontro marcado
De ansiedade tão boa
De tudo um pouco
De tanto sempre mais
De mãos dadas iremos
De dentro de um
De dentro do outro
De lábios unidos
De um tempo infindável
De um momento nosso
De sermos só um...

Lai Paiva




Vem...




(Rogério  Fernandes)



Vem, meu bem
Caiba aqui
No meu abraço
Beija aqui
O meu poema
Canta aqui 
No meu desejo
Sopra aqui
Nos olhos meus
Cheira aqui
A alma minha
Vem tão logo
Que é tão breve
O instante todo
Do te encontrar
Pra ser tão meu...

Lai Paiva


3 de janeiro de 2012

Há de ser


Hão de ser teus
Esses lábios só meus
Hão de ser nossos
Os abraços que guardo
Hei de ser mais
Que a tua lembrança
Há de haver o dia
Que seremos pra nós
O que busco pra mim
O que quero pras horas
Desses dias saudosos...

Lai Paiva




(Vector)

2 de janeiro de 2012

À Espera














Há tanto o que dizer
E mais a se ouvir
Muito a te beijar
Quanto por descobrir
Há dias que quero mais
Mais horas ao lado teu
Há dias não chega ao fim
A espera por abraçar
O instante do nosso bem
Esse que espero tua
Nos tantos desejos meus
De estar além do pensar
Que dizes ser todo meu
Pois há mais pra querer
Além do que quero tanto
Mais do que queres teu
Há nós e tudo o que temos dito
Nessas ternas linhas só nossas
Que trazem de cada um
Aquilo que  já é do outro
Antes de já ser de fato...

Lai Paiva