26 de novembro de 2012

"Legível"


Aquilo que é legível
É isto nos olhos meus
Onde o sentir descansa
Naquilo que o silêncio abranda
E une essas linhas rígidas
Por onde as palavras calam
Pra não retomar a lembrança
De tudo que tanta falta faz...

Lai Paiva

18 de novembro de 2012




Feliz Aniversário ao Meu Presente 

Ele é o melhor
A maior alegria
O mais nobre amor
A razão do viver
O prazer sem igual
A melhor poesia
O meu sonho real
A admiração sem tamanho
O contentar em pessoa
A companhia perfeita
O sabor dos meus dias
A beleza que acalma
O carinho impagável
A paz que eu buscava
O abraço onde moro
A emoção que transforma
O presente incrível que há 12 anos eu ganho!

Lai Paiva



15 de novembro de 2012

Medo



Eu tenho medo que o dia acabe e ele não me beije

Medo de que o meu abraço fique sem o dele

Eu tenho medo de perder da pele o cheiro que ele tem

Medo de abrir os olhos e ver que ele é só saudade

Eu tenho medo de não ir com ele aonde ele for

Medo de amanhecer sem o seu bom dia

Eu tenho medo de tê-lo amado mais que poderia

Medo de ser em vão o ser  tão dele

Eu tenho medo de terminar a vida e não ter vivido

Medo de ir embora e nunca mais viver-nos...



Lai Paiva

12 de novembro de 2012

Do meu bem querer



De um sentir sonoro
Que não houve igual
Vai além dos versos
E do beijar perfeito
De um desejo crível
Que só ele inspira
Nos instantes nossos
E me enfeita a alma
De um lugar perfeito
Que acomoda bem
Os sorrisos meus
Nos sorrisos dele
De um nome próprio
Pra escrever no meu
O que quer dizer
O viver feliz...

Lai Paiva

9 de novembro de 2012

Das minhas certezas


E assim se vão as certezas
Aquelas pra se sorrir
E ficam apenas outras
Estas pra se chorar
E então se esvai o ter
Aquele ter sem medir
E fica o ter quase nada
E aqui fica metade de mim
Aquela metade do outro
Esta de não mais completar
E por isso eu prefiro escrever
Esta escrita que o sentir acalma
Aquela de não mais ser vivida


Lai Paiva


4 de novembro de 2012

A verdade é mentira



(Ilustração Shiori Matsumoto)


Na verdade,
Minto que passou
Finjo não lembrar
Deixo de escrever
Calo o que declarava
Recolho o que sentia
Esqueço de amar
Pois que a verdade
É que não há verdade
Naquilo que presumia...

Lai Paiva



2 de novembro de 2012

De que são feitos meus versos...


De poesia em poesia sempre conduzi meus passos, meus atos, meus impactos. Na poesia eu apresentei cada momento ou pessoa pra quem os quisesse saber. Cada pessoa, um verso. Cada verso, um sentir. Em todo sentir, pouco ou muito de mim. Neles, meu viver ou minha vontade ingrata de não existir.
Um viver versificado. E diversificado.
Construí poemas inteiros com os versos que conheci. Alguns bem pensados, outros, de puras sensações. Uns com nomes próprios, outros, sem identidades. Versos pra se beijar, versos pra se jogar. Poesias repetidas, sentimentos achados. Pessoas de diferentes sintonias. Pessoas de diferentes sintomas a causar. Poesias inacabadas. Poesias nem sequer iniciadas. Momentos que escrevi em versos. Sentires que poetizei com verdade, sem métrica. Razões pra escrever. Ilusões pra sentir. Palavra transformada em rima. Ritmo que encontrei nos outros. Tantos de escrever sem fim. 
Sim, cada pessoa, um verso. E cada verso escrito de dentro pra fora. Explicitado sem pudor. Pra quem mereça ou não. Porque nem sempre escrevi pra quem mereceu. Nem sempre escrevi o que cada um merecia. Como se cada palavra fosse mais minha que deles, e eu as quisesse, inutilmente, livrá-las dos meus extremismos. Livres do que escrevi ao avesso. E tantas palavras chorei sem que lágrima alguma fosse exposta aos olhos dos outros. Tantas que talvez eu estivesse seca se não fosse alguém tão líquida. Afinal, tudo o que me foi ofertado pelas horas de cada dia, desses dias inteiros, acabou me diluindo gota a gota, a escorrer por entre as linhas por onde desfilei meus anseios, meus desesperos, meus segredos, meus amores, meus desejos, minha urgência indomável.
E assim, quando nenhuma pessoa mais me restar pra escrever, eu poderei transformar à mim mesma em poesia e me eternizar nas linhas desconhecidas pros olhares que nunca verei.


Lai Paiva