31 de dezembro de 2013

Feliz Ano Novo!!!



Enfim, o dia 31 de dezembro chegou. Ou chegamos à ele. O último dos 365 dias que acabamos de viver. Para uns o primeiro desses dias parece que foi ontem. Para outros este último dia pareceu que nunca chegaria. Muitos viveram um ano em um dia. Outros tantos mal viveram, apenas viram os dias e os dias olharam pra eles. Pra todos, sem exceção alguma, o tempo segue. E nos dá minuto a minuto pra gente fazer o que quiser deles. E aí o que a gente viu foi uma sequência de dias felizes, dias tristes, dias inspiradores, dias podados, dias, dias e dias. Há quem esteve contando cada um até este último dia do ano. Há quem perdeu as contas. Pessoas nasceram. Outras se foram. Amores se descobriram. Amores se perderam. Grandes coisas aconteceram pra uns. Quase nada aconteceu pra outros. É assim, sempre vai ser. Os anos não escolhem ninguém. A gente é que escolhe os anos. O ano de realizar aquele sonho antigo. O ano de unir a sua vida à de outra pessoa. O ano de fechar as lacunas. O ano de se tornar uma pessoa melhor. O ano de ser reconhecido como um profissional em potencial. Os 365 dias estão aí pra isso. Cada novo ano vem pra isso. Pra nos dar oportunidades. Oportunidade de inovar, de repaginar, de renascer. O que deve ficar do ano que chega ao fim é a inspiração pra fazer diferente aquilo que deve ser mudado e pra reproduzir aquilo que deu certo da forma que foi conduzido. A cada novo dia que virá, o novo há de vir, e a gente precisa ter tato, maturidade, equilíbrio e confiança. Confiar em si já é um grande começo. Eu desejo exatamente isso pra todos nós: confiança, esperanças, fé, amor, saúde e equilíbrio. Que isto se renove dentro de cada um porque vamos precisar pra receber mais este ano e pra fazer dele um ano melhor, mais produtivo, mais amoroso, mais afável. Depende tanto de nós. É nossa responsabilidade. Ser feliz é nosso dever. E, como eu disse antes, 2014 vem aí pra isso. Pra todo nós igualmente. Cabe a cada um vivê-lo. Do início ao fim. Sem desistir de um dia sequer. Por mais aflitivo ou difícil que ele seja. Nós podemos ser maiores que tudo. Basta sermos. Então, FELIZ ANO NOVO pra cada um. Que todos tenhamos o que merecemos e buscamos. Que daqui pra frente seja o momento certo pro nosso sucesso pessoal e profissional. E pra nossa felicidade amorosa. Mais que isso, que a saúde e a fé não se abalem jamais. E que a generosidade se avolume dentro de cada um. 

Um terno abraço,

Lai Paiva

6 de dezembro de 2013

Amor Amigo

*Para meu amigo de anos e pra vida inteira, Altair Roque.

Eu trago os olhos em você
Mesmo com olhares distantes
Eu desejo o seu bem
Daqui de onde estou
Eu quero sentir sua paz
Acalmar meus cuidados
Eu acolho o que encontro
Em seu coração
Eu enfeito suas dores
Pra serem suaves
Eu cultivo seus risos
Pra se perpetuarem
Eu sou sua amiga de longe
E de dentro do seu coração
Eu quero que você fique bem
Pra que eu possa estar
Eu sempre estarei com você
Mesmo quando não estiver mais aqui
Eu tenho um amor de amizade
Que eu imprimo em seu nome



Lai Paiva



1 de dezembro de 2013

Só pra você, Yago




Só pra você lembrar
Eu sempre amanheço 
Pra te dar os meus dias
Só pra você saber
O amor vai nos beijos
Que te dou toda hora
Só pra você sentir
Aonde quer que você vá
Eu irei de mãos dadas
Só pra você
Eu tenho tudo
E sou todas numa
Que você precisar
Pra você, pra sempre!


Lai Paiva


15 de novembro de 2013

Amar


Amor é pra se amar
Amar é pra se viver
Viver é pra ser a dois
Dois não são somente um
Um bem pode sentir sozinho
Sozinho, porém, não pode fazer o amor
O amor que faz cada um ser mais
Mais que um amar escrito...



Lai Paiva

10 de novembro de 2013


Amar o bastante
Torna vencível
O não ser amada
Olhar pra saudade
Enche a lembrança
Que vem abraçar
Calar o desejo
Faz ser mais forte
O cuidar do sentir
Não voltar mais atrás
Dá nova chance
De tentar ser feliz
De verdade

Lai Paiva

9 de novembro de 2013

De mãe para filho


Não se apresse em crescer
Nem se eternize tão jovem
Distribua infinitos sorrisos
Pros meus olhos nunca esquecerem
Beije os seus beijos amáveis
Que é tudo o que quero da vida
Divida seus sonhos e medos
Deixe-me sentir com você
Lembre de jamais me esquecer
Passe muito tempo comigo
Inspire-me a viver melhor
E a ser maior que o mundo
Guarde bem o meu coração
Que sempre será todo seu
Assim como todo esse amor
Que me põe tão mais bonita
Aos olhos de quem possa enxergar
Uma mãe apaixonada assim


Lai Paiva




8 de novembro de 2013

Felicidade (Yago)


Feliz de mim
Que tenho você
Feliz de você
Que é tão completo
Feliz do amor
Que está entre nós
Felizes nós dois
Que vivemos juntinhos
Feliz da minha vida
Que você dá sentido


Lai Paiva


2 de novembro de 2013

Minha melhor exceção, Yago.


Qualquer um pode me achar feia
Exceto você
Qualquer cheiro é igual a muitos
Exceto o cheiro dos seus cabelos
Qualquer dia pode não amanhecer
Exceto se você estiver comigo
Qualquer beijo pode faltar às maçãs do meu rosto
Exceto aquele que vem dos seus lábios
Qualquer excelente filme é pouco atrativo
Exceto se for vê-lo com você
Qualquer companhia pode ausentar-se da minha presença
Exceto a sua companhia perfeita
Qualquer medo é completamente vencível
Exceto o de ficar sem você
Qualquer amor cantado ou poetizado é tão pouco
Exceto o amor que você fez nascer em mim
Qualquer delícia de guloseima é sem graça
Exceto se for dividir com você
Qualquer sorriso lindo uma hora perde seu brilho
Exceto o seu
Qualquer momento dura tão pouco
Exceto aqueles momentos em que nos abraçamos
Qualquer um pode me deixar só
Exceto você
Qualquer coisa pode acabar 
Exceto nós dois dentro de cada um
Qualquer medida pode ser mensurável
Exceto a medida da sua importância pra mim...


Lai Paiva




6 de outubro de 2013

Essência


As pessoas são feitas de tudo
E de quase tudo sou feita
De cactos, leguminosas e begônias
De sopa, brócolis e peixe grelhado
De suco de uva, café com leite e molho barbecue
De chocolate, petit gateau e chocotone
De bichos de pelúcia, de porta retratos e almofadas
De banho morno, de meia nos pés, de máscara pra dormir
De estampa de bichos, de saia longa, de sapatilhas
De música popular brasileira, de poesia, de biografias
De chuva, de lua, de perseguir paisagens
De arrepio, de choro emocionado, de palavras
De beijo no canto da boca, de abraço demorado, de olhos fechados
De contos, de crônicas, de cartas de amor
De sono prolongado, de cobertas, de friozinho
De filmes na cama, de cinema, de pipoca com guaraná
De trabalho desafiador, de aprendizados constantes, de reconhecimento
De amigos de verdade, de carinhos comoventes, de sentimentos externados
De coisas simples, de desejos grandes, de falhas incontáveis
De esperanças renováveis, de desilusões guardadas, de muita fé
De começos, de recomeços, de "para sempre"
De Yago, mais do que de qualquer outra pessoa
Até que eu seja desfeita.


Lai Paiva





25 de setembro de 2013

Cartinha de Amor



Se ainda lhe pudesse chamar de amor, eu, daqui do outro lado do nosso distanciamento, eu beijaria cada canto dos seus lábios, bem no local onde lembro que eles se uniam pra me dizer qualquer palavra que me soasse como versinhos recitados. Eu buscava avidamente qualquer sentimento seu pra sentir que era meu. E eu sentia. Por todo o tempo em que duravam os nossos abraços. Pra ter você pra mim eu precisei sonhar. Eu escrevia pra você e relia, pra poder inventar um jeito de lhe sentir comigo. Era a minha maneira de conseguir dormir sem você e de abrandar a angústia de não poder ver os seus olhos lindos mudando de cor ao olhar pra mim com aquelas intenções que eu amava tanto. Nem sei do que mais sinto falta: se de olhar pra você ou pra mim depois de ter você nos meus beijos. Nem sei onde guardar essa saudade inteira. Na verdade ela nunca coube em lugar algum. No minuto seguinte à despedida, ela já se fazia presente e indomável. Tudo o que sei é que eu ainda te amo. Só que agora amo em silêncio. E esta é apenas umas das certezas que você me deixou. Quem dera você ainda estivesse aqui para eu contar o quanto penso em nós e para lhe mostrar que ainda me enfeito por dentro, mais que por fora, pra talvez lhe encontrar do lado de fora das minhas lembranças mais doces. Estas de agora e de sempre.


Lai Paiva

22 de setembro de 2013

A saudade é do tamanho do mar, o amor pode ser ainda maior


Certas certezas
Só se tem uma vez
Certas pessoas
Só se completam com outras
Certas lembranças
Só se guardam pra si
Certas saudades
Só se avolumam mais
Certos amores
Só se amam pra sempre
Certos "pra sempre"
Só se eternizam nos sonhos...


Lai Paiva


12 de setembro de 2013

Tempestade



Tanta coisa acontecendo dentro daquela moça. E ninguém percebia. E ninguém a olhava por trás dos seus olhos aflitos. Chovia torrencialmente bem dentro dela. E os seus sentimentos escorriam por entre as frestas que só ela sabia que estavam abertas. Frestas que foram abertas onde deveriam ter sido plantadas suas flores preferidas. Bem da cor e do cheiro que ela adorava. Por entre cada parte dela, cada parte que a chuva de agora diluía. Sim, ela estava se tornando líquida. E tudo ao redor permanecia como estava. Alheio à sua mudança de estado. Como se ela fosse, não uma tempestade inteira, mas apenas uma gota. E talvez ela de fato quisesse ser apenas uma gota pra sentir tão pouco tudo aquilo que sentia se avolumar cada vez mais. Todo aquele sentir exacerbado e contra o qual ela lutava intimamente para não deixar transbordar. Uma luta em vão, pois que era em vão lutar contra sua natureza em sentir e mostrar-se imersa naquilo tudo. Por isso ela chovia. Chovia mesmo. Com ventania, trovões e relâmpagos. E mesmo assim ninguém percebia. Porque ela era silenciosa. Amava em silêncio. Sofria em silêncio. Sonhava em silêncio. Vivia em silêncio. E acho que iria estar assim até sua última gota. E ainda assim o sol permaneceria reluzente pra todos do lado de fora dela...


Lai Paiva

8 de setembro de 2013

O amor não é mais como antigamente


Tempo. Com o tempo a gente aprende que o tempo não é essa coisa mutável e que conserta tudo, que alinha, que norteia. As pessoas é que o transformam. Dias melhores ou piores são consequências não das horas, mas dos atos ou da ausência deles. E as horas duram o tempo que se sabe absorver delas. Já o amor, esse sim vem mudando desde bem antes de eu ter nascido. Desde a primeira vez que se ouviu falar nele. Desde que as primeiras pessoas o disseram, o sentiram, o viveram. O amor de hoje não é mais aquele de outrora. Era mais firme, embora suave. Mais doce, embora alguém, eventualmente, esquecesse de adoçar. Não se vê nem se ouve falar em amores como os de antigamente. Aquele amor com identidade própria, emoldurado por uma conquista admirável, dosada, verdadeira. Com o intuito único de ser e de fazer alguém feliz. Aquele amor que começava na infância, muitas vezes, e não terminava nem quando acabava a vida. Aquele amor que era quente e urgente na juventude, e amigo e terno, na maior idade. Aquele amor que guardava o respeito com todo o cuidado. O amor que se via nos olhos mais tímidos, e nos gestos mais simples. Nos presentes singelos, nas declarações de amor silenciosas, porém, maravilhosamente expressivas. Um amor que curava, que abrandava as dores, que iluminava os dias escuros, que proporcionava uma cumplicidade que não poderia haver igual. Um amor que era tudo, a delícia da vida, a beleza dos instantes, a razão do contentamento. Aquele amor não é dos dias de hoje. Ele persiste, mas no interior de quem nasceu lá: há muito tempo atrás. Salvo algumas exceções, claro. Só pra não fugir à regra. O sentimento de hoje, que não deixa de ser amor, é quebradiço, frágil, e está sempre precisando de retoques. As declarações de amor são vagas e, muitas vezes, mentem, porque é mais fácil obter alguns prazeres quando se fala em amor. Porque há sempre quem acredite em amores de mentira. Viver sem isso é mais árduo, nos dias de hoje. Então a gente acaba amando quem não inspira amor, ou acreditando que somos amados mesmo com alguma dúvida. A gente se torna negligente e acredita em qualquer coisa que queríamos que fosse amor. Eu queria mesmo era ser do tempo em que amar valia a pena. E que as pessoas mereciam ser amadas. Eu queria mesmo era não estar amando neste momento. Guardar este amor inteiro que há em mim pra quem sabe se um dia vierem dias pra se amar como antes. Como antigamente. E mesmo que eu já nem tenha mais idade pra cuidar de outra pessoa, e sim pra ser cuidada, ao menos eu possa preparar um café da manhã, fazer a dor de alguém sarar, e os olhos sorrirem felizes, ao beijar os lábios com meus "eu te amo" verídicos. Desses que até hoje jamais ouvi. Desses que eu disse com toda a verdade que tenho, mesmo eu não sendo alguém de antigamente. Mesmo sabendo que o amor já não é como antes e que o tempo de amar de agora já não me engana mais. Porque já conheço todas as ilusões que a gente ousa chamar de amor pra não amar sozinha. E o tempo não conserta mais isso.


Lai Paiva



7 de setembro de 2013

A Morte do Jardim Secreto



Há muito tempo atrás havia uma garota especial naquela rua. No fim da rua. Onde as casas terminavam de tomar formas. Onde os passos de quem por ali andava tinham que terminar. E houve um tempo pra tudo dentro daquela garota. Tempo de chuvas torrenciais. Tempo de sol a pino. Tempo de folhas no chão. Tempo de flores e perfume no ar. Tempo de cores misturadas. Tempo incolor.  Tempo de galhos. Tempo de espinhos. Tempo de pétalas. Não à toa ela era observada com estranheza. Não incompreensivelmente ela encontrava-se sozinha. Todos a temiam. Não por causa da sua voz, do seu olhar, ou dos seus gestos. Mas porque ela era intrigante. E rara. Não parecia semelhante aos seus semelhantes. Ela fugia às regras. Ela era diferente. De uma maneira que mal se podia expressar. Mais que isso, ela trazia algo diferente e incomum dentro de si. E era um segredo enorme. Lindo. Um segredo plantado e sensível. Ela trazia um jardim inteiro consigo. De flores, pequenas árvores, cactos. Com terra firme e cheiro constante de vida. Uma mistura encantada de tons e texturas. Bem cuidadas e acarinhadas dia a dia. Aquele jardim nascera no lugar do seu coração. E pulsava tal qual ele. Com ramificações que levavam a cada parte do seu corpo o tom ideal, o movimento, o viver. E havia flores tão lindas. De uma beleza que nunca se podia esquecer. De uma diversidade tamanha, que só ela poderia registrar. Misturadas aos espinhos singelos dos cactos que se escondiam no meio daquelas pétalas. Era um jardim maravilhosamente numeroso, povoado. E estava bem ali dentro dela. Pros olhares dela. Pro cuidado dela. Pros sentimentos dela. Onde poucos estiveram a olhar. Quase ninguém a compreender. E uma única pessoa a poder tocar. Uma única pessoa. Pra quem ela entregou suas flores. Por quem ela enfeitou janelas e varandas. E ruas inteiras. Sem saber-se perdida e acometida por aquele pequeno suicídio diário, com um nome próprio, que ela plantou dentro dela, que ela amou como a cada flor daquele jardim, com o mesmo desejo de perpetuar aquele sentir, com a mesma tristeza ao saber que as melhores e mais belas coisas são as que primeiro acabam. Como aquele jardim, que ninguém  mais possuía igual. Como aquele amor, que nunca mais amaria igual.




Lai Paiva


28 de agosto de 2013

Assim


Leio livros
Escrevo amores
Ouço canções
Canto pras flores
Planto ilusões
Coleciono cores
Visto mil sensações
Transformo os dissabores
Dispo-me das recordações
Pra enfeitar meus valores


Lai Paiva

25 de agosto de 2013

Apenas Isso


Morra mil vezes este amor
Acabe-se antes de mim
Limpa a lembrança de outrora
Mova-se a saudade amarga
Prepara a poesia seguinte
Livre-se do que ressecou
Viva depois de amar
Ame-se e a quem merecer


Lai Paiva


19 de agosto de 2013

Depois



Depois de amar
Pra que o amor
Depois de viver
Pra que poetizar
Depois de ter
Pra que anoitecer
Depois de ser
Pra que acabar
Depois de nós
Pra que recordar...


Lai Paiva

11 de agosto de 2013

Dia dos Pais


P orque perto eu preciso que esteja
A inda que palavra alguma me diga
I nsisto em vê-lo na solidão dos meus dias


Lai Paiva

4 de agosto de 2013

Pra Agora



Não do amor
Eu desisto de amar
Não de viver
Eu desisto da espera
Não de sonhar
Eu desisto do engano
Não de ser sua
Eu desisto da solidão
Não de namorar
Eu desisto da traição
Não da esperança
Eu desisto da mágoa
Não de você
Eu desisto de nós
Não da boca pra fora
Eu desisto pra sempre...


Lai Paiva

26 de julho de 2013

À Espera


Saudade da saudade dele
Vontade da ansiedade nossa
Ávida por meus beijos nele
Desejosa do que somos juntos
Apaixonada pela paixão minha
Esperando que ele volte meu
Dos quilômetros que não quero nossos...


Lai Paiva

21 de julho de 2013

Ele e Ela


Eles foram ao mesmo evento naquele dia
Ela o olhou com aprovação
Ele elogiou a beleza da amiga
Eles não esticaram a noite na creperia 
Ele pegou o número do telefone dela
Ela não disse coisa com coisa ao ouvi-lo
Eles desligaram achando que não mais ligariam
Ele recebeu uma mensagem dela com surpresa
Ela queria causar boa impressão
Eles começaram a trocar mensagens
Ele a enchia de uma ansiedade gostosa
Ela o fazia amanhecer mais alegre
Eles estavam se conquistando aos pouquinhos
Ele lhe mandava canções de "presente"
Ela lhe escrevia poemas singelos
Eles já estavam enamorados
Ele a enviou as mais belas flores
Ela mandou-lhe cartões com fotos dela
Eles eram um presente um pro outro
Ele foi ao Shopping sem sabê-la lá
Ela propôs encontrá-la na loja em que estava
Eles tiveram o primeiro encontro na loja de bichos de pelúcia
Ele anoitecia pensando nela
Ela amanhecia sonhando com ele
Eles passavam as horas acarinhando um ao outro
Ele não suportava mais o desejo em beijá-la
Ela sucumbiu ao seu pedido de vê-la
Eles se beijaram no primeiro semáforo fechado
Ele estava lindo naquela euforia invencível
Ela já estava apaixonada pelos seus olhos raros
Eles se amaram como se fossem morrer de amor
Ele não conseguia deixá-la de volta em casa
Ela não queria mais perdê-lo de vista
Eles foram perfeitos naquela noite
Ele a deixava cada vez mais encantada
Ela vivia deixando-o saudoso dela
Eles logo se disseram "eu te amo"
Ele foi por muitos meses seu par ideal
Ela o fez ter dias melhores
Eles pareciam maiores que o tempo
Ele aos poucos foi causando tristeza
Ela muitas vezes teve que maltratá-lo
Eles estavam perdendo a harmonia
Ele mentia como quem conta verdades
Ela demorou a acreditar nas evidências
Eles minaram o respeito um do outro
Ele cometeu os piores erros
Ela o perdoou por amor em demasia
Eles resolveram tentar ficar juntos
Ele nunca mais foi aquele de antes
Ela já não se sentia a mesma
Eles estavam se distanciando sem ver
Ele traiu seu amor e lealdade
Ela o tratou da forma mais contundente
Eles sentiram que tudo estava perdido
Ele insistia em dar-lhes outra chance
Ela acatou seu pedido por vezes
Eles não sabiam mais ser como eram
Ele a fazia voltar ao beijá-la
Ela o fazia feliz em silêncio
Eles queriam ter sido perfeitos
Ele era o céu e o inferno dela
Ela era a flor e o espinho dele
Eles já não se reconheciam
Ele a estava frustrando demais
Ela o estava descontentando também
Eles não eram mais a paixão de outrora
Ele não enxergava suas falhas
Ela não as deixava de apontar
Eles estavam chegando à exaustão
Ele acostumou-se demais a tê-la sua
Ela o amava demais pra virar-lhe as costas
Eles iriam até onde o sentir os levariam
Mas
Eles sabiam que não iriam tão longe...


Lai Paiva




14 de julho de 2013

Ele



Em tudo deveria ter um pouco de você
Todas as cores deveriam ser da cor dos seus olhos
Todo perfume deveria ter o cheiro do seu pescoço
Todo sabor deveria ser igual ao seu beijo
Todos os nomes deveriam começar com a letra do seu
Todas as músicas deveriam ter a melodia da sua fala
Toda poesia deveria ter aqueles versinhos que você diz sem poetizar
Toda vez que chovesse deveriam chover seus carinhos
Toda nova manhã deveria ter o seu rosto lindo no lugar do sol
Toda janela deveria ter a sua imagem através dela
Toda roupa que me veste deveria ser como seu abraço
Toda coberta deveria ter a textura da sua pele
Todo banho deveria ser quentinho como você
Toda barra de chocolate deveria vim com uma mordida sua
Todo inverno deveria vim acompanhado da sua presença
Todo sentimento deveria ter o seu sentido
Toda alegria deveria ter o seu sorriso
Todo afago deveria ser feito com as suas mãos
Todo coração deveria ter a forma dos seus lábios
Toda emoção deveria vim com seus arrepios
Toda xícara de café deveria ter você como adoçante
Todo filme deveria ser sobre o jeito único de ser você
Toda saudade deveria ser pra morrer em seus braços
Todo cuidado deveria ter a sua proteção
Todas as flores deveriam ser as begônias que você me deu
Todo o mundo deveria ser só você
Em tudo deveria mesmo era ter você inteiro...



Lai Paiva





3 de julho de 2013

Ainda Não



Eu ainda te desejo
Mas eu não te quero mais
Eu ainda te acho lindo
Mas eu não te admiro mais
Eu ainda sinto teu cheiro
Mas eu não te sinto mais
Eu ainda sonho com você
Mas eu não te idealizo mais
Eu ainda te beijo sozinha
Mas eu não te aprecio mais
Eu ainda te escrevo poemas
Mas eu não te destino mais
Eu ainda ouço canções por você
Mas eu não te escuto mais
Eu ainda me lembro de você
Mas eu não te eternizo mais
Eu ainda te vejo por vezes
Mas eu não te enxergo mais
Eu ainda te amo o bastante
Mas eu não te gosto mais


Lai Paiva

(en)fim



(Ilustração de Nicoletta Ceccoli)



Eu te amei sem perceber
Quando tudo entre nós
Já era amor
Eu te falei verdades doces
Que a ninguém mais revelei
Eu desejei dias sem fim
Pra renascer ao seu lado
Eu te guardei nos meus poemas
Pra te fazer eterno pra mim
Eu me entreguei sem receio algum
E só te queria assim
Eu me magoei sem sarar
E menti que não mais te queria
Mesmo sentindo teu beijo
Eu não posso mais ser-te
Ainda que haja o amor
Eu me sinto infeliz
Com o que você quer me dar
Eu não quero mais
Aquilo que você mente ter
Eu enfim aprendi chorando
Que me amar é mais que isso
E se não foi você a fazê-lo
Serei eu a amar-me sozinha


Lai Paiva


2 de julho de 2013

Sobre Cactos e o Amor



Todo o mundo gosta de alguma coisa. Todo o mundo gosta muito de alguma coisa. Todo o mundo é enamorado em demasia por algo. Eu sou por cactos. De todo tipo: palma, mandacaru, cabeça de frade, etc. Eu os acho fortes, imponentes, e, mesmo parecendo contraditório, apesar dos espinhos, eles conotam pra mim uma beleza tão singela, tão tocante, que me faz passar muitos instantes a admirá-los. Esqueço de contar o tempo quando estou frente a um. Parece que o tempo não passa pra que eu não deixe de contemplá-los. Seja de que tipo ou tamanho for. E, claro, eu tenho os meus próprios cactos na minha casa. Estão comigo há anos, sob os meus cuidados e admiração. Gosto de ser surpreendida ao verificar se está tudo bem e me deparar com seus novos espinhos nascendo. Pra mim é como ver algo se renovando. Aqueles espinhos são o resultado do meu apreço, da minha proteção, do meu cultivo. Isso me felicita tanto quanto qualquer outro momento de contentamento maior. O amor é bem assim. Com espinhos e tamanha beleza. E, assim como os cactos, o amor também precisa de terreno fértil e de cuidados especiais, mas nada muito complexo. Por exemplo, no que concerne aos cactos, é preciso atentar para o tamanho dos vasos. Se for muito pequeno pode acarretar a asfixia das raízes, fazendo com que cresçam pouco ou nada, levando-os à morte. Se for muito grande, consequentemente levará muita terra, o que aumentará a absorção da água, fazendo com que as raízes apodreçam. O amor também precisa de atenção. Amar não basta. É preciso cuidar do amor. É preciso uma dose diária de estímulo, de incentivo, de enaltecimento, de atenção. Dispersar-se do amor, é matá-lo. E é tão simples cuidar. O cuidado está nos pormenores. Ambos, amor e cactos, nascem, crescem, morrem. Mas, enquanto vivos, têm o mesmo dom de fascinar, de nos pôr em completo estado de torpor, de encantamento. Se a gente chegar muito perto do amor, sem a cautela de saber como tocar, a gente se machuca, assim como acontece com os cactos. E é possível, sim,  tocar o amor, porque o amor tem a forma que a gente dá pra ele, tem o nome que a gente dá pra ele. O nome próprio, a forma inteira, ou a metade. Os cactos também têm diferentes formas. À nossa escolha, embora a minha preferência seja por cactos, independente da forma. O amor tem contornos, tem voz, embora não seja exatamente audível. Só aqueles sujeitos amorosos podem ouvi-lo, visualizá-lo. Os cactos também só são vistos dentro da sua grandiosidade de ser por quem tem olhos para tal. A forma de olhar é que mostra ou oculta algo. Eu quero poder olhar pro amor como olho pros meus cactos todas as manhãs. Enxergando seus detalhes pra saber como me aproximar. Eu quero mais que isso. Quero me aproximar sem me machucar, nem com o amor, nem com os cactos, pra poder ajudá-los a crescer, a dar continuidade aos seus ciclos. Quero os meus cactos comigo em dias de sol e de chuva. Eu os colocarei no melhor lugar, seja pra tomar sol, seja pra se esquivar da chuva. E nos vasos mais apropriados. Quero o amor pra cuidar igualmente. Guardando no melhor lugar. Ao lado dos meus cactos, ou ao lado da minha presença pra ir comigo aonde quer que eu vá. Quero ambos na minha janela. E poder me sentir bonita como eles. Talvez com alguns espinhos, mas com um amor enorme pra amar. Basta que me saibam cuidar. Eu só desejo que haja mais tesouros assim, como cactos e amor, e pessoas que possam tê-los em casa e na alma, cuidando pra não interromper nenhuma etapa, nem matá-los. Eu desejo menos espinhos contundentes, mais amor irretocável. E isso só depende de quem está cuidando. Porque o amor, assim como os cactos, são pra gente aquilo que a gente os permite ser. E farão conosco, seja na janela ou na alma, o que estivermos abertos a deixar que façam. A beleza está bem onde eles estão. Bem à frente dos meus olhos, e porque não de outros? E eles são lindos, mesmo quando, eventualmente, nos machucam. Por isso estarei sempre de olhos bem abertos. E com a janela e a alma enfeitadas. Sempre!



Lai Paiva


30 de junho de 2013


Já amei tudo o que tinha pra amar-te
Já desejei todo o desejo pra ter-te
Já sonhei o suficiente pra viver-te
Já escrevi poesias mil pra cuidar-te
Já esperei tempo demais pra ser-te
Já doloridas vezes perdoei-te
Já me acabei por recomeçar-te
Já inúmeras vezes odiei-te
Já definitivamente desamei-te
Já não há mais nós, acabei-te

Lai Paiva



28 de junho de 2013

Tempo, tempo, tempo


No tempo certo
Tempo ao tempo
As horas que foram
Trarão novos dias
Instantes mais novos
E longe do agora
Que aqui onde estou
Minuto a minuto
Eu conto os ponteiros
Pro dia que avisto
Nascer mais suave...


Lai Paiva

23 de junho de 2013

Sobre Cebola e Desilusões


Sempre detestei cebola. A textura, o cheiro, o gosto. E acho que estou inclusa numa grande parcela da população mundial que compartilha do mesmo dissabor. A cebola é realmente digna de desaprovação. E eu não poderia poupá-la de tal. Quem manda ser ruim? Tão ruim que faz chorar quem a corta, manuseia. Com as desilusões acontece o mesmo, só que, ao invés de as cortarmos, elas é que nos cortam, mas choramos, assim como quando cortamos cebolas. As desilusões são ácidas, as cebolas, também. São ambas indigestas. De gosto duvidoso e de efeito exato. A cebola marca o sabor das coisas. Contamina, se sobressai sobre qualquer outro ingrediente. As desilusões, também.  Elas anulam os sorrisos dos lábios, ocultam os suspiros de leveza, danificam a motivação e o ânimo. Sobressaem-se até mesmo entre os mais fortes. Não há como uma receita, que contenha cebola, ficar imune ao seu gosto forte. Não há como se imunizar contra as desilusões, por mais que tantas outras já tenham sido vividas. Nenhuma papila digestiva está aberta para recepcionar aquele sabor. Nenhuma alma está aberta para desiludir-se. Acontece. Acontece de pegarmos de surpresa um pedaço de cebola no meio de uma fatia de torta salgada e nos desencantarmos daquilo que estava tão bom. Acontece de, no meio da felicidade, encontrarmos uma desilusão, que já estava lá, no meio de tudo, escondida, à espera de ser descoberta. E aí é como cortar cebolas. Lágrimas ácidas e cheiro característico. Aquele cheiro que a tristeza tem. Por outro lado, apesar de detestar cebola, e, obviamente, desilusões, preciso ser franca. Não sei se foi por causa do poder de persuasão que talvez a cebola tenha, ou por algum outro motivo que eu desconheça, mas preciso afirmar que adoro bife acebolado. Como assim? Não sei. É claro que, depois de preparado, eu tiro as rodelas de cebola de cima pra me deliciar. E me delicio. Assim, como quem ama cebola. É um momento antagônico. Quem o observa, certamente pode afirmar que eu sou fascinada por cebola, tamanha a minha avidez por aquele prato. Mas a verdade é que eu odeio cebola, só que eu adoro esse prato que a contém e que foi contaminado pelo seu sabor e cheiro. Percebo que com certas desilusões acontece o mesmo. Como se fosse uma desilusão pro bem. Um divisor de águas. A partir daquela desilusão, tudo será melhor. Era preciso vivenciá-las, ou melhor, sofrê-las, para alcançar o bem almejado. Porque as desilusões ensinam, fortalecem, quando não matam. Sim, discordo de quem afirma que se viveu uma ou outra desilusão. Não se as vive. As desilusões matam. Mesmo quando ainda permanecemos vivos por um longo tempo. Elas são marcantes, assim como a cebola. Ninguém quer desiludir-se, mas, às vezes, mesmo sem entendermos naquele momento, é necessário, pra dar outro sabor aos dias. Como a cebola, que, sem dúvida, deu um sabor diferente ao bife. Afinal, o que seria do bife acebolado se não fosse a cebola? Um mal, se assim posso chamar, necessário. Como certas desilusões. O que importa mesmo é o resultado final. Que tudo seja digestivo. O bife, a tristeza. Importante é sentir que as lágrimas que as desilusões fazem fluir serão momentâneas, que durarão apenas o tempo de cortar toda uma cebola. Mas que depois virão outros suspiros e outras delícias. Pras papilas digestivas e pra alma. Porque pra tudo há um propósito. Só precisamos descobrir. Eu só descobri que adoro bife acebolado depois de enfrentá-lo, de experimentá-lo, mesmo contra minha vontade. E descobri que algumas desilusões vieram pros meus dias pra que eu tivesse dias melhores ao passar por elas. Então eu resolvi enfrentá-las e experimentá-las, mesmo contra minha vontade. Porque, muitas vezes, nem tudo o que parece desgostoso o é totalmente. É só uma questão de sentir de outra forma.



Lai Paiva


18 de junho de 2013

Sobre Beijo e Chocolate



Pra certas coisas há outras coisas pra assemelhar. Dentre essas coisas pensei no beijo. Daqueles beijos de se querer beijar sem fim. Daqueles beijos de turvar os olhos e acelerar os batimentos cardíacos, a ponto de senti-los ecoar no peito de outro alguém. Um beijo de inflar os lábios, de umedecê-los, de causar calor e despertar amor. Um beijo de liberar substâncias mágicas, de correr o corpo e terminar na alma. De um sabor que não se esquece nunca. De uma textura de não querer largar. Assim como o chocolate. Posto na boca, por entre os lábios, como num beijo, causa leveza e encantamento por seu sabor. Age suave, mas com a certeza de inebriar a quem o toca. Aquele gosto, do mesmo gosto do beijo alheio, de um bem querer, que faz querer muito. Mais de um beijo, uma barra grande de chocolate. Branco ou preto. Ao leito ou amargo. Selinho ou de língua. Dado ou roubado. O mesmo arrepio. O mesmo suspiro. Pupilas dilatadas e o esquecer de respirar. Endorfinas que apaixonam. Sensação que vicia. Liberdade pra sentir-se bem. Um cheiro pra viver recordando. Saliva e cacau. Hálito e açúcar. Desejo e moderação. Calorias e derretimento. É o beijo derretendo o prazer por dentro. E o chocolate misturando os sentidos. Dedos marcados por tamanha delícia. Lábios que beijam esses mesmos dedos. Vestígios que fazem querer mais. A boca pra comer de novo. A língua pra amaciar seu tom. O olfato pra se enamorar. Uma barra inteira num instante único. Um beijo longo pra uma vida toda. E se estiverem juntos há de ser maior que os olhares digam. Um perturbando o outro. De um perturbar macio. De um transpirar gostoso. Uma mistura íntima de ingredientes pra um sentir incomum. Na boca de quem a boca der para ser beijada. Beijos como chocolates. Derretidos naquela vontade. Uma vontade de sentir por horas, de durar um século, aquela maravilha de proporcionar ao corpo o sair de si pra entrar no outro, enquanto os lábios forem aquelas doces margens, que permeiam o apreço misturado ali. E depois levam à saudade. Um voltar de novo a beijar profundo o beijo exato pro contentamento. O chocolate de outrora, que se tornou líquido no saborear de quem o devorou. Em seguida a ânsia pela redundância daqueles instantes de chocolate e beijo. Que é por cada um e pelos dois iguais que a boca pede já inebriada e tão desejosa de provar de novo a grandiosidade daquele efeito que só ambos causam, até pelo avesso, no minuto exato em que os lábios rendem-se àquela semelhança de entorpecer como quase nada há de fazer igual.



Lai Paiva


4 de junho de 2013

Sobre pessoas e palavras


Certa vez, não sei exatamente quando, como e nem o motivo, eu parei tudo e me perguntei se existem mais pessoas ou mais palavras no mundo... Desisti em seguida de pensar sobre isso. Foi então que preferi ater-me a encontrar as semelhanças entre elas. 
Todo dia nascem tantas pessoas novas, mas também morrem outras tantas. As palavras não nascem diariamente, eu acho, mas também não morrem frequentemente. Algumas palavras saem de uso, ou tornam-se raras. As pessoas, também. Saem de uso quando morrem. Tornam-se raras à medida que envelhecem, adoecem, perdem o vigor e a proatividade. As pessoas usam as palavras, mas estas, sem dúvida alguma, também as usam. Há quem tenha mais palavras em seu vocabulário usual do que pessoas em seu convívio. As pessoas falam demais. As palavras talvez falem ainda mais. As pessoas têm identidade, as palavras, também. Há pessoas semelhantes, pessoas plurais, pessoas singulares, pessoas simples e pessoas complexas. Assim como as palavras. As palavras são resultante da união de sílabas, que resultam da união de letras. As pessoas resultam da união/relação, mesmo que momentânea, de duas pessoas, ou da união de duas células, que corresponderiam às sílabas. Cada palavra carrega com ela o seu significado, ou os seus significados, a sua relevância, o seu valor. Ela é escrita ou falada com algum objetivo. E geralmente ela o atinge. As pessoas também têm os seus valores e sempre significam algo. Ninguém está aqui por acaso, ainda que algumas pessoas se sintam assim eventualmente. As pessoas são ricas. Ricas de tesouros internos. Uns descobertos, outros, ocultos. As palavras também. Quando explícitas, mostram logo porque ali estão, mas às vezes se escondem nas entrelinhas. Algumas pessoas também tendem a se mostrar pouco. Nos dois casos imagino que seja precaução ou embelezamento. Sim, pois fica bonito um texto em que se lê algo nas entrelinhas, se descobre algo que não foi descrito claramente. Com as pessoas também é assim. É mais atrativo ir descobrindo uma pessoa aos poucos. Pessoas enigmáticas podem ser preferíveis. Imagino uma pessoa sendo tratada como palavra de difícil pronúncia e grafia, que é preciso soletrá-la para escrevê-la corretamente. Letra por letra. Do início, lentamente, até o fim. A partir dos olhos, passando lentamente por cada parte falante do seu corpo, até os dedos dos pés. Domando o medo de errar. Absorvendo a certeza da escrita, ou da descrita. É excitante. As palavras são excitantes. Este não é um dom restrito às pessoas. Elas carregam tanto. Imprimem tanto. Uma mesma palavra pode ser doce ou amarga, depende apenas de quem a está escrevendo ou falando. Eu admiro a força que elas têm. As palavras. E as pessoas, claro. Há pessoas doces que escrevem palavras contundentes de forma irretocável. Assim como pessoas ácidas podem escrever palavras brandas. Na verdade é como se elas pincelassem as palavras, porque elas já têm aquela forma. O conteúdo, a personalidade é que é dada. Sim, as palavras têm personalidade. Eu sempre mantive uma relação muito estreita com elas. Mais que com as pessoas, confesso. As palavras me dão uma liberdade que ninguém me deu. Quando as escrevo eu posso ser eu mesma, sem pudor algum. Com as pessoas a gente sempre precisa se podar um pouco. Ninguém é completamente o que é, quando está com os outros, embora ninguém admita. Escrevendo, sim, a gente vira ao avesso. As palavras me usam e eu as uso, e ninguém sai perdendo com isso, como acontece quando as pessoas se usam. E eu sou consciente de que escrever é uma responsabilidade tamanha, pois é a referência que estou conotando em cada palavra. Embora ela já tenha o seu significado, eu, enquanto escritora, estou fortalecendo a sua imagem, o seu peso, o sentido que ela carrega. A emoção, o sentimento, a tradução. Poucas pessoas são abertas à moldar-se assim. Sim, é um risco. Podemos, todos nós, fazer mal uso das palavras e reduzi-las à nada. Podemos querer e tentar mudar algo nas pessoas que julgamos necessário, mas na realidade não são, e podem até torná-las menores do que são. As pessoas erram. Assim como as palavras podem se apresentar erroneamente. É a vida. A nossa e a delas. O bom é que estaremos juntos por todo o tempo. As palavras não vão deixar de existir antes das pessoas. E nem o inverso. Estaremos todos convivendo juntos. Passíveis de sermos escolhidos ou negligenciados. Até lá é melhor nos esforçarmos pra continuar causando uma boa impressão. As pessoas às palavras, e estas àquelas. Pois enquanto houver um último suspiro, haverá sempre a última palavra. 


Lai Paiva


30 de maio de 2013

Amo



(Ilustração Jana Magalhães)


Eu te amo hoje
Pelo amor de ontem
Por cada dia seguinte
Com o amor de sempre
Reafirmado a cada hora
Nas horas em que estou
Te amando por toda vida

Lai Paiva

28 de maio de 2013

Ímpar



(Ilustração de Nicolleta Ceccoli)


Todo mundo tem um par
Todo par tem um porquê
E porque estou tão ímpar
Sinto o tempo não passar
Passo os dias esperando
A ausência ir embora
Ir embora do meu lado
Que as horas são mais longas
Pra quem vive tão sozinha


Lai Paiva


26 de maio de 2013

Poética



(Ilustração Nicoletta Ceccoli)


Na minha alma levo a poesia
Pra poesia eu me reinvento
Sou tantas quanto tantos versos tenho
A descrever o que trago em mim
Só tenho isso atrás dos meus olhos
E no interior do silêncio meu
A deixar aqui quando for pra longe
O lugar mais longe que eu posso ir
De onde a poesia me faça acenar
Aos que hão de ler os versos que eu deixei
Beijando todos como tanto fiz
Enquanto alma eu tinha no meu peito


Lai Paiva




Eu


O estar sem é tão só
O estar só é tão meu
O ser eu é tão grande
O estar em mim é tão pouco
O pouco me incompleta 
O que falta me guarda
O que guardo sou eu
O que sou, solidão


Lai Paiva





24 de maio de 2013

Adiado



O amar ficou pra depois
Pro amor guardo o esperar
Sem sentir o sentir se esvai
E no final o que acabou
Já havia me dito não
Enquanto me era um sim


Lai Paiva


21 de maio de 2013

Quanto ao tempo


Ainda que o instante me roube as horas
E o tempo não me espere nem dois minutos
Eu hei de aguardar pra vivê-lo depois
Ainda que a vida seja o momento que tenho
E que o ponha distante de mim
Eu manterei um coração no meu peito
Ainda que tudo aconteça lá fora 
E que eu sinta o tempo envelhecendo
Eu sei que ainda há um tempo oportuno
Que eu possa chamá-lo de meu...


Lai Paiva

18 de maio de 2013

Em segurança




Seguro é estar só
Sem olhares alheios
Nem abraço no corpo
O outro é um risco
Que adoça o perigo
Num pequeno instante
De um piscar de olhos
Tranquilo é guardar
O ser tão de alguém
Pra não sê-lo em vão
E ter os sorrisos molhados
Protegido é o sentir
Que não se dá sem se ter
Que se guarda seguro
Onde quer que seja
Mas que seja mesmo
Dentro de si...


Lai Paiva


5 de maio de 2013

Boa noite

















Se não adormecer
Me escreva
Se dormir
Sonhe comigo
Quando amanhecer
Apaixone-se de novo por mim
Durante o dia
Não me perca mais
Quando anoitecer
Me ponha pra dormir no seu coração
Então me ame sob o olhar das estrelas
E o silêncio da nossa saudade...


Lai Paiva

2 de maio de 2013

Querendo


Quero um pensar livre
Uma liberdade suave
Alegria pra brilhar
Saudade pra morrer
Um amor amável
Dias de durar um ano
Horas de beijar nos lábios
Abraços de acolher a alma
Versos de sorrisos altos
Músicas dos suspiros meus
Vida pro meu coração
Mãos pra tapar meus olhos
Cura pros meus desenganos
Ternura pra dormir comigo
Certeza de alguma coisa
Nome pro contentamento
Razão pra sonhar de novo
Sonhos pra tornar real
Um bem pra chamar de meu...

Lai Paiva


1 de maio de 2013

Escrever pra sempre!


Quero enfim uma relação de amor. Quero agora uma relação com as palavras. Escrevê-las, merecê-las, vivê-las. Quero escrever livremente, mas também sobre algo pre definido. Temas diversos, métricas imperfeitas, concordâncias sentimentalistas. Quero palavras que me tornem maior. Quero uma escrita que todos gostem de ler. Quero tocar as palavras como se fosse possível. Quero que seja possível que elas me toquem e eu toque à quem queira ler. Quero ser totalmente legível. Decifrável pra uns, incompreensível pra outros. Quero amar cada palavra que saia de mim. E quero ser só palavras. Trabalhar escrevendo. Amanhecer pra escrever. Anoitecer descrita. Quero me inscrever nas melhores linhas. Quero me inserir em diversos contextos. Esquecer do tempo ao parar pra escrever. Lembrar de quem sou ao ler minha escrita. Ser lembrada ao ser lida. Quero que me reconheçam em cada palavra. E que todas as palavras me levem à algum lugar e dentro de ao menos algumas pessoas. Quero viver da escrita. Viver escrevendo. Escrever os meus versos despretensiosos. Os meus contos intencionais. Meus amores e desamores. Aquilo que deixei de viver e o tanto quanto vivi. Quero ser a escritora que ninguém supunha. Nem eu. Quero viajar o mundo inteiro através dos meus textos. Ser descoberta por todos. Amada, criticada, talvez, odiada, mas lida. Quero ler o meu nome em muitos lábios. Quero ver minhas palavras em tantos olhares. Quero ser profissional comigo mesma. E disciplinada com os meus impulsos descritivos. Quero me apaixonar por cada linha que eu escrever, do início ao fim da minha vida. E, quem sabe despertar a paixão dos que me leem. A paixão pelas minhas palavras. Quero me inspirar haja o que houver. A qualquer hora. Em todos os lugares. Quero transformar tudo em poesia. E criar personagens apreciáveis pros contos que conceber. Quero textualizar os momentos, as pessoas, as notícias. Quero apenas as palavras comigo. Viver uma relação íntima e cúmplice com elas. Uma relação monogâmica e feliz. Com fantasia, verdade, precisão, maturidade, drama, humor, romance e uma pitada de urgência. Beijar cada palavra proferida antes de lança-la. Buscá-la de volta e escrevê-la para que ela se eternize. E assim, quando eu não puder mais estar por aqui, que ao menos a minha escrita permaneça viva aos olhos de todos e em seus rostos reproduza rugas de admiração, respeito, apreço, ou comoção. Assim, eu ficarei feliz, mesmo  ao longe!


Lai Paiva

(Des)Amor


O meu amor não é pra se amar
Aquele bem é de me fazer mal
Beija, mordendo, o meu gostar tanto
Veste de mágoa todo momento bom
Mente dizendo as verdades mais ternas
Finge vivendo a delícia de ser-nos
O meu amar não quer mais ser tão dele
Dele só vem o sentimento ao avesso
Pois nada sabe sentir por alguém
Atrás dessas tantas palavras amáveis
Que ainda hoje me escreve insistindo
E daqueles olhares lindos, vencíveis 
Com os quais me ganhou de repente
Pra perder finalmente e pra sempre...

Lai Paiva

30 de abril de 2013

Íntimo




Dentro de mim há um lugar pra morar

Paredes pra erguer, piso a enfeitar

Palavras que caibam num canto

Sentidos de se sentir tanto

Um cheiro e um tom de alegria

O bem que apague a melancolia

Dentro de mim há um lugar pra viver

Um endereço pra eu nunca mais esquecer


Lai Paiva



Sabendo


Eu tenho um amor pra esquecer
E tenho razões pra lembrar
Eu tive ilusões pra viver
E tive alegria em guardar
Eu posso estar triste agora
E posso nunca sarar
Eu sei que o instante acaba
E sei que o que resta há de passar...

Lai Paiva


26 de abril de 2013

Mais uma vez




Tantas vezes eu quis outras vezes nós dois
Quantas vezes em vão esperei nossa vez
Vez alguma foi minha de estar com você
Em nenhuma espera encontrei o final
E no fim só restou minha vez de partir
Pra distante das vezes que por vezes eu quis
Ter uma vez pra chamá-la de nossa pra sempre...

Lai Paiva

25 de abril de 2013

Jardim



No meu peito há um jardim
Onde os meus sentires plantei
À espera de serem colhidos
Por outros sentimentos afins
Onde eu possa fincar
O meu cheiro de solidão
Num peito que encosta no meu
Seu ritmo de acolher...

Lai Paiva


24 de abril de 2013

Pra sempre, eu



Eu fui feita de amor
E sou feita pra amar
Estou cheia de afeto
E desejo de abraçar
Vivo pro meu sentir
E beijo sem encontrar
Escrevo pra que eu me veja
E releio sem me enxergar
Eu fui feita pra mim
E sou feita pra acabar
Levarei o que não amei
E amarei pra durar...

Lai Paiva


17 de abril de 2013

Se


Se pensas que eu ainda te quero
Encosta teu pensamento no meu
E vamos pensar juntos o meu querer
Se sentes que eu ainda te amo
Ama também o meu amor um pouquinho
E vamos juntar o sentir que é tanto
Mas se fores embora de novo
Me deixes sem nada de nós
Que é pra eu voltar a ser minha

Lai Paiva



13 de abril de 2013

Protegida


Estar só é mais seguro
Longe de viver o sentir
De machucar-se com o outro
E ter os ganhos roubados
Saber-se só dói um pouco
Mas dói mais se entregar
A quem não cuida de nós
Viver só é mesmo uma metade
Que protege o coração
De ser inteiro e sofrido
Pra quem não sabe escolher
As companhias afáveis

Lai Paiva



11 de abril de 2013

Poetizo


Eu poetizo
O amor, pra que ele seja mais amável
A alegria, pra que ela seja mais alegre
O bem, pra que ele seja mais afável
O outro, pra que ele seja mais meu

Eu também poetizo 
O desamor, pra que ele seja menos doído
A tristeza, pra que ela seja menos triste
O sem sentido, pra que eu me não me perca
A solidão, pra que ela seja menos só

Eu poetizo o viver de alguns instantes
E o morrer de alguns outros

E poetizo porque é o que resta, afinal
O que fica, quando tudo se esvai...

Lai Paiva


7 de abril de 2013

Poetizada



(Ilustração de Caia Koopman)


Quanto mais eu quis
Menos foi meu
Por tanto sonhar
Mal ponderei
O que pensei ter encontrado
Perdi antes de ter
Quando palavras eu tive
O silêncio foi voz
Ao me sentir pronta 
Fui desconstruída
Em tentar acertar
Terminei em poesia


Lai Paiva




6 de abril de 2013

Ainda




Não sei dizer adeus

Àquilo que perdura em mim

Que vive em cada olhar perdido

E no riso que ando escondendo

Não aprendi a deixar pra trás

O tempo que pra trás ficou

As horas que não viverei

Os dias que anoiteceram

Não sinto me desvencilhar

Desta saudade contida

Não acho a cura pros versos

Nem como acalmar meus sentidos

Não dá pra mudar de lugar

A ausência que está bem ao meu lado

E todo tempo que tenho

É pouco pra recomeçar esquecida

Esquecendo do que é infindável...




Lai Paiva




4 de abril de 2013

Hoje e amanhã


(Ilustração de LIZ CLEMENT)


Há tanto pra caber em mim
Depois que me levaram muito
Tudo que me faça bem
Aquilo que penso ter um dia
Instantes pra fazer sorrir
Sorrisos pra me proteger
Certezas para acreditar
Metade que me ponha inteira 
Um lugar onde possam repousar
Os sonhos que tornarei a ter
E abraços onde eu deite os meus
Que se perdem nos meus dias tristes...


Lai Paiva





Verdade


Falta do bem que era meu

O bem que só me fez mal

O mal que beijei com amor

O amor que nunca foi de outro alguém

Alguém que deu nome à saudade

Saudade que o olhar denuncia

Denúncia de que queria de volta

Voltar a viver em mentira

Mentira que senti com tamanha verdade

Verdade é que nada vivi...


Lai Paiva