31 de maio de 2012

Ah, ele...


(Ilustração - Chagall)


De um bem querer tão querido
Com um querer que é só dele
Por ser-me o amor merecido
No tempo que me tem nele

De um desejo imutável
Com um prazer tão intenso
Por ser-me o que há de amável
No meu contentar mais imenso

De um sentir diferente
Com a mais nobre intenção
Por ser-me dele o presente
No futuro inteiro que faço menção...

Lai Paiva


29 de maio de 2012

Acróstico Meu


E por não sentir menos o que sinto mais
L onge de mim seria o viver melhor
A nulando os instantes vãos dos instantes meus
I ndo embora sempre que eu chegasse só
N unca indo junto dos meus devaneios
E u seria outras e não dessas que só se esvaem

27 de maio de 2012

De saudade tamanha



(Ilustração André Fidusi)

Saudade tão boa de mim
Quando o tenho comigo
Desejo intenso de nós
Quando somos só um
Paixão tão viva por ele
Quando volta aos meus braços...

Lai Paiva

24 de maio de 2012

Chovendo


(Ilustração Sarah Joncas)

Chove, vejo-te
Lembro, sinto-te
Molha, choro-te
Calo, guardo-te
Escorre, vou-te
Chove, eis-me...

Lai Paiva

22 de maio de 2012

Gosto é dele, mais do que tudo




(Ilustração - Rogério Fernandes)

Gosto de senti-lo bem perto
De beijar os seus beijos macios
E provar seu perfume poético

Gosto de tocá-lo bem leve
De cheirar os seus olhos nus
E amar seu arrepio sonoro

Gosto de mantê-lo bem vivo
De perder as horas com ele
E encontrar a paz que buscava

Gosto de tê-lo bem meu
De ser-me tão dele assim
E sentir que seremos tanto ainda

Gosto de gostar muito dele
De saber-me a sua amada
E ter a certeza de nós...


Lai Paiva



16 de maio de 2012

Tempo de nós dois


Quando me olhar, me ouça
Quando me ouvir, me abrace
Quando me abraçar, me leia
Quando me ler, me beije
Quando me beijar, me ganhe
Quando me ganhar, me escreva
Quando me escrever, me namore
Quando me namorar, me guarde
Quando me guardar, me ame
Quande me amar, me enfeite
Quando me enfeitar, viva-nos
Quando nos viver, me eternize...

Lai Paiva

10 de maio de 2012

Querendo tanto...



Quero, de um jeito meu
Um querer de um jeito teu
Tamanho do que não se mede
Intenso como nada mais se vive
E de tanto te querer assim
Muito e como nunca quis antes
Tua sou mais do que minha
E minha é esta certeza
De sempre te querer pra mim...

Lai Paiva

6 de maio de 2012

Aquele meu moço não é meu


O moço do cinco de janeiro tinha olhos de se querer guardar, pelos quais me apaixonei. Tinha lábios de se beijar todo dia, nas manhãs que não amanheceram, nas noites que entardeceram. Seus abraços tinham a mais leve textura e o tocar mais preciso. Suas palavras me embalavam. Seu corpo tinha os contornos do meu contentar e o cheiro que sempre busquei. Era lindo como nada se viu. De um charme poético, de um silêncio marcante. Me apaixonei sem beijá-lo. O amei ao senti-lo. Me doei ao prová-lo. Escrevi-lhe os sentires mais ternos. Sensações mais gostosas. Saudades intermináveis. Sonhei tantos dias pra nós. Passei poucas horas com ele. O queria mais do que pude. De um querer nunca antes sentido. O vivi unicamente. De um viver mais que esperado. Sabia do risco de ser-lhe. Quis ser-lhe pra sempre. Sempre era tanto pra nós. O moço não pôde ficar. E eu tive que ir. Fomos embora de nós. E então percebi que ele nunca existiu. Como muito do que há de melhor. Apenas no meu segredo mais doce. Que me fez tanto bem, enquanto esteve ao lado da minha presença tão dele.



Lai Paiva

Se não



Não me olha com esses olhos de querer
Não me beija com esses lábios de amar
Não me abraça com essa alma de cuidar
Não me toca com esses gestos de desarmar
Não me guarda com esse jeito de encantar
Não me apaixona com essa calma de admirar
Não me ama com essa certeza de eternizar
Não me desperta inteira se não for pra  ficar...


Lai Paiva

5 de maio de 2012

Esvaindo-se



(Ilustração de Arthur Rackham)


Pra chegar ao fim
Um começo se espera
Ao esperar demais
Quase nada se tem
Quando ter é fácil
Fácil é perder algo
Num piscar de olhos
Outros olhos se vão
Pra querer para sempre
Sempre é querer muito
E acontece que muito 
É coisa pra poucos...


Lai Paiva

                        
                 

Pouca



(Ilustração Dan May)

Aos poucos muito me é podado
Tanto sinto por quase nada
Nunca é sempre uma constante
Quase me parece tudo que resta
Metade vai sendo-me o todo
E de mim vai sobrando o mínimo...

Lai Paiva

1 de maio de 2012

Ofereço




(Ilustração Pamela Facco)


À solidão, minha escrita
À minha escrita, meu ser
Ao meu ser, minh'alma
À minh'alma, meu corpo
Ao meu corpo, a nudez
À nudez, minha entrega
À entrega, minha solidão
À solidão, eu...

Lai Paiva