28 de abril de 2012

Haverá sempre nós



Por trás da saudade
Há sempre uma lembrança
Por trás da lembrança
Há sempre um desejo
Por trás do desejo
Há sempre um sentir
Por trás do sentir
Há sempre um viver
Por trás do viver
Há sempre um amor
Por trás do amor
Há sempre um nome
Por trás do nome
Há sempre um sorriso
Por trás do sorriso
Há sempre um beijo
Por trás do beijo
Há sempre um alguém
Por trás de alguém
Há sempre um outro
Por trás de nós dois
Há sempre isso tudo
Por trás disso tudo
Haverá sempre nós dois...


Lai Paiva

25 de abril de 2012

Feliz Aniversário ao Pedro, meu presente...


* Àquele que deu relevância ao dia 26 de abril, que fez de tal data inspiração pros versos abaixo, que é de uma importância tamanha, como não há presente igual.
Que tenha muitos outros anos de vida e que esteja sempre na minha vida, enfeitando-a com as alegrias maiores!





Ele é feito de afeto

Dos mais renomados

Dos bons de sentir

Ele é mais que parece

Mal cabe em si

Tão raro e tão lindo

Ele é de não se esquecer

De querer relembrar

Por fazer tanto bem

Ele é o lugar ideal

Dos melhores prazeres

Dos maiores repousos

Ele é de um beijo perfeito

De durar para sempre

Do sabor da paixão

Ele é do abraço encantado

De um acolher sensual

Do tocar bem macio

Ele é do meu sentimento maior

De se renovar todo dia

Do sentir que não finda

Ele é o aniversariante do dia

De um dia importante

Do dia de amanhecer mais feliz

Ele é o presente que espero

De um bem irretocável

Do bem que sonhei

Ele é meu amor

De um amor bem amável

De amar mais e mais...



Lai Paiva



23 de abril de 2012

Nosso Lugar



o lugar do amor
é bem dentro de mim
o lugar pra eu estar
cabe dentro de ti
o lugar de nós dois
é num breve amar
o lugar pra viver
é num beijo sem fim
o lugar do pra sempre
é na nossa lembrança
o lugar de ser-nos 
é um no outro assim...

Lai Paiva




19 de abril de 2012

Um Olhar Sob a Caixa Cinza



Havia uma garota ali, naquele apartamento, bem em frente ao meu. Do outro lado da rua. Uma garota jovem, de cabelos curtos, castanhos como devem ser os seus olhos, caídos sob os ombros, com mechas a quase cobrir-lhe o rosto, alta e magra, devia ter entre 20 e 25 anos. Uma garota que sempre podia ser vista na companhia dela mesma. Por alguma ironia qualquer, solitária naquele bairro especialmente barulhento. De muitas pessoas e veículos transitando e emanando sons. Naquele apartamento igualmente repleto de sons.
Eu a via grande parte do tempo, ou quase todo ele, em seu quarto. Algo com poucos metros quadrados, com uma cama de solteiro, um espelho grande, um criado mudo com alguns livros, um par de óculos e, às vezes um copo de água, outras, uma taça de vinho, um guarda roupas, um móvel com TV, DVD, um ventilador de teto, cortinas que nunca se fechavam e almofadas, muitas almofadas espalhadas pela cama e chão.
Não havia muita cor em seu quarto. Predominava um cinza nem claro nem escuro. Da cor do céu na iminência de um temporal. Era como se ela estivesse presa numa enorme caixa cinza.
Nos outros cômodos do apartamento, os quais não me chamavam muita atenção, sempre se podia ver uma, duas ou mais pessoas, de forma que não saberia precisar quantas pessoas exatamente dividiam aquele lugar com a garota.
Mas, de fato, ela não estava só, embora deva sentir-se única em meio aos objetos e móveis daquele lugar que provavelmente chamavam de seu. Na verdade, ainda que mais de uma voz ressoasse ali, o único som que me era audível era o de sua solidão, entretanto, para aquela garota deveria ser o som de seu pensamento lhe dizendo bom dia, boa tarde, boa noite, durma bem, cuide-se bem...
Sim, era como se, em alguns momentos, fosse possível ouvir o silêncio que lhe acompanhava, o silencio que acompanha os momentos solitários. O silêncio que nem mesmo o seu isolamento restringe.
Sim, ela era solitária. Não se via amigos ou algo que se aproximasse de um namorado entrando ou saindo dalí. Ela mesma arrumava sua cama, seu quarto. Mal se podia ouvir sua voz. A impressão que dava era a de que ela esquecia que podia falar, que sabia falar. Algumas vezes dava pra perceber certo ar de tranqüilidade em seu rosto por estar só. Noutras, percebia-se certa tristeza, certo desconsolo. Era costumeiro fazer as refeições em seu quarto, em frente à TV. Café da manhã, almoço, jantar, lanche. A TV sempre estava ligada, mesmo que ela sequer olhasse para aquela tela luminosa, para o que estava sendo transmitido ali. O seu mundo parecia resumido ao que eu observava do outro lado. Aquelas paredes a separavam de mim, do mundo, da vida, dela mesma.
Não sei se ela me via a observá-la. Não sei se ela me enxergava ao olhar pra mim, se é que olhava. Talvez ela não fizesse ideia de que estava sendo vista ou talvez ela se sentisse bem na companhia do meu olhar ao longe. Talvez eu nunca saiba ao certo se eu era só a observadora, ou igualmente a observada.
Ela era uma garota bonita, jovem, interessante. Dessas que, provavelmente, sempre há alguém a lhe dizer isso, mesmo que ainda assim não se deixasse convencer. Não acho que era o caso de auto estima baixa, mas de baixa convicção acerca do interesse alheio por si. Seria possível que alguma garota não quisesse ser vista, elogiada e bem quista?
Talvez ela sentisse falta de alguém que lhe falasse, lhe ouvisse, cantasse pra ela, a fizesse sorrir, a fizesse dormir. Talvez não. Observá-la simplesmente não me dava todas as respostas que fazia a seu respeito. Acho que ela dividia-se entre o querer estar só e o estar só.
Não me recordo uma única vez em que a vi falar ao telefone celular, mas a vi várias vezes a manuseá-lo apenas entre as mãos, a tocar suas teclas com os dedos, mas sem levá-lo ao ouvido. O seu telefone celular não tocava... Eu me perguntava como alguém podia viver em tão completo isolamento.
Certa vez a vi chegar com uma sacola e de dentro tirar um vestido lindo. De cores e corte lindos. Um lindo vestido estampado. Ela o tirou da sacola, vestiu e se pôs em frente ao espelho. Olhou-se de frente, de lado, de costas. Esboçou ar de admiração e, até, um meio sorriso. Acho que gostou do que viu.
Pensei então que, em breve, ela iria pôr o vestido, um belo par de sandálias e sair na companhia de uma ou mais pessoas para se divertir um pouco, desfrutar da noite fora daquelas quatro paredes, mas passaram-se vários dias e... O vestido nunca saiu dalí. Ela nunca o usou. E não acho que foi por opção, pois ela parecia bem satisfeita com sua aquisição. E não acho que ela o comprou pra guardar.
Pude vê-la sorrir para si ou de si. E era bonito o som do seu sorriso. E raro. Nem alto, nem baixo. Quase musical, como as canções que se ouvia vez ou outra sair pelas frestas da porta e janela.  E sua solidão era muito aparente e sonora. Algumas vezes não era triste sabê-la ali sozinha, pois parecia tão integrada à companhia de si mesma. Eu me percebi, de repente, admirando o fato de alguém estar só, independente de ser por opção ou não.
Às vezes tinha a impressão de que todos os seus sentimentos deveriam caber dentro daquelas quatro paredes, ou então ela os estava protegendo, guardando-os ali. De repente ela poderia ter receio em vivê-los lá fora.
Certa noite, uma bela noite de lua cheia, eu a vi debruçar-se na janela de seu quarto e senti medo de sua tamanha entrega àquela admiração. Ela contemplava a lua com o olhar tão fixo, com um olhar tão profundo. Com um encantamento tão apreciável. Parecia estar se relacionando com aquele momento como se fosse o último. Receei que a lua a levasse pra si, como se isso fosse possível...
A sensação que tinha vez ou outra era a de que ela poderia gostar dos atrativos que se podiam encontrar lá fora, mas a verdade é que quase nunca ela saía à procura destes. Acho que às vezes lhe faltava um convite, outras, ânimo. E, para uma garota assim, ânimo não é algo que se possa encontrar nas gavetas, no guarda roupas, em lojas ou num piscar de olhos. Talvez numa boa garrafa de vinho tinto, o seu preferido, como pude perceber pelos vestígios numa taça que repousava ao lado de sua cama, mas acho que preferia não correr o risco de perder a sobriedade a sentir-se estimulada dessa maneira. Ou eu estava fazendo uma leitura errada a seu respeito.
Música parecia ser algo que lhe preenchia. Ouvir suas canções preferidas lhe acalmava e confortava. Deixavam-lhe alegre, de fato. Sua expressão facial era bem aparente. Mesmo aquelas canções em que o sentimentalismo era exacerbado e a faziam sucumbir às lágrimas de emoção. E pude ver que algumas canções davam a exata sensação de que eram os seus sentimentos cantados, descobertos, explicitados. Pude perceber alguma identificação. Seus segredos cantados... E ela adorava isso. E se entregava a estes momentos... Sem se dar conta de nada ao seu redor.
A solidão muitas vezes tem o mesmo efeito inebriante de uma boa dose de álcool...
A música devia ter o poder de embalar seus pensamentos, suas fantasias. E imagino que ela devesse ter algumas fantasias. Como devem ter a maioria das pessoas solitárias.
Podia imaginá-la vivendo diversas situações quando a olhava aqui do outro lado da rua. Através da sua janela. Mas essas situações fugiam ao seu alcance de modo que ela só cabia naquele espaço reduzido que eu via atrás da sua janela. E que se tornara o meu lugar. E que acolhia os meus momentos. Estaria eu a compartilhar da mesma solidão?
Percebi que muitas perguntas se formam quando a gente está sozinha...
Passar mais tempo só que acompanhada parecia causar desconforto, inquietação. Em certos momentos ela andava de um lado a outro em seu quarto, chegava à janela, olhava de um lado a outro da rua, parecia contar as pessoas e objetos que via, parecia pedir desesperadamente que o tempo passasse logo. Pude vê-la enxugar os olhos. Ela chorava sem emitir sons. Deveria ser um choro de desespero, mas era um choro tão contido. E só seu... Ou talvez  ela chorava pra sentir que estava viva.
Ler e escrever também lhe enchiam os olhos, pude notar. A solidão que se prendera naquele lugar criava asas através das suas palavras e voava alto e velozmente, mas sempre por ali, sempre por perto. As palavras saiam de si com a mesma velocidade e tomavam formas expressivas. Às vezes, ela se assustava com seu próprio sentir, pois a vi admirar-se diversas vezes ao ler seus escritos. Como se não reconhecesse a si mesma quando traduzida ali naquelas linhas.
Eu a via ler e escrever na mesma proporção. Dias e noites. Era curioso. Daria tudo para ler suas palavras. Suas palavras úmidas... De vinho e lágrima.
Palavras escritas sem destino nem destinatário. Apenas angústias, devaneios, desejos, fantasias. Quando não se tem companhia real, palpável, pode-se criar qualquer que seja, qualquer que se queira. E desfrutá-la sem receio de não mais recuperar a lucidez.
Sim, claro, aquela garota devia ter seus desejos. Algumas vezes tinha a impressão de que ela deseja apenas uma xícara de capuccino com canela e chocolate. E contentaria-se em bebê-la sozinha, como a vi tantas vezes fazer. Outras vezes ela parecia desejar a companhia de alguém que pudesse olhar seus olhares, ouvir suas palavras, dividir sensações e opiniões sobre um filme qualquer, uma notícia recente, ou o tempo lá fora. Era como se eu pudesse ver isto em seus olhos silenciosos. Era como se ela pedisse como numa prece, que alguém a fizesse companhia, simplesmente. Compartilhasse de suas horas, que pareciam anos.
Lá fora, o movimento na rua, as luzes, as pessoas, os carros. Aquilo conotava vida. Tempo. E, de certa forma, a fazia sentir que havia sim um movimento lá fora, que havia uma continuidade, ainda que ela sentisse que estava em ritmo diferente. Ou fora de ritmo.
E que ritmo teriam as suas horas se pudesse parar de contá-las?
Uma noite eu adormeci debruçada na minha janela, na minha caixa branca, pois que são brancas as paredes onde guardo meus momentos de observadora, a olhar a tal garota à minha frente, no seu recolhimento.
Despertei algum tempo depois, assustada e meio perdida. Os braços dormentes e o coração acelerado. Levei alguns instantes para voltar a si. Olhei em volta de mim, das minhas quatro paredes, rapidamente, e voltei meu olhar à janela. Não vi a garota. Estranhei. Caminhei por entre os outros cômodos do meu apartamento, olhando pelas outras janelas, na esperança de tornar a vê-la. Nem um sinal. Teria saído? Ou estaria em algum onde meu olhar não alcançasse? Teria ela se dado conta de que sempre fora observada e agora estivesse a se esquivar? Teria se rebelado?
De repente me vi angustiada por não ter essas respostas...
De repente me vi em desespero por perdê-la de vista. Como se eu me sentisse responsável por guardá-la sob meu olhar e a tivesse deixado perder-se enquanto adormeci.
Não sabia o que fazer. Não podia simplesmente atravessar a rua, pegar o elevador, subir ao sétimo andar, tocar sua campanhia pra saber o que havia acontecido.
Era segredo meu tê-la observado todo este tempo... Um segredo só meu.
Então parei. Voltei a me debruçar na janela, olhei pro alto, a princípio, como se fosse encontrar algum sinal. Nada. E essa inquietação era de um silêncio ensurdecedor.
Voltei meu olhar para baixo. Lá abaixo de todos os outros andares. Voltei meu olhar para o chão. Aquela calçada cinza, bem iluminada, seca, livre de transeuntes. Era quase duas horas da madrugada. E lá estava ela. A tal garota solitária. A garota que talvez eu tivesse sido, ou que talvez eu fosse sem que nem soubesse que era. Vestida com o mesmo vestido lindo e estampado que a vi provar. Com pequenos pés descalços. Desacordada. Como se estivesse em sono profundo. Como eu nunca a havia visto antes. Como se tivesse adormecido e posta ali, com cuidado, para que não despertasse. Os cabelos desalinhados e cobrindo parte do rosto, mas pude ter certeza de que era ela. E pude, mesmo ao longe, ter certeza de que não estava dormindo.
Era como observar uma luz que alta brilhava e de repente se apagou.
Fiquei atônita. Senti-me congelada como ela. Presa naquele instante. Sem mãos, pernas e voz. A solidão materializada naquela garota, havia se quebrado com ela. Frágil solidão. Triste solidão.
E eu nem sabia o seu nome.
Caminhei até a cozinha com passos de desilusão. Abri a geladeira como quem suspende uma camada espessa de concreto. Rapidamente meus olhos encontraram uma meia garrafa de vinho tinto. Peguei-a e sentei-me à mesa. Derramei o líquido numa taça e bebi. Bebi como se bebesse diluído aquele momento de pesar. E me senti inebriada pela comoção.
Por onde andarão os meus olhares na ausência daquela garota?
Perdê-la de vista talvez fosse pior que perder a visão. Perdê-la talvez fosse perder-me.
Bebi todo o líquido vermelho sangue daquela garrafa. Bebi em silêncio profundo. Que é de silêncio que se fazem os momentos de despedida. E eu estava me despedindo da companhia da solidão que vi vestida com um lindo vestido estampado.
Ela era linda e viva.
O dia estava por vir. Outra luz surgia ao alto. Não mais aquela que vi em seus olhos. Logo muitas pessoas se aproximariam e abririam olhares e bocas ao vê-la. Cobririam-lhe com um longo lençol branco, escondendo as cores que cobriam o seu silêncio. E dalí em diante nunca mais eu a veria de novo. E aquela caixa cinza teria as paredes demolidas pelo luto do meu olhar.
De súbito, senti que ia sucumbir às lágrimas e me sentei na cama a chorar a morte da solidão.
Sozinha...


Lai Paiva





17 de abril de 2012

Trilha



Quantos caminhos
Até meus passos
Alcançarem os teus
Pra de pés unidos
E sentimentos casados
Seguirmos inteiros
Pra gente se achar
Sem mais se perder
Dos passos de cada um...


Lai Paiva

12 de abril de 2012

Sentindo



Sinto mais que descrevo
Descrevo mais que vivo
Vivo mais que deveria
Deveria viver algo mais
Mais é o quanto espero
Espero que sinta menos
Menos daquilo que é tanto
Tanto e maior que eu mesma...

Lai Paiva

10 de abril de 2012

Tua



De tanto já ser-me tua
Tua sou mais que esperava
Sendo o melhor que eu posso
Vou-me querendo bastar-te
E sendo apenas pra ti
Aquela de nunca ter sido
Esta de sempre ser-te
Por quanto formos bem nossos...


Lai Paiva



6 de abril de 2012

Infinito



Quando o tempo passar
E passares por ele sem mim
Lembras do tempo que fomos
O tempo de sermos só nossos
Como nunca há de haver
Um tempo em que fui só instantes
Aqueles instantes finitos
De um tempo que quis não ter fim...

Lai Paiva



4 de abril de 2012

Quereres


Aos poucos muito me falta
A falta daquilo que sobra
No meu desejo de ter
Por tanto quanto espero
Um dia de se chegar
Aquilo que quero demais
Pra nunca deixar de querer...

Lai Paiva