30 de dezembro de 2011

Uma semana como o passar de um ano




Amanhecera lindamente naquele dia, como não acontecia há algum tempo. O sol aparecera mais imponente, mais reluzente. Lícia contava as horas como se fosse ponteiro de relógio. Relógio que não trazia em seu pulso, pois a angustiava ver como os minutos iam absorvendo os instantes. Ansiava viver cada suspiro seu e cada instante daquela espera, como se a vida fosse tão somente o passar dos dias, frente a ela, como se ela os observasse esvaírem-se sem que ao menos amanhecesse com eles.
Era uma espera doce, mas ao mesmo tempo angustiante. Sabia que chegaria ao fim, mas que, para isso, haveria de esperar por horas. E a espera, ah, aquela espera parecia não ter fim de tão urgente que se fazia.
Mais algumas horas separavam-lhe dele. Pedro era seu nome. Ele, que havia ido embora, viajado quilômetros além de seus olhos, levando consigo aquele desejo que semeou dentro dela. Deixou-a só, com sua saudade dita e escrita, e sua paixão recém nascida.
Falaram ao telefone algumas vezes e ela sempre o sentia sussurrar cada palavra ao seu ouvido. E cada palavra tinha um efeito diferente e mais intenso à medida que ele as ia sussurrando. E ele se mostrava encantado com suas poucas palavras roucas, sonolentas, que ela lhe soprava também ao ouvido. Como numa troca carinhosa e íntima, pra desejar um bom dia.
Escreviam-se as mais ternas declarações de saudade, de carinho, de desejo. Desejo que parecia sem sentido, pois eles mal se tocaram, mas que se tornava totalmente provido de sentido através das palavras que escreviam um ao outro, no sentir que se intensificava cada vez mais dentro de cada um e ao redor de ambos.
Naquele dia, que seria o dia deles, Lícia escolheu seu melhor vestido. Um preto. Nem longo, nem curto, justo, mas de uma sensualidade discreta. Não tinha a intenção de seduzi-lo, mas de reconquistá-lo, já que só o tinha visto em duas efêmeras ocasiões. Escolheu sandálias altas, pois que se achava charmosa ao calçá-las. Seu melhor perfume e seu melhor sorriso. Nos lábios, leve tom rosa, como as maçãs de seu rosto. Vestiu-se para ela e para ele. E para o fim daquela espera.
No aeroporto andava de um lado a outro. Maravilhosamente trêmula. Com uma inquietação juvenil desconfortante e deliciosa de sentir. Receava que a maquiagem sucumbisse ao calor excessivo que sentia pela aproximação evidente. Queria estar bela e atraente para aqueles olhares dele que queria só dela. O tempo nunca se estendera tanto.
E enfim, como tentou imaginar que seria, cada vez que se recolhia em seu sono solitário, Pedro caminhava em sua direção e ela flutuava para o seu abraço. Quando se tocaram, suas almas se reconheceram de imediato e pareciam ser únicos, sem ninguém ao redor, apenas eles e aquela paixão que encontrava seu melhor abrigo naquele primeiro beijo de tantos outros, que seus lábios igualmente desejam por outras vezes mais...

Lai Paiva

29 de dezembro de 2011

Abraço-te

Meus braços abro pra ti
Neles me encontro
Com eles te encanto
Meu sentir te abraçando
Minha saudade beijando
Um querer sem medida
Pra um encontro só nosso
De um instante infindável
Pra tantos outros que quero
Abraçar pra nós dois...

Lai Paiva


28 de dezembro de 2011

Raro


Uma singela homenagem, um carinho de "filha" que me considero, para alguém tão especial quanto a verdade que declaro em versos. 
(À Paulo Pires)



De uma força intensa
De um sentir exato
Só pra ele os dias
Não se fazem tristes
Uns lhe são mais fáceis
Uns lhe são difíceis
Com um sorriso raro
E uma alegria crível
Acalanta os outros
A quem tem por perto
Mostra a cada um
Que viver é tanto
Quanto temos visto
Nos seus olhos nus
E que cada instante
Vale mais que possa
Externar sua alma
Uma alma pura
Pra um alguém tão grande
Bem maior que tudo
Que se tem sentido
Nesse tempo dele
Que é o tempo nosso
Pois estamos todos
Pra vencermos juntos...

Lai Paiva



27 de dezembro de 2011

Presente de um amigo poeta



POEMA DE ELAINE
por Alessandro de Paula

Ela é meu porre
de poesia e vinho nas noites.
Porrada em versos.
Suave,
a carne crua,
o sentimento nu,
a alta-costura,
a máfia russa feita estrofe,
a moda, a foda.

O golpe pesado da luva
em mão leve. Ela é desafio,
poética esfinge que
insiste e diz:
"Dispa-me os versos ou
vou-me embora."

Ora veja, solitária à mesa,
mas só quando quer.
Saca o aparelho da sacola
e manda um torpedo.
Bomba de chocolate na cara.
Tão doce, tão flor.
Tão capuccino com canela.

Embriaguez
e oras-vejas às posturas babacas
excludentes de
ternura
e profundidade.
Ela é contravenção,
traficando calor
e
alegria.

Quando o mundo quer ser mais cinza.
Ora-veja...

Ela repudia o que não tem cor.
Ela é amor.
Com ela aprendo
a devolver amor
sem perceber.


Sentir com Sentido


Já não mais sinto em vão
Meu sentir mais sentido
Cada qual em seu tempo
E no tempo exato
Sentirei bem ao lado
Do sentir que é do outro
Um sentir que é meu...

Lai Paiva




26 de dezembro de 2011

Muito prazer, eu

De tudo sou um pouco
De quase tudo sou muito
Daquilo que mostro sou toda
Àquilo que oculto sou quase nada
Aos olhares sou clara
Pras palavras sou letra
No silêncio sou denúncia
Entre tantas sou algumas
Sendo muitas, sou eu
Quando nua, me visto
Me cobrindo de linhas
De tudo o que sou
E que lê-se aqui
Sem pudor, sem medida
Pois que nada limita
Essas tantas que sou...


Lai Paiva




24 de dezembro de 2011

Um feliz ano se vai, outro feliz se aproxima



Quase já se despedindo de mim, e de todos, 2011 encerra seu espetáculo. As cortinas compostas por seus dias já na iminência de fecharem-se anunciam o fim. Foram 365 dias intensos. Uns dias duraram anos, outros, apenas algumas horas. Sorri, chorei, vivi. De cada alegria, o desejo de reviver, de cada tristeza, a lição pra não mais vivê-la. Tive perdas necessárias pros ganhos futuros. Tive ganhos expressivos e afáveis. Amei demais. E fui demasiadamente amada. Tive ao meu lado as melhores pessoas, as que compensavam outras que nem valeram a pena manter ao meu lado. Errei e acertei quase na mesma proporção. Cresci. Escrevi mais e melhores versos. Versos de uma felicidade explícita, de amores infindáveis, antigos e recentes. Descobri sensações novas. Me reinventei pra me tornar melhor para mim mesma, pro meu filho querido e pros amigos encantadores que tenho. Aprendi a reconhecer meu sentimentalismo mais intimamente e a usá-lo na medida certa. Conquistei e fui conquistada. Tive encontros e reencontros memoráveis. Revivi histórias incríveis, reaprendi a ser eu. 2011 foi um ano importantíssimo. Um marco. Começou meio indesejado, termina completamente bem quisto. Deu-me dias fantásticos. Não os esquecerei jamais. Deu-me pessoas presenteáveis. Repaginou a minha vida como há tempo nenhum outro ano o fez. Foi um ano de suma importância pra mim, pra minha vida, pro meu futuro. Só tenho a agradecer e aqui não caberiam os tantos nomes que merecem e devem ser citados, por isso, não os citarei, mas eles estão escritos dentro de mim, implícito nessas e em todas as linhas que eu escrevo. Que venha um novo ano. Estou preparada para recebê-lo de braços abertos, de versos pensados, de euforia antecipada. Com muito amor, muita verdade, muita cumplicidade, muita inspiração, muita ternura. Que sejam dias ainda melhores. Que venham conquistas ainda maiores. E que as pessoas que me acompanham estejam ainda mais presentes, não apenas aqui bem dentro de mim, mas ao lado da minha presença. Então, desejo à todos um feliz ano novo e que as felicidades que busco pra mim se estendam à cada um. Muito obrigada aos amigos íntimos, aos meus familiares, ao meu filho, especialmente, à Deus e a todos aqueles que, em menor ou maior proporção, contribuíram para que eu me tornasse a pessoa que sou, bem como agradeço por me inspirarem a escrever os meus melhores e mais intensos versos. Que estejamos todos sempre juntos, física ou emocionalmente.

Um feliz 2012 à todos e um beijo meu em cada um.

Lai Paiva

23 de dezembro de 2011

Saudade Tua


Saudade é tão minha
Essa assim de você
E nutre um sentir
Que inspira o meu riso
Que compõe os meus versos
Que embeleza a minh'alma 
Pra alguns outros olhos
Enquanto os seus não retornam
E  se voltam pro instante
Que agora é só nosso
E não mais do acaso...


Lai Paiva

Reservada





A minha porção melhor
Reservo tão logo à ti
Daquilo que te enamora
Àquilo que me aproxima
Dessa que tu mereces
Pra ter em companhia
Nas horas que contarmos nossas
Disso que nos tem mostrado
Que tudo assim de repente
Acontece dentro de nós
Pra estarmos guardados juntos
Dentro de cada um...


Lai Paiva

Na Chuva



Ouça-me se acaso chover
Sinta-me chegar com a brisa
Toque-me ao molhar suas mãos
Deixe que eu adentre a janela
Que no cheiro da chuva me aninhe
Pra que sinta a minha presença
Ainda que eu esteja ausente...


Lai Paiva




21 de dezembro de 2011

Querer Mais



(Chagall)

Beijo os seus beijos guardados
Guarde-os pra mim ao voltar
Volte pra além da lembrança
Lembre de mim ao chegar
Chegue o mais breve possível
E é possível que esteja saudosa
Desse bem que reafirmo sentir
Cada vez que você me afaga
Desse seu jeito bom de querer
De querer outras vezes comigo...

Lai Paiva

20 de dezembro de 2011

Olhar



Meus olhos em você 
Ainda hei de pousar 
Cobrir-lhe de olhares 
Pra guardá-lo pra mim 
E facilmente lembrar
Dos seus raros detalhes 
Que meus lábios numeram 
Pra beijar em silêncio 
Quando você for embora 
Desse meu olhar seu...






 Lai Paiva

19 de dezembro de 2011

Saudade pra se sentir



Saudade sem sentido
Saudade bem sentida
Dessas de se calar
Daquelas de se viver
Escrita em poucas linhas
Descrita em alguns versos
Nascida sem avistar
Nutrida sem intenção
Guardada em cada um
Saudade inexplicável
Explica o bem que faz
Um bem que já é nosso
Assim sem nem sabermos
Ao certo como sentir...

Lai Paiva

18 de dezembro de 2011

Transcrevo-me





Nas entrelinhas
Em cada verso
Pelas palavras
Nos tantos contos
E em cada encanto
Por trás do olhar
Por dentro do abraço
Acima dos gestos
Ao lado do afeto
Por baixo das músicas
Em todo excesso
Com certa euforia
E um toque de ausência
Nas noites de lua
No cheiro do mar
Num jeito de ser
Pra todo instante
Num jeito de amar
Noutro de desamar
No modo de ver
E de me desnudar
De me desfazer
E me renovar
De reconstruir
Pra ver-me de novo
Escrevo as letras
De cada frase que sou
Pras linhas que deixo
Pros olhares de outros...

Lai Paiva









Amor sem amado



(Elsa Mora)


Amo em demasia
Quando não há quem amar
Quando há certo alguém
Meu amor intimista
Meu amar sem medida
Em mim o sentir faz morada
Nas palavras declara-se por vezes
No silêncio convence à mim mesma
Dos meus olhos lança-se à outros
Dos meus lábios sopra "eu te amo"
Nos abraços envolve outras almas
Meu amor tão exato
Meu sentir exacerbado
Que esteja sempre aqui dentro
Ainda que não devesse estar...

Lai Paiva



17 de dezembro de 2011

Dia a dia



A cada dia mais
A cada novo dia
E em todos eles
Eu me sinto mais
Eu me sinto tanto
E sou tão das horas
Quanto elas são minhas...

Lai Paiva






12 de dezembro de 2011

Noturna




Ao passar das horas
Anoitecia quente
Vestindo palavras
De música e vinho
Alta e clara
Saía de si
E se via lua
Embebida em versos
Pra beber o canto
A molhar-se inteira
Cada espaço seu
Espaços vazios
Mal iluminados
Disfarçando as curvas
De um poema íntimo...

Lai Paiva




11 de dezembro de 2011

Amigo meu, amor amigo


*Meus versos simples, com um amor exato, um amor amigo, pro meu bem querer, meu amigo Júnior (Chuchu).





Um amor de amigo
Um amigo que é o amor
O amor que ele inspira
A inspiração pro sorrir
Um sorriso que acalma
O abraço que acolhe
Meu amor, meu amigo
Meu presente querido
Um alguém que é tão raro
Um alguém que é meu
Que é parte de mim
E me faz ser melhor
Do que fui antes dele...

Lai Paiva



8 de dezembro de 2011

Amigos meus...



* Para os queridos Biazinha e Elmo, amigos de um querer bem sem tamanho.






Dois
Ele de uma alegria intensa
Ela de uma sensibilidade rara
Ambos de um sentir incrível
Amor de um, amor do outro
Amores meus
Ele, de palavras ternas
Ela, de palavras belas
Eles de carinho exato
Amores de se admirar
Amigos de querer pra sempre
Desses que me fazem rir
O riso que talvez faltasse
Desses que me acolhem
Num abraço de perder a hora
Eles que me fazem sua
Eu que estarei com eles
Em cada dia nosso
De uma vida inteira
Que teremos todos.

Lai Paiva



5 de dezembro de 2011

Despedida...


* Pra minha irmã e amiga, Mila Porto, meus versos tristes pela saudade antecipada...






Quando você for embora
Não me leve ao seu lado
Que aí não poderei ir-me
Leve-me nas lembranças
Onde sempre poderei estar
Quando você for embora
Não me olhe nos olhos
Eles não sorrirão pra você
Mas abrace minha saudade já sua
Quando você for embora
Há de perder a cor o instante
Há de pousar em meu rosto
A tristeza úmida que me tomará
Quando você for embora, eu irei
Pra dentro da minha presença
Pois tão só vão seguir os meus dias
Tão vazios os bares, tão sem música os sons
Tão secas as taças de vinho e euforia
Tão ausentes as festas dos lugares que eu for
Quando você for embora, minha irmã e amiga
Hão de se fechar as cortinas do espetáculo vivido
Por todos os meses em que estivemos mostrando
Como se vive feliz ainda que seja difícil sê-lo...


Lai Paiva

4 de dezembro de 2011

Eu-Você





Olhe-me
E veja-se
Ouça-me
E leia-se
Toque-me
E sinta-se
Beije-me
E ame-se
Queira-me
E tenha-se
Abrace-me
E envolva-se
Leve-me
E siga-se
Guarde-me
E eternize-se...

Lai Paiva