29 de setembro de 2009

O meu espaço
Não se acostuma
Sem a tua presença
O teu silêncio
Emudece também
Minha fala
A falta do teu calor
Esfria o meu suspiro
Essa distância cortante
Afasta nosso sentir
O bem que eu queria
Repousa fora de mim
Aí, bem perto de ti...
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Lai Paiva
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"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer

Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão

Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu..."
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(Trecho da música - Eu te amo - Tom Jobim e Chico Buarque)

28 de setembro de 2009

É preciso perder os instantes
Para voltar a querê-los?
Que incerteza é essa que
Permeia o sentir que era exato?
Há de ser resgatado e trazido de volta?
Por qual lacuna se desprendeu
Aquela paixão que olhos silenciados gritavam?
Porque o amor às vezes não move os impasses
Por si só?
Como hei de calar a ausência
Que me inunda com tantas perguntas?
E será que as respostas me acalmariam a alma,
Se ditas?
Talvez não seja preciso dizer nada além
Do que essa distância já diz...
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Lai Paiva

27 de setembro de 2009

Queria me mudar de mim, sair um pouco que fosse, não esbarrar nos pedaços em que me encontro, nem tampouco nas lembranças que doem tanto ser lembradas. Quão difícil me disvencilhar de mim mesma, desta que me tornei pro outro. Me juntar de novo me custa tanto. Quanto tempo levarei pra voltar a estampar alegria nos olhos? O fato é que desta vez estou aceitando as coisas como elas querem ser, como o outro quer que seja, sem resistência alguma. Se o outro não me quer ter, eu não serei do outro, nem que seja o que eu mais queira. Preciso de sabedoria pra lidar com minhas perdas, essas que me fazem em pedaços agora. Lá na frente, lá onde não consigo enxergar agora, mas onde hei de chegar, vou estar inteira de novo. Porque ninguém deve se deixar morrer enquanto há vida. Tudo sara, mesmo quando dói tanto que a gente desacredita que um dia vai passar. Eu já sabia, sempre soube, que a vida é isso, ganhar, perder, mas sobretudo aprender. Acumular experiências que me façam uma pessoa melhor, mais forte, pronta pra seguir em frente. E quem sabe lá na frente essas lembranças tão doces não mais se transformem em lágrimas e eu possa dizer desse amor que fora uma poesia linda, cheia de melodia, que me inundou de flores, de sabores, de crença de que amar vale a pena. Continuo acreditando, mesmo assim desacreditada, entende?
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Lai Paiva
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"O que me importa
Essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais
Tristezas prá chorar
Que o seu..."
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(Trecho da música O que me importa - Marisa Monte)

25 de setembro de 2009

...


Hoje eu precisava de uma presença que me acolhesse a alma, me desse calor, me fizesse um afago e acalmasse meus sentidos inquietos e desencontrados... Sinto-me escapar pelos espaços que me separam dessa presença que quero...
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Lai Paiva

21 de setembro de 2009

Estranho senti-lo não me sentir, me deixar escapar da sua lembrança despretenciosamente, esquecido de me buscar dentro de si, onde eu sempre estivera, onde talvez não esteja. Estranho não senti-lo. Sentir sozinha. Buscá-lo onde eu o encontraria e não vê-lo porque ele não está pensando em mim. Estranho? É, estranho e de repente me entristece um pouco...
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Lai Paiva

17 de setembro de 2009

(Salvador Dalí)
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Saudade boa de sentir é aquela que, mesmo quando pequena, não se esvai, não se dissolve nem num abraço desses em que se deixa um pouco de si. Saudade boa é aquela que não se encontra palavras cabíveis pra descrever, palavras que comportem-na. Essa saudade que vos falo tem cheiro, sabor, cor. Um arco íris com cheiro e sabor de brigadeiro na panela, quentinho, convidativo. Uma delícia de sentir. Dilata as pupilas, ruboriza a face, expande os poros, acelera o coração, quando se pensa no objeto da saudade. Faz-se música, poesia, compõe olhares, suspiros, gemidos. Ah, saudade tão boa de sentir. Quente, enérgica, viva. Essa saudade deixa vestígios nos mínimos detalhes das minhas ações diárias. Ainda que eu queira disfarçá-la, guardá-la pra mim, ela me denuncia e me entrega num simples piscar de olhos. Mesmo que não se destine a alguém específico, ou a algo específico. Quão bom respirar saudade, inspirá-la, me relacionar assim com ela...

Lai Paiva

16 de setembro de 2009

"As pessoas são eternas porque alguém as guarda dentro de si..." (Extraído do filme - Lado a lado)
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Hei de querer chegar e estar sempre dentro de algumas pessoas, não de muitas, mas das mais especiais, daquelas que despretenciosamente ou não me acrescentam algo, essas que lado a lado caminham comigo e me fazem sentir humana.
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Lai Paiva

13 de setembro de 2009

(Salvador Dalí)

Meu desejo? Que os instantes sejam todos meus, que eu aprenda com eles a querer mais e mais e a desfrutar da melhor forma possível. Fazer com que cada minuto dos meus instantes me pareça um dia inteiro de aprendizado, de experiência, de prazer. Que me faça querer viver o dobro dos anos que me será concedido. Que eu atraia mais e mais prazeres, pessoas, sentimentos, emoções. Porque a vida, ah a vida, me é tão querida, tão desejada. Mesmo quando o sol parece não ter surgido além da minha janela, mesmo quando o ar parece denso demais, quando as flores parecem ter perdido seu aroma, ainda assim, eu amo ilimitavelmente a minha vida, adoro sentir meu coração pulsando, meu corpo quente, meus olhos piscando, meus lábios se movimentando. Viver é bem mais do que supomos. Tem gente que está vivo e só percebe quando a vida se esvai. Desperdício. Eu não, eu quero é viver mais, tudo, as alegrias, as tristezas, os dias, as noites. Viver os sonhos. A fantasia e a realidade. Elas podem andar juntas, sabia? A gente pode sempre mais do que acreditamos poder. Quão bom sentir assim, essa paixão pelos meus instantes, pela vida que sinto minha. Que me inspira assim. Viva!!!

11 de setembro de 2009

Queira o tempo
Ser mais que instantes
Ser todo pra mim
Eterno, suave, afável
Dias e noites sem fim
Convidando a querer
Mais e bem mais
Querer-te só meu
Sem que nada afora
Te desprenda daqui
Desse tempo que dito
Livres, mas nossos
Para sempre o amor
Medido, moldado
A fazer-nos fieis
À felicidade que ouço...
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Lai Paiva

9 de setembro de 2009



Tirei férias...
Férias do meu antigo visual, de acordar cedo e só voltar a dormir de madrugada, de tomar o café da manhã às pressas, de retocar a maquiagem a cada hora, de ver e rever um monte de pessoas, de ouvir barulhos, de falar demais, de almoçar naquele mesmo restaurante, de perder a novela das oito por não ter chegado em casa ainda, de chegar em casa tarde, exausta, de não ter tempo pra não fazer nada, de tomar banho rapidamente, de esquecer de cuidar dos meus cactos por ter a cabeça cheia de coisas, de ir dormir pensando na porção de afazeres pro dia seguinte... Tirei férias dos outros, das coisas significantes, do tempo, de mim!
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Lai Paiva

7 de setembro de 2009

(Cena do filme "e o vento levou")

Mais um dia
Meus olhos encontram os teus
Sorriso que sinto meu
Tocar e beijar teu rosto
Querer o bem ao meu gosto
Passar todo o tempo assim
Ficar sem pensar num fim
Mais um dia
E outro, e outro
Viver sem cobrar mais um
Livre desejo comum
De um dia
E outro, e outro...
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Lai Paiva

1 de setembro de 2009

Se é pra esquecer, que seja
Muito importa se o fizeres
Mas não me farei ser recordada
O pouco que me resta de lembrança
Tão breve se esvai, é bem certo
E leva consigo todo apreço
Resquício de quaisquer sentimentos
E nos deixa vazios de nós
Cada um sem o outro em si
Porque tudo se vai ao querermos!
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Lai Paiva
(Renne Magritt)


Me parecem tão impróprias
Algumas pessoas para amar
Querer, acolher, nutrir
Me apaixono, desejo perto, amo
Lembro e sou esquecida
Quero e não as recebo
Me escapam e morrem pra mim
As pessoas impróprias
Para os meus sentimentos
Amigos, amantes, amores
Parentes, conhecidos, professores
Sempre os encontro comigo
Em meio às minhas palavras
Que escrevo para não serem lidas...

Lai Paiva