22 de maio de 2011

Uns beijos de café com leite


Havia de ser comum aquela noite do mês de maio. Geralmente era com o mês de junho que vinham as noites incomuns para aquela moça. Não sabia ao certo por qual motivo. Seria talvez mera coincidência, ou não. Ou seriam as surpresas do mês de junho ou seria o mês de junho das surpresas. Ou aquela moça fantasiava com tamanha veracidade, que de fato vivia aquelas surpresas que surgiam com o anoitecer.

Luíza era seu nome. O nome que chamava de seu. E ela era tão dela, como eram as estrelas daquelas noites pelas quais ansiava.

Naquela noite, Luíza, como de costume, anoiteceu. Vestiu-se e perfumou-se. Enfeitou-se sem ao certo saber para quê.

Maio nunca antes havia lhe reservado nada em especial, pois que ela se recordaria. Trinta eram os dias. E nenhuma surpresa lhe trazia. Até aquela noite...

Até encontrar-se com aquele moço de charme imensurável, e de nome Antônio.

Ele lhe falava alegremente. Ela lhe ouvia como quem ouve canções. Riram juntos, tomados de um humor exacerbado que o álcool proporciona.

Olharam pra si de modo que mal puderam manter seus lábios distantes. Sucumbiram àquele desejo comum. Beijaram-se de súbito. Sem notar as horas passando e a noite indo embora.

Passaram horas bebendo seus beijos.

Antônio tinha sabor de café com leite. Embora o álcool que os inebriara ainda estivesse ali, era de café o sabor que ele tinha. E era este o sabor que mais convidava Luíza a provar.

Os lábios, a língua, a saliva. O cheiro e o toque. As mãos que sentiu em si. Antônio estava bem ali, e Luíza o queria seu.

Beijou-o como se fosse em junho. Sentiu como sente uma surpresa. Gostou como de nenhuma noite passada.

Ainda estava lá e já o queria mais.

O sol ameaçava surgir acima dos dois. Sabiam que tinham que ir. Sabiam que o desejo ficaria um pouco mais.

Não sabiam quantas noites mais seriam suas, se seriam. Mas não se despediram daqueles instantes como se fossem os únicos.

Luíza queria mais, pois era bem certo que aquele sabor de Antônio seduzira o seu paladar e já a deixara ávida por tornar a senti-lo...

Lai Paiva


6 comentários:

  1. Ahhhh, Lai, e junhos me trazem tantas saudades. S"ao sementes que germinam e voltam a florir em todos os anos, desde os maios, flores de maio dos perfumes, dos gostos de agostos que permaneceram.

    Lindo, lindo.
    Meu carinho de saudade.
    Samara Bassi

    ResponderExcluir
  2. Belíssimo poema, nada como um café com leite para nos despetar.

    ResponderExcluir
  3. Apaixonante amiga! Lindo, lindo, lindo.... Beijocas Miloca!

    ResponderExcluir
  4. CARACA!!!
    Amiga tu é o cara!!! Mandou muito bem!Lindo, lindo, lindo.....

    Café com leite?! Adoooro!rsrsrs....
    Beijos...

    ResponderExcluir
  5. Obrigada à todos pela leitura e apreciação. Maior prazer que escrever, é ser lida e elogiada assim. Beijos meus!!!

    ResponderExcluir