3 de maio de 2011

...



Havia certa melancolia naquelas manhãs chuvosas. A moça pousava os braços na janela, de modo que sentia aquela melancolia molhar-lhe e ficava assim por longo tempo. Pelo tempo que durava aquele momento de solidão. Sim, os seus momentos solitários chegavam e partiam como encontros marcados. E ela os recebia e se despedia apenas com o barulho que a chuva emanava através da janela. Ela cumprimentava a solidão com sua serenidade. E havia muita intimidade alí. Pois que nada além daquele instante lhe causava tamanha comoção. Um misto de prazer e agonia. Desespero e alívio. Estar só era melhor que estar mal acompanhada. Doía, mas sabia voltar quando partia. Sim, a solidão a levava pra bem longe dela... Mas ela sempre acabava voltando.




Lai Paiva

3 comentários:

  1. "A solidão é fera, a solidão devora.
    É amiga das horas prima irmã do tempo,
    E faz nossos relógios caminharem lentos,
    Causando um descompasso no meu coração."

    Alceu Valença

    Bjos para tu Lai.

    Luiz

    ResponderExcluir
  2. Lu, meu querido, bom te ver por aqui tb. Beijão

    ResponderExcluir
  3. debruçada na janela
    a menina contava o tempo
    nas andorinhas que passavam razantes no vão do seu olhar
    orbitanto a tristeza como uma espera pálpavel.
    desejava apenas uma aquarela bonita e inteira, a partir daquele resquício de sol que ainda a aquecia por dentro.
    Que lindo, Lai.
    Meu beijo.
    Samara Bassi

    ResponderExcluir