26 de maio de 2011

Presente sem namorado


Passava das dezoito horas, muitas pessoas passavam por si. Pessoas apressadas e misturadas. Luma estava sozinha, como de costume. Decidira jantar naquele centro de compras por ser onde encontra as mais diversas opções de saladas, algo que lhe é extremamente atrativo. Decidiu-se ir sem atentar para aquela data em especial. Data em que os lojistas brindam seu maior êxito em termos de lucro. É doze de junho. É dia dos namorados. As vitrines emolduram as paixões. As pessoas compram demonstrações de afeto. As sacolas são pequenas para tantas boas intenções.

Embora o barulho a incomodasse um pouco, Luma experimentava de certa admiração por aqueles momentos, por aquelas pessoas. Era como se pudesse ouvir seus sentimentos, suas expectativas em surpreender o sujeito enamorado. Era como se ela pudesse ouvir aquelas declarações de amor presenteáveis. E sentir as reações estampadas nos rostos de todos eles.

Ela de repente se percebeu compartilhando em segredo do que representava aquela data, meramente comercial, para cada um que ali estava.

E imaginou as reações, as surpresas, as trocas, os agradecimentos. Imaginou as declarações de amor silenciadas nos olhares.

Por alguns instantes quis sentir os beijos que sabia que seriam dados. Quis sentir os abraços que sabia, seriam ousados. Quis sentir o momento exato em que os desejos se encontrariam. E que seriam consumados.

Caminhou horas até, enfim, sentar-se à mesa vazia num canto da praça de alimentação para degustar sua salada de camarões, molho de laranja com mel, tomate seco, folhas mistas e mussarela de búfala.

Não satisfeita, ela, num sobressalto, caminhou até uma dessas lojas que vendem bichos de pelúcia, e que numa data como essa, se abastece dos mais variados e pertinentes mimos, e comprou para si um enorme coração felpudo, com um enorme “eu te amo” bordado no centro. Pediu que embrulhasse para presente.

Em seguida, passou em frente a uma loja de roupas femininas. Passeou seu olhar pela vitrine, de um lado a outro. De cima a baixo. Entrou. Provou um vestido preto, justo, sensual, desses que lhe mostra as curvas sutilmente, de forma a se querer ver mais.

Agradou-se também de um belo par de sandálias azuis. De um azul assim, da cor que atrai olhares. Mais uma vez, pediu que embrulhasse para presente. Compro-os.

Temendo estourar o cartão de crédito, deixou o centro de compras e seguiu para casa. Para a sua casa só sua.

De frente a si em seu quarto, olhou-se bem em seus olhos, riu com desdém do doze de junho e se pôs a desembrulhar aqueles presentes amáveis, presentes do tal namorado, que a data pedia pra ter, que Luma não tinha para si.

Lai Paiva

5 comentários:

  1. Lindo amiga... É uma pena que Luma vai passar esse dia sozinha... Nós não! Vamos chamar ela para compartilhar esse dia com a gente?! Rsrsrsrsrs! Amo tu tatuzinha! Muitão! Beijocas Miloca!

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  2. Mas o presente guarda, ainda sim, surpresas pro futuro... em qualquer data.
    Beijos, Lai querida
    Samara Bassi

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  3. O que não temos hoje...chega amanhã :)E não existem dias especiais quando temos alguém, em qualquer dia sabe bem mimar!

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  4. Eu como Luma vou comemorar esse dia sozinha, presenteando a mim mesma....rs, acho mesmo que vou convidar as amigas solteiras para uma festinha particular, afinal tb temos direito né, rs. Gostei muito do texto, muito bem escrito, me preendeu, beijos querida.

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  5. Sam, Drinha e Milene, obrigada pelas visitas e apreciações. Beijos em cada uma e voltem sempre!

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