12 de julho de 2011

Lina e o mar



Com os pés cansados de caminhar por entre suas lembranças, sentou-se na areia branca daquela mesma praia onde sempre buscara o ar quando este lhe faltava. Pés descalços, livres, como não estava o seu pensar. Pensava com a mesma velocidade que vinham e voltavam as ondas. E seus pensamentos tinham o mesmo cheiro forte e inigualável do mar. Pensamentos vãos. Muitos e diversos. Úmidos, molhavam-lhe por dentro. Cada pedaço de si. Da alma. Por fora, na pele, aquele arrepio já conhecido. Aquele arrepio que a toma quando está só consigo. Lina às vezes misturava-se à cada grão daquela areia fina, de modo que mal sabia aonde estavam os pedaços de si. E as águas a levavam embora, como numa espécie de dança. Depois a traziam. Ela ia e vinha. Às vezes ficava, outras, voltava. Mas sempre queria estar ali, pois que lá, assim, misturada ao mar, ela sabia que não estava só, como de fato estava.

Lai Paiva

Um comentário:

  1. Lai, é muito bom nos encontrarmos com o mar, realmente junto ao mar sempre achamos que não estamos só. Parabéns, belíssimo. Sapo

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