27 de julho de 2011

Ansiosa


Ansiava cada segundo das suas horas. Desesperadamente. O tempo passava, os momentos findavam e ela já estava a esperar por outros. Outros que nem sabia quais. Tinha urgência em viver. Tinha pressa em chegar a algum lugar. Sentia demasiadamente. Sentia na pele, no corpo inteiro. Arrepios, tremores, suores, lágrimas, silêncio. Escrevia o que não sabia sentir. Descrevia o que não vivia. Inventava histórias que apreciava. Encantava-lhe a facilidade de criar os personagens que seus olhos viam onde não existiam. Sua cabeça era um imenso jardim e um imenso deserto, a critério do acaso. Tanto a dizer e calava. Tanto a sentir e implodia. Tanto a viver e dormia. A ânsia lhe alimentava e lhe dava fome. Mas lhe movia. Mal sabia se era a própria ansiedade em pessoa, ou se a ansiedade era ela materializada. Ambas se misturavam. E seguiam juntas... Dia a dia.

Lai Paiva

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