
31 de maio de 2011
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30 de maio de 2011
26 de maio de 2011
Presente sem namorado
Passava das dezoito horas, muitas pessoas passavam por si. Pessoas apressadas e misturadas. Luma estava sozinha, como de costume. Decidira jantar naquele centro de compras por ser onde encontra as mais diversas opções de saladas, algo que lhe é extremamente atrativo. Decidiu-se ir sem atentar para aquela data em especial. Data em que os lojistas brindam seu maior êxito em termos de lucro. É doze de junho. É dia dos namorados. As vitrines emolduram as paixões. As pessoas compram demonstrações de afeto. As sacolas são pequenas para tantas boas intenções.
Embora o barulho a incomodasse um pouco, Luma experimentava de certa admiração por aqueles momentos, por aquelas pessoas. Era como se pudesse ouvir seus sentimentos, suas expectativas em surpreender o sujeito enamorado. Era como se ela pudesse ouvir aquelas declarações de amor presenteáveis. E sentir as reações estampadas nos rostos de todos eles.
Ela de repente se percebeu compartilhando em segredo do que representava aquela data, meramente comercial, para cada um que ali estava.
E imaginou as reações, as surpresas, as trocas, os agradecimentos. Imaginou as declarações de amor silenciadas nos olhares.
Por alguns instantes quis sentir os beijos que sabia que seriam dados. Quis sentir os abraços que sabia, seriam ousados. Quis sentir o momento exato em que os desejos se encontrariam. E que seriam consumados.
Caminhou horas até, enfim, sentar-se à mesa vazia num canto da praça de alimentação para degustar sua salada de camarões, molho de laranja com mel, tomate seco, folhas mistas e mussarela de búfala.
Não satisfeita, ela, num sobressalto, caminhou até uma dessas lojas que vendem bichos de pelúcia, e que numa data como essa, se abastece dos mais variados e pertinentes mimos, e comprou para si um enorme coração felpudo, com um enorme “eu te amo” bordado no centro. Pediu que embrulhasse para presente.
Em seguida, passou em frente a uma loja de roupas femininas. Passeou seu olhar pela vitrine, de um lado a outro. De cima a baixo. Entrou. Provou um vestido preto, justo, sensual, desses que lhe mostra as curvas sutilmente, de forma a se querer ver mais.
Agradou-se também de um belo par de sandálias azuis. De um azul assim, da cor que atrai olhares. Mais uma vez, pediu que embrulhasse para presente. Compro-os.
Temendo estourar o cartão de crédito, deixou o centro de compras e seguiu para casa. Para a sua casa só sua.
De frente a si em seu quarto, olhou-se bem em seus olhos, riu com desdém do doze de junho e se pôs a desembrulhar aqueles presentes amáveis, presentes do tal namorado, que a data pedia pra ter, que Luma não tinha para si.
Lai Paiva
À noite, eu...
24 de maio de 2011
Eu...
Lai Paiva
22 de maio de 2011
Uns beijos de café com leite
Havia de ser comum aquela noite do mês de maio. Geralmente era com o mês de junho que vinham as noites incomuns para aquela moça. Não sabia ao certo por qual motivo. Seria talvez mera coincidência, ou não. Ou seriam as surpresas do mês de junho ou seria o mês de junho das surpresas. Ou aquela moça fantasiava com tamanha veracidade, que de fato vivia aquelas surpresas que surgiam com o anoitecer.
Luíza era seu nome. O nome que chamava de seu. E ela era tão dela, como eram as estrelas daquelas noites pelas quais ansiava.
Naquela noite, Luíza, como de costume, anoiteceu. Vestiu-se e perfumou-se. Enfeitou-se sem ao certo saber para quê.
Maio nunca antes havia lhe reservado nada em especial, pois que ela se recordaria. Trinta eram os dias. E nenhuma surpresa lhe trazia. Até aquela noite...
Até encontrar-se com aquele moço de charme imensurável, e de nome Antônio.
Ele lhe falava alegremente. Ela lhe ouvia como quem ouve canções. Riram juntos, tomados de um humor exacerbado que o álcool proporciona.
Olharam pra si de modo que mal puderam manter seus lábios distantes. Sucumbiram àquele desejo comum. Beijaram-se de súbito. Sem notar as horas passando e a noite indo embora.
Passaram horas bebendo seus beijos.
Antônio tinha sabor de café com leite. Embora o álcool que os inebriara ainda estivesse ali, era de café o sabor que ele tinha. E era este o sabor que mais convidava Luíza a provar.
Os lábios, a língua, a saliva. O cheiro e o toque. As mãos que sentiu em si. Antônio estava bem ali, e Luíza o queria seu.
Beijou-o como se fosse em junho. Sentiu como sente uma surpresa. Gostou como de nenhuma noite passada.
Ainda estava lá e já o queria mais.
O sol ameaçava surgir acima dos dois. Sabiam que tinham que ir. Sabiam que o desejo ficaria um pouco mais.
Não sabiam quantas noites mais seriam suas, se seriam. Mas não se despediram daqueles instantes como se fossem os únicos.
Luíza queria mais, pois era bem certo que aquele sabor de Antônio seduzira o seu paladar e já a deixara ávida por tornar a senti-lo...
Lai Paiva
19 de maio de 2011
Amiga querida, amiga Milinha

17 de maio de 2011
Amiga de todo o sempre, Cris

16 de maio de 2011
Desordem

15 de maio de 2011
Quando a paixão senta à mesa
Há alguns anos, não sei bem quantos, numa noite de um sábado qualquer, vesti um belo vestido preto, de listras finas e corte sensual, pus um par de sandálias altas, de modo que minhas pernas mostravam-se nuas e atraentes. Cobri o meu colo com um perfume marcante, desses que roubam pra si qualquer olfato alheio, e saí pra jantar. Naquela noite eu tinha um encontro marcado comigo mesma. Um jantar, um momento meu, umas horas pra gastar comigo. E eu havia me enfeitado com capricho para tal.
Com um charme que reservei para aquela noite, sentei-me à mesa. Dispensei a entrada. Fui direto ao prato principal. Para beber, vinho tinto. Para comer, frutos do mar. Tocava os talheres como se os acariciasse. Bebia na taça como se a beijasse.
Estava me entregando àquele momento, e ele a mim. E senti prazer por vivê-lo.
Uma música suave tocava ao fundo. Olhei em volta a fim de saber de onde vinha a melodia. Voltei meu olhar em torno do moço moreno, como uma xícara de café com leite, bem vestido, barba por fazer, de gestos suaves e precisos, que tocava aquele piano como devia um homem tocar uma mulher. Intensamente, produzindo os mais admiráveis sons.
Ele fechava seus olhos de modo que os meus logo os queriam chamar de volta. Queria encontrar seus olhares por toda a canção. Eles, às vezes, se perdiam dos meus. Mas sabia ser em nome da emoção que sentia ali. Então eu me contentava.
As mesas em volta de mim iam pouco a pouco se esvaziando. As horas iam passando. Aquele piano continuava lá. Aquele moço continuava lindo. E eu continuava a ouvi-lo.
De repente, pois que pareceu um piscar de olhos, a melodia findou-se. E poucas vozes tomaram conta do silêncio.
Eu, que só o ouvia, me tornara alheia a qualquer outro som daquele lugar. Naquela noite.
Era pra ser só meu aquele momento. Quisera ter sido. Antes de vê-lo. Antes de ouvi-lo.
Mais que a ele, eu vi a paixão. E a ouvi tocar para mim. Embalar meu desejo em ser dele naquela mesma noite. Cada pedaço à mostra ou escondido de mim.
E quão insana me põe a paixão. Pude senti-lo bem ali, ao meu lado. Joelhos próximos aos meus. Perfume me inebriando. Desejo me entorpecendo.
Fechei os meus olhos, como o vira fazer, e pude sentir aquela sua presença tão forte, como se sentasse à mesa comigo. E ele bebia a mim, como ao líquido seco e intenso. Comendo-me como ao prato mais sofisticado que sua língua provara.
Sim, aquele moreno tão belo havia me tomado pra ele. Aquela paixão instantânea havia de ser para ele, ainda que ele jamais viesse a sabê-la sua.
Ouvi lhe chamarem Nicholas. Ouvi me apresentar para ele em segredo. Muito prazer, me chamo Luna. E senti-lhe beijar o meu rosto num cumprimento educado.
Mal sabia o quanto ansiava por um cumprimento a mais. Mal sabia o quanto eu queria apresentar-lhe meu corpo e os meus sons.
E por fim, a madrugada levou-me pra casa. Sozinha. E apaixonada...
Lai Paiva
14 de maio de 2011
Talvez

11 de maio de 2011
Constatação...

10 de maio de 2011
Aquela que não mais se via
Além daquelas montanhas esverdeadas, num casebre à beira do rio, por entre o silêncio daquele lugar, vivia Laís. A moça dos olhos ressentidos. Do olhar distante. Dos passos curtos e sem destino. Passos que não sabiam aonde chegar.
Colhia frutos, plantava flores, banhava-se no rio, vestia-se da serenidade daquele lugar. Saía e voltava sem pressa nem horário marcado.
As horas não lhe pertenciam.
Laís fugira dos sentimentos alheios. De paixões que lhe desconcertavam. De amores que lhe roubavam. De desejos que lhe venciam.
Escolhera ser aquele o seu lugar, fora das lembranças dos que ficaram pra trás. Longe era onde se encontrava segura. Protegida de desilusões. E dos sentidos que não eram seus.
Sim, fugira, sem se despedir. Pois que nas despedidas deixaria um pouco de si, sabia, e queria partir inteira.
Naquelas montanhas, bem no alto, plantou o que lhe restava de esperanças.
Esperanças de tornar a ver seus olhos livres. E seu corpo suave como pluma. Cheiroso como a chuva. Vivo como as borboletas.
E talvez pudesse voar. Com a liberdade que seu sentir lhe tomara.
E talvez ela sorrisse de novo. Como já tanto fizera, antes de ser quem é.
Lai Paiva
Maio/2011
8 de maio de 2011
Minha amiga tão linda e querida, minha Tati = )
