5 de janeiro de 2014

Quanto ao Tempo


Quanto tempo dura a paixão? Quanto tempo dura uma paixão? Uma fase da lua? Um poema? Uma xícara de café? Uma hora? Um encontro? Uma vida inteira? De quantas paixões somos feitos? Por quantas paixões somos desfeitos? Quando exatamente começa? No olhar, no beijo, ou no toque despretensioso? E o que leva a paixão a nos levar à um completo e maravilhoso estado de torpor? As substâncias que liberam no nosso organismo, ou o cheiro da outra pessoa? Adianta se esquivar da paixão? Há como tornar-se imune? Vive-se bem sem experimentar esta perigosa armadilha sentimental? Não seria mais seguro jamais apaixonar-se? Mas não seria o maior descontentamento jamais prová-la? Porque as pessoas não podem se apaixonar umas pelas outras no mesmo instante? Sem que haja solidão e saudade não correspondida. Porque a paixão não pode nos salvar ao invés de nos pôr em risco assim? Porque é tão quente e tão somente ela, a paixão, pode nos aquecer por dentro? Porque dói tanto apaixonar-se sozinha? O que leva alguém a fingir-se apaixonado para despertar a nossa paixão sem se preocupar com as lacunas que deixará? O que pensa a paixão pra chegar sem avisar e ficar pelo tempo que deseja, mesmo contra nossa vontade? Quem a paixão pensa que é? O que ela finge tão bem ser? Ah, mas que delícia vivê-la, mesmo que como um completo engano. Mesmo que seja um erro, ou a loucura mais insana. Eu não saberia viver sem apaixonar-me. A paixão não saberia ser se não fosse minha. Os desenganos fazem parte. Toda doçura em algum momento causa dissabor. Justamente com a paixão não poderia ser diferente. Não cabe à nós escolher o momento certo, a pessoa apropriada. Porque simplesmente não existem. O momento será aquele que não é aguardado. A pessoa será aquela que só existe na nossa cabeça. Nada é tão impróprio como apaixonar-se. Mas o que seria do deitar à noite pra dormir e passar os quinze minutos antes do sono chegar pensando naquela pessoa por quem se está apaixonada? Quer saber? Eu não estou mais apaixonada por ninguém, vale salientar, mas me senti impulsionada a escrever sobre esse sentimento avassalador, sob recordações da minha última paixão. Uma paixão que levou embora a vontade de continuar apaixonada, mas deixou a vontade de, algum dia, daqui a algum tempo, tornar a me apaixonar de novo. Nem que seja platonicamente, por uma questão de segurança. Quem sabe...


Lai Paiva

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