6 de maio de 2012

Aquele meu moço não é meu


O moço do cinco de janeiro tinha olhos de se querer guardar, pelos quais me apaixonei. Tinha lábios de se beijar todo dia, nas manhãs que não amanheceram, nas noites que entardeceram. Seus abraços tinham a mais leve textura e o tocar mais preciso. Suas palavras me embalavam. Seu corpo tinha os contornos do meu contentar e o cheiro que sempre busquei. Era lindo como nada se viu. De um charme poético, de um silêncio marcante. Me apaixonei sem beijá-lo. O amei ao senti-lo. Me doei ao prová-lo. Escrevi-lhe os sentires mais ternos. Sensações mais gostosas. Saudades intermináveis. Sonhei tantos dias pra nós. Passei poucas horas com ele. O queria mais do que pude. De um querer nunca antes sentido. O vivi unicamente. De um viver mais que esperado. Sabia do risco de ser-lhe. Quis ser-lhe pra sempre. Sempre era tanto pra nós. O moço não pôde ficar. E eu tive que ir. Fomos embora de nós. E então percebi que ele nunca existiu. Como muito do que há de melhor. Apenas no meu segredo mais doce. Que me fez tanto bem, enquanto esteve ao lado da minha presença tão dele.



Lai Paiva

2 comentários:

  1. tão passageiro, tão etéreo... mas intenso, profundo... de alguma forma, ele foi para sempre !

    lindo !

    beijão

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  2. hum curti muito! me lembrou um moço que não é meu! bjs

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