Então o amor é isso. Esse abismo
antipoético entre a paz e a saudade aflitiva. Essa ausência invencível. Essa
dor tão boa de sentir. Essa solidão avolumada pela distância. Essa vontade de
esvaziar-se ao mesmo tempo em que se transborda de lembranças quentes e
pulsantes. E amar consiste nessa insanidade linda e corrosiva.
Então o amor se escreve com mais
de quatro letras e sua pronúncia transita entre uma doce melodia e uma angustiante
memória. Há o desejo imensurável de voltar a vivê-lo, lutando para engolir a sã
consciência de que é melhor mata-lo dentro de si.
Então o amor é mais do que era
quando ele estava aqui. É o que resta de quem fica. O detalhe mais gritante, em
cada lugar que se vá. O cheiro que persiste. O gosto intravenoso. O silêncio que
isola do mundo externo. As canções que foram escolhidas a dois. As palavras
recrutadas para acarinhar com precisão. A perda de grande parte de tudo.
Então o amor é o maior risco a se
correr. A pequena morte diária de quem ama. O acerto mal calculado. A tristeza
mais afável. A inspiração insensata. A esperança nascida em vão.
Então o amor é, sobretudo, esse
desespero secreto que ninguém pode colher nos olhos de quem o sente. E torna
tudo impossível depois que chega. E tudo inútil depois que se vai...
Aff! Prefeito...
ResponderExcluirbeijo.
Obrigada, Ingrid! Volte sempre!
ResponderExcluirTalvez o amor seja isso mesmo que diz
ResponderExcluir"um desespero secreto"...
Mas gostei desse dissertar, acerca do amor e de sua incoerência.
Maria Luísa
"os7degraus"
Maria Luisa, muito obrigada pela apreciação. Beijo
ResponderExcluir