25 de fevereiro de 2012

Mais um Aniversário Meu




Mais um ano. 34 ao todo. No rosto, os sinais de quem viveu intensamente cada ano desses. Na alma, as marcas de quem deixou de viver alguns outros anos. Ganhos de tirar o fôlego. Perdas de tirar o sentido. Um filho lindo, maravilhoso. Meu melhor amigo em sua tradução mais fiel ao significado da amizade. Alguns bichos de estimação passaram, cachorros, coelhos, peixes, iguana, pássaros. Alguns cactos permanecem comigo. Minhas paixões. E umas begônias recebidas de presente. Muitas pessoas chegaram e ficaram. As melhores, em sua maioria. Passaria horas escrevendo seus nomes aqui. E cada uma delas pôs a sua porção na composição final que resulta nessa que sou. Outras pessoas passaram. Levaram o que puderem extrair de mim, bom ou ruim, aquilo que me inspiraram a ser, a sentir, a dar. Deixaram lembranças ruins, inapagáveis. Indeléveis. Tantas experiências. Tantas músicas, poesias, filmes, peças, shows. Tantos pileques pra curar alguma dor, ou desamor, ou pra enaltecer alguma alegria ou conquista. Tantas noites mal dormidas ou em claro. Tantos choros incontidos ou silenciados. Tantos amores amigos. Tanto amor por alguns homens que conheci. Cada um em seu momento meu. Quantas declarações de amor explícitas. Feitas e recebidas. Tantas canções ofertadas e dadas de presente. Quantos presentes. Engordei, emagreci, cuidei do corpo, descuidei. Me achei bonita, me vi feia. Mudei de aparência diversas vezes. Me interessei por muitas coisas ao mesmo tempo. Perdi a graça por tudo, noutros momentos. Namorei, separei. Acreditei, fui enganada. Enganei. Me enganei. Ouvi muitas mentiras em muitos desses anos. Mentiras verdadeiras. Contundentes. Me dissolveram, me desfizeram. Me reinventei. Me refiz. Me arrependi de muita coisa. Muita coisa eu viveria de novo. Disse muitos nãos quando queria dizer sim. Disse muito sim quando deveria dizer não. Desejei demais o que não estava ao meu alcance. Desejei quem fingia me desejar. Fingi não desejar quem tanto queria. Ocultei  algumas saudades. Explanei outras. Beijei muitos lábios. Deixei de beijar outros que tanto quis. Me doei, me roubaram de mim, me perdi, me reencontrei. Escrevi demais, muitas linhas do que sou e daquilo que trago comigo. Me desnudei em palavras. Me despi em versos. Me expus poeticamente, me expuseram desnecessariamente. Adoeci, me mediquei. Sarei, abandonei os remédios. Amanheci em ótimas companhias. Anoiteci em momentos ruins. Madruguei pra me recompor. Cai tantas vezes. Levantei outras tantas. Pensei em desistir de tudo. Me convenceram a seguir adiante. Descrevi minhas dores. Fiz dos meus instantes, minha escrita mais lida. Nos contos, vivi o impossível. Nos personagens que criei, um pouco ou muito de mim e daqueles que conheci. Fantasiei uma vida paralela à minha realidade. Tive crises de racionalidade que me puseram sob alerta. Me deixei levar por paixões avassaladoras. Me feri ao viver algumas delas. Trabalhei muito, descansei bastante. Dormi poucas horas quando deveria dormir muitas. Dormi muitas, quando deveria me manter acordada. Oscilei humores. Ri e chorei em intervalos pequenos de tempo. Me levaram ao céu e ao inferno em intervalos pequenos de dias. Despertei sentires. Senti demasiadamente. O amor me ensinou a viver. A ansiedade me ensinou a morrer. Angústias me puseram melancólica. Euforias me puseram invencível. Meus sentimentos sempre se renovaram. A cada inspiração. Disse muitos "eu te amo". Com verdade e certeza. Ouvi alguns sinceros, outros tão falsos quanto aqueles que os disseram. Ouvi mentiras como quem ouve verdades. Disse verdades como quem presenteia. Desacreditei das pessoas e de mim. Voltei a acreditar em seguida. Me enganei novamente. A vida sempre me pondo em apuros. E eu sempre vivendo-a com desejo. Vivi com pouco cuidado. Cometi excessos. Sofri as consequências por cometê-los. Aprendi. Errei de novo. Desisti de sentir. Quis me esvaziar de sentires. Não seria mais eu. Nunca quis deixar de ser-me, na verdade. Olhei muitas vezes pra mim e não me vi. Deixei de olhar tanto e me enxerguei. Me contradisse. Me afirmei. Venci alguns medos. Ganhei outros. Guardei algumas mágoas. Inevitável não mantê-las. Relevei outras. Me senti pequena e indefesa em alguns instantes. Noutros, maior que tudo. Enfraqueci por permissão. Me fortaleci focada em algo maior. Me uni, me separei. Experimentei as maiores solidões. E as dores que elas causam no corpo. Me cerquei de gente, de muita gente. Me entreguei à algumas. Tive a pior experiência com o amor. E tive a pior experiência com amizade. Minhas maiores decepções. Em contrapartida tenho um amor pra recordar para sempre, que jamais me fez mal, que jamais me fará. Que está num plano de amizade hoje em dia, mas com a mesma ternura de sempre. Em contrapartida também, tenho os melhores amigos que alguém pode querer. E que são parte essencial de mim. Cheguei aos 34, sim. E sinto como se tivesse vivido o dobro, tamanha as experiências pelas quais passei. Me canso, descanso e torno a ansiar mais. Quero muitos outros anos. Quero envelhecer escrevendo e lendo os meus escritos pro meu filho, pros meus netos. Quem sabe publicar um livro de poesias e outro de contos. Quero me casar, plantar um jardim inteiro, com girassóis, margaridas, rosas. Quero cozinhar muito ainda e ouvir elogios ao meu tempero. Quero ouvir e ofertar muitas canções. Descobrir novas sensações. Quero ver meu cabelo mudar de cor. Ter a cabeça inteiramente branca e o espírito profundamente leve. Quero um companheiro que amanheça comigo em todas as minhas manhãs e que me beije o beijo mais sentimentalista. Que me faça sentir que valeu a pena não desistir de amar, embora várias pessoas tenham quase me feito desistir. Quero viajar muito, conhecer vários lugares, mas especialmente aqueles que me coloquem mais próxima à natureza, à arte e à poesia. Quero ver muitas luas cheias e sentir muitas brisas ainda. Por fim, quando tiver conhecido todas as maravilhas que a vida reservou pra mim, quando meu filho e meus netos estiverem confortáveis em suas vidas, quero poder descansar de todas as aventuras, devaneios, realizações. E fazê-lo com a serenidade que sempre quis pra mim e para todos aqueles que amo. Ir-me sem proporcionar tristezas, mas a certeza de que cumpri o meu papel e que já era hora de ir pra um lugar melhor, onde eu possa ser uma pessoa maior. Ainda que não seja mais vista...

Quero agradecer a cada um que compartilha suas vidas comigo. São muitos e eles sabem exatamente quem são. E quero dizer que o meu amor é o que tenho de melhor, por trás de todos esses defeitos e falhas inevitáveis. E o meu amor é de todos vocês, meus amigos e familiares, especialmente do meu filho Yago, esse menino perfeito e que cada vez mais me surpreender ao superar todas as expectativas que crio acerca dele. 

Então, Feliz Aniversário pra mim, não é mesmo?! 
E que venham os próximos!

Lai Paiva

8 comentários:

  1. Feliz!
    Que Deus acolha cada dia que virá!
    bjs
    Bk

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  2. Quando a achava insuperavel... La vem vc de novo!! Lindo demais... Tati

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  3. Um de seus melhores textos,Lai.Parabéns duplamente.Beijãozão pra vc!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Fantático Lai! Parabéns pra vc!!! Que toda essa alegria vivida venha em dobro nos próximos anos, que as tristezas e decepções não passem de histórias "engraçadas" e boas de lembrar!!! Te adoro querida e desejo tudo de melhor pra vc!!! Beijos!!!

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  6. Quando se tem poesia na alma, fica mais fácil compartilhar os bons sentimentos com os amigos. Parabéns!


    Mozart

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  7. Lai, me emocionei, quantas palavras profundas. Assim como me entrego pra dança vc de desnuda em palavras, se fragmenta e se recompõe como mágica, que lindo, que belo, fiquei paralizado aqui na cadeira lendo. O Coração batendo forte e uma vontade imensa em dançar essas palavras, uma vontade de transformar teus sentimentos em movimento, emprestar meu corpo pra esse amor, essa verdade linda. Maravilhoso. orgulho imenso. Que venham outros.. e que eu dance um desses....=). Amo!
    DO teu amigo. Augusto Mendonça

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  8. Meu queridos, cada um de vcs e outros tantos têm uma significância tão grande pra mim. E são exatamente vcs que me inspiram a escrever assim. Mil vezes obrigada pelas apreciações e elogios à minha escrita. É uma honra! Beijos meus!

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