30 de dezembro de 2011

Uma semana como o passar de um ano




Amanhecera lindamente naquele dia, como não acontecia há algum tempo. O sol aparecera mais imponente, mais reluzente. Lícia contava as horas como se fosse ponteiro de relógio. Relógio que não trazia em seu pulso, pois a angustiava ver como os minutos iam absorvendo os instantes. Ansiava viver cada suspiro seu e cada instante daquela espera, como se a vida fosse tão somente o passar dos dias, frente a ela, como se ela os observasse esvaírem-se sem que ao menos amanhecesse com eles.
Era uma espera doce, mas ao mesmo tempo angustiante. Sabia que chegaria ao fim, mas que, para isso, haveria de esperar por horas. E a espera, ah, aquela espera parecia não ter fim de tão urgente que se fazia.
Mais algumas horas separavam-lhe dele. Pedro era seu nome. Ele, que havia ido embora, viajado quilômetros além de seus olhos, levando consigo aquele desejo que semeou dentro dela. Deixou-a só, com sua saudade dita e escrita, e sua paixão recém nascida.
Falaram ao telefone algumas vezes e ela sempre o sentia sussurrar cada palavra ao seu ouvido. E cada palavra tinha um efeito diferente e mais intenso à medida que ele as ia sussurrando. E ele se mostrava encantado com suas poucas palavras roucas, sonolentas, que ela lhe soprava também ao ouvido. Como numa troca carinhosa e íntima, pra desejar um bom dia.
Escreviam-se as mais ternas declarações de saudade, de carinho, de desejo. Desejo que parecia sem sentido, pois eles mal se tocaram, mas que se tornava totalmente provido de sentido através das palavras que escreviam um ao outro, no sentir que se intensificava cada vez mais dentro de cada um e ao redor de ambos.
Naquele dia, que seria o dia deles, Lícia escolheu seu melhor vestido. Um preto. Nem longo, nem curto, justo, mas de uma sensualidade discreta. Não tinha a intenção de seduzi-lo, mas de reconquistá-lo, já que só o tinha visto em duas efêmeras ocasiões. Escolheu sandálias altas, pois que se achava charmosa ao calçá-las. Seu melhor perfume e seu melhor sorriso. Nos lábios, leve tom rosa, como as maçãs de seu rosto. Vestiu-se para ela e para ele. E para o fim daquela espera.
No aeroporto andava de um lado a outro. Maravilhosamente trêmula. Com uma inquietação juvenil desconfortante e deliciosa de sentir. Receava que a maquiagem sucumbisse ao calor excessivo que sentia pela aproximação evidente. Queria estar bela e atraente para aqueles olhares dele que queria só dela. O tempo nunca se estendera tanto.
E enfim, como tentou imaginar que seria, cada vez que se recolhia em seu sono solitário, Pedro caminhava em sua direção e ela flutuava para o seu abraço. Quando se tocaram, suas almas se reconheceram de imediato e pareciam ser únicos, sem ninguém ao redor, apenas eles e aquela paixão que encontrava seu melhor abrigo naquele primeiro beijo de tantos outros, que seus lábios igualmente desejam por outras vezes mais...

Lai Paiva

29 de dezembro de 2011

Abraço-te

Meus braços abro pra ti
Neles me encontro
Com eles te encanto
Meu sentir te abraçando
Minha saudade beijando
Um querer sem medida
Pra um encontro só nosso
De um instante infindável
Pra tantos outros que quero
Abraçar pra nós dois...

Lai Paiva


28 de dezembro de 2011

Raro


Uma singela homenagem, um carinho de "filha" que me considero, para alguém tão especial quanto a verdade que declaro em versos. 
(À Paulo Pires)



De uma força intensa
De um sentir exato
Só pra ele os dias
Não se fazem tristes
Uns lhe são mais fáceis
Uns lhe são difíceis
Com um sorriso raro
E uma alegria crível
Acalanta os outros
A quem tem por perto
Mostra a cada um
Que viver é tanto
Quanto temos visto
Nos seus olhos nus
E que cada instante
Vale mais que possa
Externar sua alma
Uma alma pura
Pra um alguém tão grande
Bem maior que tudo
Que se tem sentido
Nesse tempo dele
Que é o tempo nosso
Pois estamos todos
Pra vencermos juntos...

Lai Paiva



27 de dezembro de 2011

Presente de um amigo poeta



POEMA DE ELAINE
por Alessandro de Paula

Ela é meu porre
de poesia e vinho nas noites.
Porrada em versos.
Suave,
a carne crua,
o sentimento nu,
a alta-costura,
a máfia russa feita estrofe,
a moda, a foda.

O golpe pesado da luva
em mão leve. Ela é desafio,
poética esfinge que
insiste e diz:
"Dispa-me os versos ou
vou-me embora."

Ora veja, solitária à mesa,
mas só quando quer.
Saca o aparelho da sacola
e manda um torpedo.
Bomba de chocolate na cara.
Tão doce, tão flor.
Tão capuccino com canela.

Embriaguez
e oras-vejas às posturas babacas
excludentes de
ternura
e profundidade.
Ela é contravenção,
traficando calor
e
alegria.

Quando o mundo quer ser mais cinza.
Ora-veja...

Ela repudia o que não tem cor.
Ela é amor.
Com ela aprendo
a devolver amor
sem perceber.


Sentir com Sentido


Já não mais sinto em vão
Meu sentir mais sentido
Cada qual em seu tempo
E no tempo exato
Sentirei bem ao lado
Do sentir que é do outro
Um sentir que é meu...

Lai Paiva




26 de dezembro de 2011

Muito prazer, eu

De tudo sou um pouco
De quase tudo sou muito
Daquilo que mostro sou toda
Àquilo que oculto sou quase nada
Aos olhares sou clara
Pras palavras sou letra
No silêncio sou denúncia
Entre tantas sou algumas
Sendo muitas, sou eu
Quando nua, me visto
Me cobrindo de linhas
De tudo o que sou
E que lê-se aqui
Sem pudor, sem medida
Pois que nada limita
Essas tantas que sou...


Lai Paiva




24 de dezembro de 2011

Um feliz ano se vai, outro feliz se aproxima



Quase já se despedindo de mim, e de todos, 2011 encerra seu espetáculo. As cortinas compostas por seus dias já na iminência de fecharem-se anunciam o fim. Foram 365 dias intensos. Uns dias duraram anos, outros, apenas algumas horas. Sorri, chorei, vivi. De cada alegria, o desejo de reviver, de cada tristeza, a lição pra não mais vivê-la. Tive perdas necessárias pros ganhos futuros. Tive ganhos expressivos e afáveis. Amei demais. E fui demasiadamente amada. Tive ao meu lado as melhores pessoas, as que compensavam outras que nem valeram a pena manter ao meu lado. Errei e acertei quase na mesma proporção. Cresci. Escrevi mais e melhores versos. Versos de uma felicidade explícita, de amores infindáveis, antigos e recentes. Descobri sensações novas. Me reinventei pra me tornar melhor para mim mesma, pro meu filho querido e pros amigos encantadores que tenho. Aprendi a reconhecer meu sentimentalismo mais intimamente e a usá-lo na medida certa. Conquistei e fui conquistada. Tive encontros e reencontros memoráveis. Revivi histórias incríveis, reaprendi a ser eu. 2011 foi um ano importantíssimo. Um marco. Começou meio indesejado, termina completamente bem quisto. Deu-me dias fantásticos. Não os esquecerei jamais. Deu-me pessoas presenteáveis. Repaginou a minha vida como há tempo nenhum outro ano o fez. Foi um ano de suma importância pra mim, pra minha vida, pro meu futuro. Só tenho a agradecer e aqui não caberiam os tantos nomes que merecem e devem ser citados, por isso, não os citarei, mas eles estão escritos dentro de mim, implícito nessas e em todas as linhas que eu escrevo. Que venha um novo ano. Estou preparada para recebê-lo de braços abertos, de versos pensados, de euforia antecipada. Com muito amor, muita verdade, muita cumplicidade, muita inspiração, muita ternura. Que sejam dias ainda melhores. Que venham conquistas ainda maiores. E que as pessoas que me acompanham estejam ainda mais presentes, não apenas aqui bem dentro de mim, mas ao lado da minha presença. Então, desejo à todos um feliz ano novo e que as felicidades que busco pra mim se estendam à cada um. Muito obrigada aos amigos íntimos, aos meus familiares, ao meu filho, especialmente, à Deus e a todos aqueles que, em menor ou maior proporção, contribuíram para que eu me tornasse a pessoa que sou, bem como agradeço por me inspirarem a escrever os meus melhores e mais intensos versos. Que estejamos todos sempre juntos, física ou emocionalmente.

Um feliz 2012 à todos e um beijo meu em cada um.

Lai Paiva

23 de dezembro de 2011

Saudade Tua


Saudade é tão minha
Essa assim de você
E nutre um sentir
Que inspira o meu riso
Que compõe os meus versos
Que embeleza a minh'alma 
Pra alguns outros olhos
Enquanto os seus não retornam
E  se voltam pro instante
Que agora é só nosso
E não mais do acaso...


Lai Paiva

Reservada





A minha porção melhor
Reservo tão logo à ti
Daquilo que te enamora
Àquilo que me aproxima
Dessa que tu mereces
Pra ter em companhia
Nas horas que contarmos nossas
Disso que nos tem mostrado
Que tudo assim de repente
Acontece dentro de nós
Pra estarmos guardados juntos
Dentro de cada um...


Lai Paiva

Na Chuva



Ouça-me se acaso chover
Sinta-me chegar com a brisa
Toque-me ao molhar suas mãos
Deixe que eu adentre a janela
Que no cheiro da chuva me aninhe
Pra que sinta a minha presença
Ainda que eu esteja ausente...


Lai Paiva




21 de dezembro de 2011

Querer Mais



(Chagall)

Beijo os seus beijos guardados
Guarde-os pra mim ao voltar
Volte pra além da lembrança
Lembre de mim ao chegar
Chegue o mais breve possível
E é possível que esteja saudosa
Desse bem que reafirmo sentir
Cada vez que você me afaga
Desse seu jeito bom de querer
De querer outras vezes comigo...

Lai Paiva

20 de dezembro de 2011

Olhar



Meus olhos em você 
Ainda hei de pousar 
Cobrir-lhe de olhares 
Pra guardá-lo pra mim 
E facilmente lembrar
Dos seus raros detalhes 
Que meus lábios numeram 
Pra beijar em silêncio 
Quando você for embora 
Desse meu olhar seu...






 Lai Paiva

19 de dezembro de 2011

Saudade pra se sentir



Saudade sem sentido
Saudade bem sentida
Dessas de se calar
Daquelas de se viver
Escrita em poucas linhas
Descrita em alguns versos
Nascida sem avistar
Nutrida sem intenção
Guardada em cada um
Saudade inexplicável
Explica o bem que faz
Um bem que já é nosso
Assim sem nem sabermos
Ao certo como sentir...

Lai Paiva

18 de dezembro de 2011

Transcrevo-me





Nas entrelinhas
Em cada verso
Pelas palavras
Nos tantos contos
E em cada encanto
Por trás do olhar
Por dentro do abraço
Acima dos gestos
Ao lado do afeto
Por baixo das músicas
Em todo excesso
Com certa euforia
E um toque de ausência
Nas noites de lua
No cheiro do mar
Num jeito de ser
Pra todo instante
Num jeito de amar
Noutro de desamar
No modo de ver
E de me desnudar
De me desfazer
E me renovar
De reconstruir
Pra ver-me de novo
Escrevo as letras
De cada frase que sou
Pras linhas que deixo
Pros olhares de outros...

Lai Paiva









Amor sem amado



(Elsa Mora)


Amo em demasia
Quando não há quem amar
Quando há certo alguém
Meu amor intimista
Meu amar sem medida
Em mim o sentir faz morada
Nas palavras declara-se por vezes
No silêncio convence à mim mesma
Dos meus olhos lança-se à outros
Dos meus lábios sopra "eu te amo"
Nos abraços envolve outras almas
Meu amor tão exato
Meu sentir exacerbado
Que esteja sempre aqui dentro
Ainda que não devesse estar...

Lai Paiva



17 de dezembro de 2011

Dia a dia



A cada dia mais
A cada novo dia
E em todos eles
Eu me sinto mais
Eu me sinto tanto
E sou tão das horas
Quanto elas são minhas...

Lai Paiva






12 de dezembro de 2011

Noturna




Ao passar das horas
Anoitecia quente
Vestindo palavras
De música e vinho
Alta e clara
Saía de si
E se via lua
Embebida em versos
Pra beber o canto
A molhar-se inteira
Cada espaço seu
Espaços vazios
Mal iluminados
Disfarçando as curvas
De um poema íntimo...

Lai Paiva




11 de dezembro de 2011

Amigo meu, amor amigo


*Meus versos simples, com um amor exato, um amor amigo, pro meu bem querer, meu amigo Júnior (Chuchu).





Um amor de amigo
Um amigo que é o amor
O amor que ele inspira
A inspiração pro sorrir
Um sorriso que acalma
O abraço que acolhe
Meu amor, meu amigo
Meu presente querido
Um alguém que é tão raro
Um alguém que é meu
Que é parte de mim
E me faz ser melhor
Do que fui antes dele...

Lai Paiva



8 de dezembro de 2011

Amigos meus...



* Para os queridos Biazinha e Elmo, amigos de um querer bem sem tamanho.






Dois
Ele de uma alegria intensa
Ela de uma sensibilidade rara
Ambos de um sentir incrível
Amor de um, amor do outro
Amores meus
Ele, de palavras ternas
Ela, de palavras belas
Eles de carinho exato
Amores de se admirar
Amigos de querer pra sempre
Desses que me fazem rir
O riso que talvez faltasse
Desses que me acolhem
Num abraço de perder a hora
Eles que me fazem sua
Eu que estarei com eles
Em cada dia nosso
De uma vida inteira
Que teremos todos.

Lai Paiva



5 de dezembro de 2011

Despedida...


* Pra minha irmã e amiga, Mila Porto, meus versos tristes pela saudade antecipada...






Quando você for embora
Não me leve ao seu lado
Que aí não poderei ir-me
Leve-me nas lembranças
Onde sempre poderei estar
Quando você for embora
Não me olhe nos olhos
Eles não sorrirão pra você
Mas abrace minha saudade já sua
Quando você for embora
Há de perder a cor o instante
Há de pousar em meu rosto
A tristeza úmida que me tomará
Quando você for embora, eu irei
Pra dentro da minha presença
Pois tão só vão seguir os meus dias
Tão vazios os bares, tão sem música os sons
Tão secas as taças de vinho e euforia
Tão ausentes as festas dos lugares que eu for
Quando você for embora, minha irmã e amiga
Hão de se fechar as cortinas do espetáculo vivido
Por todos os meses em que estivemos mostrando
Como se vive feliz ainda que seja difícil sê-lo...


Lai Paiva

4 de dezembro de 2011

Eu-Você





Olhe-me
E veja-se
Ouça-me
E leia-se
Toque-me
E sinta-se
Beije-me
E ame-se
Queira-me
E tenha-se
Abrace-me
E envolva-se
Leve-me
E siga-se
Guarde-me
E eternize-se...

Lai Paiva



27 de novembro de 2011

Ainda te espero, C. C.















(Carol Cani)


Há anos sem os anos que seriam nossos
Palavras que seriam tuas, continuo a escrevê-las
Momentos em que seríamos só nós, ainda os espero
Beijos que pousaria em teu lábios, os guardo
Abraços que encontrariam teu cheiro, os trago
Olhares que te procuram há anos, insistem em achar-te
Sensações que sentiríamos juntos, as fantasio
As horas que parecem décadas sem ti, as espero
A incerteza de tê-lo pra mim, enaltece o desejo
O amor que sempre foi teu, sempre será
Eu que tanto o desejo, viverei a desejar-te
Pra sempre. Até que o tenha, enfim...

Lai Paiva

24 de novembro de 2011

Palavras


Não sou minha

Nem dos outros

Das palavras sou inteira

Nelas sempre estou

Delas vou ao encontro

Não sou boa com elas

Mas elas, comigo

Meias palavras

Palavras bem ditas

Pra sibilar incessante

Nas bocas alheias...


Lai Paiva

19 de novembro de 2011

Recolhida






Visto-me
Recolho meus versos
Não deviam andar
Na poesia alheia

Cubro-me
Do mesmo silêncio de outrora
Daquele calar das entrelinhas
Onde diluí meus segredos

Tranco-me
Nos meus sentires
Sinto e nada digo
Que me faça ouvir

Escrevo-me
Descrevendo o querer
E o que trago aqui dentro
Pra que leiam à mim

Palavras, nada mais que eu sou
Que palavras bem ditas...

Lai Paiva

16 de novembro de 2011

Para Meu Yago...


"Ainda bem que você vive comigo porque se não como seria essa vida?" (Vanessa da Mata)




Meu bem maior
Amar bem mais
Eu sempre irei
A cada dia
Dos dias teus
E em cada beijo
Que te darei
Beijar-te-ei
Com meu amor
Maior de todos
Maior que eu...

Lai Paiva


15 de novembro de 2011

Ouça-me

* Pra você, meu C.C.



Ouça-me, meu bem
Daqui, de dentro de mim
Do meu discurso silenciado
De dentro do meu sentimento
Amo-te como amava há anos
Como amo-te neste momento
E como sei que pra sempre hei de amar...

13 de novembro de 2011

Beijo



(Audrey Kawasaki)


Sim, eu gosto de beijar na boca
Sim, eu gosto de lamber os lábios
Sim, eu gosto de sugar a língua
Sim, eu gosto de misturar saliva
Sim, eu gosto de provar o gosto
Sim, eu gosto de tirar o fôlego
Sim, eu gosto de beijo longo
Sim, eu gosto de muitos beijos
Sim, eu gosto de outra boca na minha...

Lai Paiva

12 de novembro de 2011

Assim serei...






Minha boca nua
Minha pele quente
Meu cheiro cítrico
O movimento do meu desejo
Os arrepios do meu querer
As curvas que insinuo
A saliva que adoça a língua
Os olhos que despem fácil
As mãos que descobrem tudo
As pernas que misturam o instante
Sussurros que cantam pro silêncio
Prazer que veste a pele despida
Assim eu serei pro momento
Em que essa espera por nós se findar...

Lai Paiva




10 de novembro de 2011

Amor Antigo


* Baseado num encontro antigo, num amor de antes e de sempre. Pra você, "meu" C.C.




Amava-o há anos. Nos anos em que estiveram juntos, em alguns instantes. Nos anos em que estiveram nos instantes de outros. Amava-o com a verdade que lhe pertencia. Com as palavras que lhe cabiam. Com os sorrisos que emanavam seu sentir exacerbado. E puro. Adel amava César como sabia que não amaria mais nenhum outro. Era dele cada sentido seu. Era pra ele a saudade dela. Amava-o escondida, quieta, silenciosa. Escrevia o amor como se este fosse possível ser descrito. Cartas que não destinaria, mas que acolhiam o seu sentir. O sentir que era dele. Há anos. E que seria por mais tantos anos. Por quantos anos o amor a alimentasse assim. A alimentasse de esperanças de um dia tornar a beijá-lo como há dezessete anos atrás. Com o mesmo desejo, mas com mais ousadia...

Lai Paiva

7 de novembro de 2011

C.C, meu querer...





Pensar em você

É lembrar de mim

Me sentir tão leve

É sentir você perto

Me vestir de afeto

É pra você me encontrar

Escolher as palavras

É pra você me despir

Aguçar meus sentidos

É pra você me querer

Adoçar minha boca

É pra você me provar

Esquecer das horas

É pra você se lembrar

De que estou a esperar

Por você meu querer...






Lai Paiva


3 de novembro de 2011

Pra você, C. C., eu...







Deixo-me à mostra
Mostro meus erros
Meus desejos
Meus planos
Olhe-me inteira
As curvas, os traços
O avesso
Queira-me se quiser
Leve-me se souber
Por você sempre irei
Em você chegarei
E não irei mais embora
Desses teus olhos meus...

Lai Paiva



1 de novembro de 2011

Pra te encontrar, C. C.


Pra te encontrar
Eu vou mais longe
Enfeito o corpo
E dispo a alma
Pra te encontrar
Eu vou tão longe
Pelos caminhos
Pra te achar
E ao te encontrar
Te farei carinhos
Te abraçarei ousada
Beijarei a boca
Essa boca tua
Que tanto quero minha...

Lai Paiva

30 de outubro de 2011

Saudades de Agora e Depois


* Para minha irmã , amiga, cúmplice de momentos bons e ruins, confidente, parceira de todas as horas. E que vai pra longe de mim... Me deixando pela metade...






Amiga minha
Minha querida
Queria ir-me
Ao lado teu
Seguir contigo
Por teus caminhos
Porque aqui
Ao lado meu
Minha saudade
Há de ficar
Minha tristeza
Há de partir-me
Pra que tu leves
Parte de mim
Por onde andares
Pra toda a vida
E assim seremos
Estas amigas
Que a distancia
Não levará
Pro esquecimento
De cada uma...

Lai Paiva


25 de outubro de 2011

C. C.



* Pra um bem querer tão antigo e tão atual


Ah, se me levares tua
Eu irei tão nossa
E beijarei teus versos
E abraçarei teu canto
Te farei tão meu
Devolverei o tempo
Que se perdeu de nós
Escreverei mais cartas
Descreverei sentires
Te amarei bem mais
Mais que amaria antes
Por mais tempo ainda...

Lai Paiva

23 de outubro de 2011

Tudo Novo




(James Jean)


Novo de novo
Novo dia
Dia novo
Tudo de novo
Tudo novo
Novo amanhecer
Amanhecer de novo
Novo sabor
Um sabor novo
Sentir de novo
Novo sentir
Aquilo tudo novo
Tudo aquilo de novo
Novo verso
Um verso novo
Novo olhar
Olhar de novo
Isto que é novo
Escrever de novo
Apenas o novo
Inovar de novo
O novo de agora
Agora e de novo
Viver o novo
Um novo viver
De novo e de novo...


Lai Paiva

22 de outubro de 2011

Por aí...



Quero
Faço
Chego
Fico
Beijo
Abraço
Ganho
Dou
Sei
Sou
Estou.

Lai Paiva

19 de outubro de 2011

Gosto disso...




Gosto de beijar nos olhos
De sentir os cílios úmidos
A varrerem palavras
Que sutilmente sopro
Gosto de morder os lábios
Que não sejam os meus
De chupar a língua
Que me transforma em doce
Gosto, ah como gosto
De juntar os corpos
De unir os gestos
Num abraço ousado
Onde sinto o outro
Penetrar meus poros...

Lai Paiva



18 de outubro de 2011

Se ouves, escutas...





(Eveline Tarunadjaja)



* Pra alguém há quilômetros de distância física de mim. Alguém de quem nunca hei de esquecer. Alguém desses assim, de um querer proibido e tão quisto.




Noite minha, essa nossa
Em que deitas as palavras
No silêncio que me acalma
E me faz adormecer quieta
Na lembrança de nós dois
De quando te sentia meu sem ter
De quando estavas aqui e partias
Longe, há quilômetros, me ouves?
Essa minha saudade gritante
Se ouves, voltas apenas por hoje
E beijas meu beijo mais doce
E cheiras o meu cheiro mais íntimo
Que quase não ouço mais teu sentir
Aquele que contavas pra mim em segredo
Esse mesmo sentir que ainda trago em mim
Além dessas linhas, acima das horas
Que separam nós dois dessa forma
Voltas, que te espero dentro de mim
Guardada e enfeitada pra ti...



Lai Paiva


13 de outubro de 2011

Por Quanto Viverem as Rosas (Repostando)


Baseado em fatos reais. Dedicado á minha amiga querida Mila Porto.




Uma ou outra traduzia a paixão. A paixão que sentiam por eles. Não a paixão passageira ou sensata, pois que por si elas eram a ausência daquilo que traduzia a razão no modo de sentir. Sentiam como quem sente pela primeira ou última vez. Com a urgência do sentir sem sentido. Aquele sentir que rouba pra si o que há de mais forte e exato. E com voz própria. Um sentir exacerbado.
Olívia não sabia ser senão seu querer explícito e tantas vezes infundado e vão. Sentia demais e mais que pudesse dosar. Perdia-se de si de tanto querer. Sentimentalista como poucas. Insana como tantas que sentem demais.
Clara trazia consigo tantos sentimentos, os mais diversos, os mais gritantes, mal sabia senti-los. Às vezes, tinha a nítida sensação de que era feita apenas de devaneios. Sensível como só são as pessoas que sentem demais aquilo que se apodera de si.
Certo era que o certo não sabia ser para elas o que o incerto punha dentro de cada uma. Nos olhos, no caminhar, no discurso, no silêncio.
Amigas, de uma amizade recente, mas de afinidade extensa. Mulheres dessas poucas que não competem entre si. Dessas em que uma começa quando termina a outra. Dessas que cada uma traz em si a beleza e a grandeza de ser e compartilhar o que tem na outra, o que falta, o que sobra.
E aprendem juntas a ser o que querem.
Olívia e Clara compartilhavam seus amores e desamores em tantas mesas de bar quanto foram as histórias que traziam consigo. Bebiam suas dores, seus anseios, seus desejos realizados, suas frustrações, suas paixões correspondidas, suas desilusões mal vividas. E embebedavam-se.
Muitos goles de incertezas diluídas. Muitos brindes de alegrias momentâneas. Risos leves, alcoolizados. Segredos que só uma à outra diziam.
Muitos foram os nomes ditos, sentidos, tantos Marcelos, Chicos, Luizes, Danis, Marcos, Mateus. Muitas foram as declarações que seriam deles, mas alguns deles nem estavam ali. Alguns mal sabiam que eram tão bem quistos. Talvez elas devessem dizê-lo, talvez não. Na dúvida, preferiam compartilhar entre si.
Ouviam canções como quem se encontra em cada uma delas. Algumas a faziam chorar, outras, dançar. Riam de si mesmas, de suas aventuras juvenis em plena maturidade. Cantavam as canções em alto e bom tom, como se quisessem declarar suas paixões aos seus. Mesmo sabendo que não a ouviriam ou que talvez fosse mesmo melhor que não ouvissem.
Muitas paixões as inebriavam tanto quanto o álcool que ingeriam juntas...
Como não viver aquilo que se queria tanto viver? Perguntavam-se sempre... E elas tinham pressa. Seus momentos eram tão ansiosos. E elas se encontravam melhor nos braços de seus sujeitos apaixonados. Sim, sentiam-se como rosas, belas, cheirosas, fincadas nos abraços que queriam seus, nos lábios deles...
E assim queriam estar por quanto fosse possível...

Lai Paiva



11 de outubro de 2011

Beijos Seus (Repostando)



Tenho beijos
Sim, os tenho
Beijos meus
Pra serem seus
Pra serem nossos
De um querer
Comum à nós
E de sabor de
Querer mais...






Lai Paiva

6 de outubro de 2011

Dias e dias





(Luminatii - The Loved Birds)


Dias de se ganhar
Outros de se perder
Alegria pra se fazer ouvir
Tristeza pra se esconder
Dias que me soam bem
Outros que me tratam mal
Palavras que beijam a boca
Outras que me fazem falta
Horas que são aflitivas
Minutos que me enchem os olhos
Dias em que me sinto mais
Outros que me encontro menos
Passos que parecem leves
Outros que nem sei dar
Tudo que parece nada
Nada que aparece sempre
Dias que se dão pra mim
Outros que me roubam inteira
Que me levam aonde
Eu não deveria ir mais...

Lai Paiva




Ver sem olhar




















Há tanto que eu não sei
Do tanto que julguei saber
Daquilo que me era claro
Por tanto quanto foi crível
Andei por tantas certezas
Que nunca me foram certas
Ouvindo verdades falsas
Cantadas pra me embalar
Os dias me foram anos
Os anos me são tão longos
Palavras me dizem nada
Pra tudo que quero ouvir
Mas tudo um dia passa
E eu passo por tudo sempre
Pra tudo não ser de novo
Isto que mal vivi
Disto que me emudece
Que mato atrás das linhas
Escritas sem nem olhar...



Lai Paiva

5 de outubro de 2011

Pra ele (Yago)























Só pra ele
Meu melhor abraço
No abraço, meu amor inteiro
Quando estou com ele
É quando não estou só
Se ele me olha
Sinto-me acolhida
Só quando ele me fala
Acalma minhas dores
Pra ele me reinvento
Só para ser-lhe perfeita
Só ele me inspira tanto
Só ele me faz ser melhor
Com ele viver é mais fácil
No beijo dele
Eu encontro minha paz
Quando ele sorri pra mim
Se esvai toda minha tristeza
Sua voz ao falar-me
Me põe mais segura
Se me deseja bom dia
Meu dia é mais leve
Quando me dá boa noite
É quando durmo tranquila
Quando chora comigo
É quando sinto que é cúmplice
Quando diz "eu te amo"
É quando ouço a verdade
Só com ele posso mais
Pra ele quero tudo
Ao lado dele vou mais longe
Só pra dar-lhe aquilo que quer
E que seus olhos me pedem
A leveza de ser e estar
Pois por ele e com ele
Cada dia é mais doce
Do sabor que ele tem
Um sabor de alcaçuz...

Lai Paiva

3 de outubro de 2011

Isso



(Paperboogie - The City)


Isso de ver e não tocar
Isso de querer e não externar
Isso de sentir e relutar
Isso de ter pra dizer e calar
Isso de lembrar de não esquecer
Isso de beijar os beijos já dados
Isso de abraçar os abraços partidos
Isso de estar sem nunca mais ter estado
Isso de chegar sem não ter voltado
Isso de perder o que foi dado
Isso de escrever por não poder ser dito
Isso de passear no passado
Isso de não se encontrar no presente
Isso de se perder no futuro
Isso que eu nem deveria chorar
É tudo isso que às vezes acomete meus dias
Isso que um dia vai passar...

Lai Paiva

Em mim...





(Mnemakk - Balcony)




Às vezes
Sinto falta
De lábios
Pra calar
As palavras
Mal ditas
Desses meus
Lábios sós...



Lai Paiva




2 de outubro de 2011

Vivendo...



Nas horas, suspiros meus
Viva, descrevo instantes
E sinto-os ao leve toque
Olho ao redor e enxergo tudo
Tudo o que hei de sentir
Assim que as incertezas sumirem
Bem desse jeito que some a vida
Quando a deixamos esvair-se
Sem que possamos levá-la
Pra bem dentro de nós...

Lai Paiva

29 de setembro de 2011

Ser...



(James Jean)


E se assim for
Se for bem assim
Assim sem ser
Sem fazer sentido
Sem estar de fato
Se for pra não ser
Que nem seja
Que nem aconteça
Pois acontece
Que de nada vale
Esperar aquilo
Que não há de ser
E que se espera
Que seja...

Lai Paiva


28 de setembro de 2011

Instantes





Em instantes vou vivendo os dias
A falta que alguns momentos trazem
O excesso que algumas horas ditam
A liberdade de estar só comigo
O receio de me perder de mim
A fuga de alguns quereres
A busca por meus interesses
Em instantes vou vivendo os dias
Sim, e a cada dia mais
Mais quero vivê-los
Ainda que em alguns instantes
Não me sinta neles...




Lai Paiva


23 de setembro de 2011

Apenas eu...








A solidão sempre me amedrontava. O medo de ficar só, sem amigos, sem parentes, sem amores. Sem história, sem momentos relevantes. Acreditava veemente que não iria à lugar algum se sozinha estivesse. Como se alguém precisasse me guiar literalmente. Me sentia de certa forma insuficiente. Me achava sempre metade de alguém ou de alguma coisa. Nunca o todo. Buscava nos outros o reflexo de mim mesma, a inspiração pra dizer algo, pra escrever algo, pra fazer algo. Pior, buscava nos outros a essência de mim mesma. A essência que já devia conhecer como só minha. Sentia sempre infeliz, incompleta, perdida se me faltasse um amigo ou um amor naqueles momentos em que eu mesma tentava sabotar o contentamento em estar só que acomete todo e qualquer ser humano. Assim passei anos da minha vida. Desses 33, ao menos 20. Buscando me encontrar nos outros. Na vida dos outros. Como se no peito de cada pessoa que conhecia batesse o meu próprio coração. Eu sempre me senti só, muitas vezes até enquanto estava inteiramente acompanhada. Eu achava que não me bastava. Eu achava que não me era suficiente. Achava que só existia sob a sombra de outras pessoas. Quanta ingenuidade e covardia de me enxergar como uma pessoa inteira e independente. Foi preciso um caminho tão longo e tão árduo. Foram necessários tantos desencontros pra poder me encontrar. Foi preciso me perder pra saber que não estava sozinha porque eu estava sempre alí, comigo. E me recusava, me afastava. Meu medo de estar só, de ficar só, me fazia a pessoa mais solitária que podia supor. E eu não entendia isso. Precisei perder tudo o que julgava ser tudo pra mim. Pra perceber que eu estou bem aqui. E que eu posso tudo, se em tudo eu acreditar. Eu posso mais, eu posso ser quem eu sou, sem ser movida à inspirações alheias. Se eu quiser ser boa ou má, grande ou pequena, eu serei por vontade própria, sabendo quem estou sendo e porque o serei. E só agora, constatando isso aí, me olhando e me notando, percebo o quanto eu me anulei. Tantos anos se passaram e só agora eu estou me descobrindo. E de fato querendo estar só. Não para sempre, mas pelo tempo que me for suficiente para recuperar o tempo que perdi sem ser eu. Mas o tempo dura exatamente o quanto a gente precisa. Sim, eu preciso estar só. Pra nunca mais achar que estou sozinha. Porque simplesmente eu tenho á mim e eu sou a pessoa que mais me importa agora. Com quem quero e vou manter o meu melhor e maior caso de amor e cumplicidade.

Lai Paiva

22 de setembro de 2011

De repente...



(Audery Kawasaki)


De repente
Bastava ir-me
E levar meu querer
Enfeitar-me de flores
De um perfume só meu
Vestir-me de versos
A soprá-los ao vento
Despir-me em cores
Para aqueles olhares
Pousar esses gestos nus
Em cada segredo vivido
E assim cantar novamente
O prazer em estar lá
Onde deveria ser meu lugar...

Lai Paiva

21 de setembro de 2011

Meus Ganhos






Em tantos momentos
Ganhos inúmeros
Nas graças de Ivanzinho
Na sensibilidade de Bia Saber
Na sabedoria de Tati Ward
Na alegria de Milinha Porto
Na racionalidade de Rezinha
No amor de Chuchu (Júnior Souza)
Na ternura de Leinha (Mone Lira)
No companheirismo de Mama Varejão
Nos conselhos de Sil
Na distância que não separa Dani Aschoff
Nas críticas construtivas de Lu Eduardo
Nas boas conversas de Becca Laura
Na cumplicidade de todos eles
Na amizade de tantos outros
No carinho que sei que é meu
Na verdade que sei que é nossa
Em tudo o mais que me faz melhor
Por eles e pra todos eles


Lai Paiva








20 de setembro de 2011

Quereres...



Asas
Têm esses desejos meus
Voam tão longe, tão longe
Além da razão de ser
Cada desejo que acolho
Aqui em cada linha escrita
Desses meus quereres descritos...

Lai Paiva

19 de setembro de 2011

E então...


E então
Seremos de outros
Faremos com outros
Os planos só nossos
Guardaremos em outros
A paixão que era nossa
Diremos à outros
Os "eu te amo" nossos
Viveremos com outros
Os mesmos momentos nossos
Seguiremos com outros
Aqueles caminhos nossos
E então
Nos devolveremos a paz
Aquela que mandamos pra longe
Enquanto insistíamos em nós...

Lai Paiva