Quero enfim uma relação de amor. Quero agora uma relação com as palavras. Escrevê-las, merecê-las, vivê-las. Quero escrever livremente, mas também sobre algo pre definido. Temas diversos, métricas imperfeitas, concordâncias sentimentalistas. Quero palavras que me tornem maior. Quero uma escrita que todos gostem de ler. Quero tocar as palavras como se fosse possível. Quero que seja possível que elas me toquem e eu toque à quem queira ler. Quero ser totalmente legível. Decifrável pra uns, incompreensível pra outros. Quero amar cada palavra que saia de mim. E quero ser só palavras. Trabalhar escrevendo. Amanhecer pra escrever. Anoitecer descrita. Quero me inscrever nas melhores linhas. Quero me inserir em diversos contextos. Esquecer do tempo ao parar pra escrever. Lembrar de quem sou ao ler minha escrita. Ser lembrada ao ser lida. Quero que me reconheçam em cada palavra. E que todas as palavras me levem à algum lugar e dentro de ao menos algumas pessoas. Quero viver da escrita. Viver escrevendo. Escrever os meus versos despretensiosos. Os meus contos intencionais. Meus amores e desamores. Aquilo que deixei de viver e o tanto quanto vivi. Quero ser a escritora que ninguém supunha. Nem eu. Quero viajar o mundo inteiro através dos meus textos. Ser descoberta por todos. Amada, criticada, talvez, odiada, mas lida. Quero ler o meu nome em muitos lábios. Quero ver minhas palavras em tantos olhares. Quero ser profissional comigo mesma. E disciplinada com os meus impulsos descritivos. Quero me apaixonar por cada linha que eu escrever, do início ao fim da minha vida. E, quem sabe despertar a paixão dos que me leem. A paixão pelas minhas palavras. Quero me inspirar haja o que houver. A qualquer hora. Em todos os lugares. Quero transformar tudo em poesia. E criar personagens apreciáveis pros contos que conceber. Quero textualizar os momentos, as pessoas, as notícias. Quero apenas as palavras comigo. Viver uma relação íntima e cúmplice com elas. Uma relação monogâmica e feliz. Com fantasia, verdade, precisão, maturidade, drama, humor, romance e uma pitada de urgência. Beijar cada palavra proferida antes de lança-la. Buscá-la de volta e escrevê-la para que ela se eternize. E assim, quando eu não puder mais estar por aqui, que ao menos a minha escrita permaneça viva aos olhos de todos e em seus rostos reproduza rugas de admiração, respeito, apreço, ou comoção. Assim, eu ficarei feliz, mesmo ao longe!
Lai Paiva
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