30 de maio de 2013

Amo



(Ilustração Jana Magalhães)


Eu te amo hoje
Pelo amor de ontem
Por cada dia seguinte
Com o amor de sempre
Reafirmado a cada hora
Nas horas em que estou
Te amando por toda vida

Lai Paiva

28 de maio de 2013

Ímpar



(Ilustração de Nicolleta Ceccoli)


Todo mundo tem um par
Todo par tem um porquê
E porque estou tão ímpar
Sinto o tempo não passar
Passo os dias esperando
A ausência ir embora
Ir embora do meu lado
Que as horas são mais longas
Pra quem vive tão sozinha


Lai Paiva


26 de maio de 2013

Poética



(Ilustração Nicoletta Ceccoli)


Na minha alma levo a poesia
Pra poesia eu me reinvento
Sou tantas quanto tantos versos tenho
A descrever o que trago em mim
Só tenho isso atrás dos meus olhos
E no interior do silêncio meu
A deixar aqui quando for pra longe
O lugar mais longe que eu posso ir
De onde a poesia me faça acenar
Aos que hão de ler os versos que eu deixei
Beijando todos como tanto fiz
Enquanto alma eu tinha no meu peito


Lai Paiva




Eu


O estar sem é tão só
O estar só é tão meu
O ser eu é tão grande
O estar em mim é tão pouco
O pouco me incompleta 
O que falta me guarda
O que guardo sou eu
O que sou, solidão


Lai Paiva





24 de maio de 2013

Adiado



O amar ficou pra depois
Pro amor guardo o esperar
Sem sentir o sentir se esvai
E no final o que acabou
Já havia me dito não
Enquanto me era um sim


Lai Paiva


21 de maio de 2013

Quanto ao tempo


Ainda que o instante me roube as horas
E o tempo não me espere nem dois minutos
Eu hei de aguardar pra vivê-lo depois
Ainda que a vida seja o momento que tenho
E que o ponha distante de mim
Eu manterei um coração no meu peito
Ainda que tudo aconteça lá fora 
E que eu sinta o tempo envelhecendo
Eu sei que ainda há um tempo oportuno
Que eu possa chamá-lo de meu...


Lai Paiva

18 de maio de 2013

Em segurança




Seguro é estar só
Sem olhares alheios
Nem abraço no corpo
O outro é um risco
Que adoça o perigo
Num pequeno instante
De um piscar de olhos
Tranquilo é guardar
O ser tão de alguém
Pra não sê-lo em vão
E ter os sorrisos molhados
Protegido é o sentir
Que não se dá sem se ter
Que se guarda seguro
Onde quer que seja
Mas que seja mesmo
Dentro de si...


Lai Paiva


5 de maio de 2013

Boa noite

















Se não adormecer
Me escreva
Se dormir
Sonhe comigo
Quando amanhecer
Apaixone-se de novo por mim
Durante o dia
Não me perca mais
Quando anoitecer
Me ponha pra dormir no seu coração
Então me ame sob o olhar das estrelas
E o silêncio da nossa saudade...


Lai Paiva

2 de maio de 2013

Querendo


Quero um pensar livre
Uma liberdade suave
Alegria pra brilhar
Saudade pra morrer
Um amor amável
Dias de durar um ano
Horas de beijar nos lábios
Abraços de acolher a alma
Versos de sorrisos altos
Músicas dos suspiros meus
Vida pro meu coração
Mãos pra tapar meus olhos
Cura pros meus desenganos
Ternura pra dormir comigo
Certeza de alguma coisa
Nome pro contentamento
Razão pra sonhar de novo
Sonhos pra tornar real
Um bem pra chamar de meu...

Lai Paiva


1 de maio de 2013

Escrever pra sempre!


Quero enfim uma relação de amor. Quero agora uma relação com as palavras. Escrevê-las, merecê-las, vivê-las. Quero escrever livremente, mas também sobre algo pre definido. Temas diversos, métricas imperfeitas, concordâncias sentimentalistas. Quero palavras que me tornem maior. Quero uma escrita que todos gostem de ler. Quero tocar as palavras como se fosse possível. Quero que seja possível que elas me toquem e eu toque à quem queira ler. Quero ser totalmente legível. Decifrável pra uns, incompreensível pra outros. Quero amar cada palavra que saia de mim. E quero ser só palavras. Trabalhar escrevendo. Amanhecer pra escrever. Anoitecer descrita. Quero me inscrever nas melhores linhas. Quero me inserir em diversos contextos. Esquecer do tempo ao parar pra escrever. Lembrar de quem sou ao ler minha escrita. Ser lembrada ao ser lida. Quero que me reconheçam em cada palavra. E que todas as palavras me levem à algum lugar e dentro de ao menos algumas pessoas. Quero viver da escrita. Viver escrevendo. Escrever os meus versos despretensiosos. Os meus contos intencionais. Meus amores e desamores. Aquilo que deixei de viver e o tanto quanto vivi. Quero ser a escritora que ninguém supunha. Nem eu. Quero viajar o mundo inteiro através dos meus textos. Ser descoberta por todos. Amada, criticada, talvez, odiada, mas lida. Quero ler o meu nome em muitos lábios. Quero ver minhas palavras em tantos olhares. Quero ser profissional comigo mesma. E disciplinada com os meus impulsos descritivos. Quero me apaixonar por cada linha que eu escrever, do início ao fim da minha vida. E, quem sabe despertar a paixão dos que me leem. A paixão pelas minhas palavras. Quero me inspirar haja o que houver. A qualquer hora. Em todos os lugares. Quero transformar tudo em poesia. E criar personagens apreciáveis pros contos que conceber. Quero textualizar os momentos, as pessoas, as notícias. Quero apenas as palavras comigo. Viver uma relação íntima e cúmplice com elas. Uma relação monogâmica e feliz. Com fantasia, verdade, precisão, maturidade, drama, humor, romance e uma pitada de urgência. Beijar cada palavra proferida antes de lança-la. Buscá-la de volta e escrevê-la para que ela se eternize. E assim, quando eu não puder mais estar por aqui, que ao menos a minha escrita permaneça viva aos olhos de todos e em seus rostos reproduza rugas de admiração, respeito, apreço, ou comoção. Assim, eu ficarei feliz, mesmo  ao longe!


Lai Paiva

(Des)Amor


O meu amor não é pra se amar
Aquele bem é de me fazer mal
Beija, mordendo, o meu gostar tanto
Veste de mágoa todo momento bom
Mente dizendo as verdades mais ternas
Finge vivendo a delícia de ser-nos
O meu amar não quer mais ser tão dele
Dele só vem o sentimento ao avesso
Pois nada sabe sentir por alguém
Atrás dessas tantas palavras amáveis
Que ainda hoje me escreve insistindo
E daqueles olhares lindos, vencíveis 
Com os quais me ganhou de repente
Pra perder finalmente e pra sempre...

Lai Paiva