29 de fevereiro de 2012

Querendo querer, queira



Queira-me bem
Bem assim
Como te quero
Queira-me perto
Bem aqui
Onde te ponho
Queira-me sempre
Bem quando
Quanto te espero
Queira-me apenas
Bem somente
Como te tenho
Queira-me tua
Bem inteira
Como tenho sido...


Lai Paiva

25 de fevereiro de 2012

Mais um Aniversário Meu




Mais um ano. 34 ao todo. No rosto, os sinais de quem viveu intensamente cada ano desses. Na alma, as marcas de quem deixou de viver alguns outros anos. Ganhos de tirar o fôlego. Perdas de tirar o sentido. Um filho lindo, maravilhoso. Meu melhor amigo em sua tradução mais fiel ao significado da amizade. Alguns bichos de estimação passaram, cachorros, coelhos, peixes, iguana, pássaros. Alguns cactos permanecem comigo. Minhas paixões. E umas begônias recebidas de presente. Muitas pessoas chegaram e ficaram. As melhores, em sua maioria. Passaria horas escrevendo seus nomes aqui. E cada uma delas pôs a sua porção na composição final que resulta nessa que sou. Outras pessoas passaram. Levaram o que puderem extrair de mim, bom ou ruim, aquilo que me inspiraram a ser, a sentir, a dar. Deixaram lembranças ruins, inapagáveis. Indeléveis. Tantas experiências. Tantas músicas, poesias, filmes, peças, shows. Tantos pileques pra curar alguma dor, ou desamor, ou pra enaltecer alguma alegria ou conquista. Tantas noites mal dormidas ou em claro. Tantos choros incontidos ou silenciados. Tantos amores amigos. Tanto amor por alguns homens que conheci. Cada um em seu momento meu. Quantas declarações de amor explícitas. Feitas e recebidas. Tantas canções ofertadas e dadas de presente. Quantos presentes. Engordei, emagreci, cuidei do corpo, descuidei. Me achei bonita, me vi feia. Mudei de aparência diversas vezes. Me interessei por muitas coisas ao mesmo tempo. Perdi a graça por tudo, noutros momentos. Namorei, separei. Acreditei, fui enganada. Enganei. Me enganei. Ouvi muitas mentiras em muitos desses anos. Mentiras verdadeiras. Contundentes. Me dissolveram, me desfizeram. Me reinventei. Me refiz. Me arrependi de muita coisa. Muita coisa eu viveria de novo. Disse muitos nãos quando queria dizer sim. Disse muito sim quando deveria dizer não. Desejei demais o que não estava ao meu alcance. Desejei quem fingia me desejar. Fingi não desejar quem tanto queria. Ocultei  algumas saudades. Explanei outras. Beijei muitos lábios. Deixei de beijar outros que tanto quis. Me doei, me roubaram de mim, me perdi, me reencontrei. Escrevi demais, muitas linhas do que sou e daquilo que trago comigo. Me desnudei em palavras. Me despi em versos. Me expus poeticamente, me expuseram desnecessariamente. Adoeci, me mediquei. Sarei, abandonei os remédios. Amanheci em ótimas companhias. Anoiteci em momentos ruins. Madruguei pra me recompor. Cai tantas vezes. Levantei outras tantas. Pensei em desistir de tudo. Me convenceram a seguir adiante. Descrevi minhas dores. Fiz dos meus instantes, minha escrita mais lida. Nos contos, vivi o impossível. Nos personagens que criei, um pouco ou muito de mim e daqueles que conheci. Fantasiei uma vida paralela à minha realidade. Tive crises de racionalidade que me puseram sob alerta. Me deixei levar por paixões avassaladoras. Me feri ao viver algumas delas. Trabalhei muito, descansei bastante. Dormi poucas horas quando deveria dormir muitas. Dormi muitas, quando deveria me manter acordada. Oscilei humores. Ri e chorei em intervalos pequenos de tempo. Me levaram ao céu e ao inferno em intervalos pequenos de dias. Despertei sentires. Senti demasiadamente. O amor me ensinou a viver. A ansiedade me ensinou a morrer. Angústias me puseram melancólica. Euforias me puseram invencível. Meus sentimentos sempre se renovaram. A cada inspiração. Disse muitos "eu te amo". Com verdade e certeza. Ouvi alguns sinceros, outros tão falsos quanto aqueles que os disseram. Ouvi mentiras como quem ouve verdades. Disse verdades como quem presenteia. Desacreditei das pessoas e de mim. Voltei a acreditar em seguida. Me enganei novamente. A vida sempre me pondo em apuros. E eu sempre vivendo-a com desejo. Vivi com pouco cuidado. Cometi excessos. Sofri as consequências por cometê-los. Aprendi. Errei de novo. Desisti de sentir. Quis me esvaziar de sentires. Não seria mais eu. Nunca quis deixar de ser-me, na verdade. Olhei muitas vezes pra mim e não me vi. Deixei de olhar tanto e me enxerguei. Me contradisse. Me afirmei. Venci alguns medos. Ganhei outros. Guardei algumas mágoas. Inevitável não mantê-las. Relevei outras. Me senti pequena e indefesa em alguns instantes. Noutros, maior que tudo. Enfraqueci por permissão. Me fortaleci focada em algo maior. Me uni, me separei. Experimentei as maiores solidões. E as dores que elas causam no corpo. Me cerquei de gente, de muita gente. Me entreguei à algumas. Tive a pior experiência com o amor. E tive a pior experiência com amizade. Minhas maiores decepções. Em contrapartida tenho um amor pra recordar para sempre, que jamais me fez mal, que jamais me fará. Que está num plano de amizade hoje em dia, mas com a mesma ternura de sempre. Em contrapartida também, tenho os melhores amigos que alguém pode querer. E que são parte essencial de mim. Cheguei aos 34, sim. E sinto como se tivesse vivido o dobro, tamanha as experiências pelas quais passei. Me canso, descanso e torno a ansiar mais. Quero muitos outros anos. Quero envelhecer escrevendo e lendo os meus escritos pro meu filho, pros meus netos. Quem sabe publicar um livro de poesias e outro de contos. Quero me casar, plantar um jardim inteiro, com girassóis, margaridas, rosas. Quero cozinhar muito ainda e ouvir elogios ao meu tempero. Quero ouvir e ofertar muitas canções. Descobrir novas sensações. Quero ver meu cabelo mudar de cor. Ter a cabeça inteiramente branca e o espírito profundamente leve. Quero um companheiro que amanheça comigo em todas as minhas manhãs e que me beije o beijo mais sentimentalista. Que me faça sentir que valeu a pena não desistir de amar, embora várias pessoas tenham quase me feito desistir. Quero viajar muito, conhecer vários lugares, mas especialmente aqueles que me coloquem mais próxima à natureza, à arte e à poesia. Quero ver muitas luas cheias e sentir muitas brisas ainda. Por fim, quando tiver conhecido todas as maravilhas que a vida reservou pra mim, quando meu filho e meus netos estiverem confortáveis em suas vidas, quero poder descansar de todas as aventuras, devaneios, realizações. E fazê-lo com a serenidade que sempre quis pra mim e para todos aqueles que amo. Ir-me sem proporcionar tristezas, mas a certeza de que cumpri o meu papel e que já era hora de ir pra um lugar melhor, onde eu possa ser uma pessoa maior. Ainda que não seja mais vista...

Quero agradecer a cada um que compartilha suas vidas comigo. São muitos e eles sabem exatamente quem são. E quero dizer que o meu amor é o que tenho de melhor, por trás de todos esses defeitos e falhas inevitáveis. E o meu amor é de todos vocês, meus amigos e familiares, especialmente do meu filho Yago, esse menino perfeito e que cada vez mais me surpreender ao superar todas as expectativas que crio acerca dele. 

Então, Feliz Aniversário pra mim, não é mesmo?! 
E que venham os próximos!

Lai Paiva

24 de fevereiro de 2012

Não Eu...



Há quem diga bobagens
Há quem forje imagens
Há quem só faça maldade
Há quem esconda a verdade
Há quem ensine a morrer
Há quem cause o sofrer
Há quem roube a alegria
Há quem seja má companhia
Há quem maltrate o sentir
Há quem só saiba mentir
Há quem não valha nada
Há quem deva ser distratada
Há quem, não eu...

Lai Paiva

Poeminha de Pré Aniversário


Aos anos vou dando tudo
Pros anos vou sendo muito
Nos anos vou deixando nada
Com os anos vou vivendo pouco
Dos anos vou recebendo tanto
Por anos vou querendo mais
Pelos anos vou buscando menos...
Lai Paiva

23 de fevereiro de 2012

Sinto-nos


 (Marc Chagall)


Sinto mesmo
Meu sentir seu
Seu sentir meu
Meu querer intenso
Seu desejo imenso
Minha paixão tocante
Sua ternura inebriante
Meu abraço dado
Seu beijo ousado
Meu dizer ao ouvido
Seu sussurro colhido
Meu amor sob efeito
Seu amar tão perfeito
Meu sentir demasiado
Seu sentir maravilhado
Sinto tanto
Sente mais...

Lai Paiva

20 de fevereiro de 2012

Apenas dos Olhares Dela



À beira daquele lago, no entorno daquelas árvores, misturada àquela ventania suave, havia uma pequena casa de paredes azuis, claras e sólidas, espessas. Uma varanda acolhia uma rede amarela e pequenos vasos com cactos e begônias. Cortinas esvoaçantes pareciam dançar conforme a melodia que o vento trazia. E eram de um branco puro, da mesma tonalidade do grande tapete felpudo estendido no meio da sala. Os sofás, dois em sua totalidade, estampavam pequenas e discretas margaridas. Apenas um quarto, com uma cama confortavelmente espaçosa e convidativa. Com lençóis e travesseiros cheirando sutilmente a erva doce. Na cozinha, uma mesa pequena, com quatro lugares que talvez nunca tivessem sido ocupados, mas que sempre estavam prontos a receber a presença de alguém. Ao menos de mais uma pessoa.
Aquela casa tinha uma leveza melancólica e era sonante. Uma música inebriante sempre invadia cada cômodo com a propriedade de conhecer cada espaço, cada fresta.
Não havia vizinhos, embora pudesse ver uma ou outra pessoa caminhar bem próximo ao lago, consequentemente nas redondezas da casa. Mas na maior parte do tempo só se viam apenas pássaros, borboletas, flores, árvores, o lago e a terra firme. E apenas uma pessoa. Beatriz era o seu nome.
Era uma jovem de pouco mais de trinta anos, morena clara, de cabelos curtos, nem tão lisos, nem tão ondulados, abaixo do queixo, com uma franja mediana, caída lateralmente em seu rosto de maças rosadas, lábios úmidos e olhos castanhos médios, com cílios longos a realçar o brilho que por vezes se explicitava.
Nunca fora vista acompanhada, mas sempre deixou dúvidas se realmente morava só naquele lugar e se recebia ou não algum convidado, ou convidada, ou mais de um, ou mais de uma.
Podia-se ver a mesa posta com capricho. Pela manhã, no meio da tarde e à noite. Frutas, bolos, chás, café, sucos, queijos, leite, geléias, torradas, bolachas. E louças e talheres aos pares, o que conotava que recebia alguém. Ao menos uma pessoa. Era o que podia ser visto ao olhar através das suas janelas ou da porta vez ou outra deixada aberta.
A verdade era que Beatriz não estava só. E estava na companhia daquele que lhe fazia amanhecer mais bonita a cada manhã. Tom era o seu nome. E era para ele cada carinho que imprimia nas refeições que preparava e na arrumação de cada cômodo da casa. Ela adorava cozinhar para ele e ver sua expressão de prazer ao degustar cada porção do que havia preparado. Ele sorria ao beber e comer, como se aquilo lhe fosse acarinhando por dentro, à medida que ia sendo ingerido. E era para ela um contentamento impagável observá-lo. Às vezes, ela mal comia ou bebia, para não desviar os olhos dele. Não queria perder um instante sequer daquele momento.
Ao entardecer costumavam encontrar o abraço um do outro sob o tapete da sala, abaixo das cobertas, com os corações batendo próximos um do outro e os arrepios de um encaixando nos arrepios do outro. Amavam-se ali, com o tempo pausado, os sentidos aguçados, a paixão enaltecida. Desnudavam-se de qualquer intervenção alheia, ainda que fosse o canto dos pássaros. O único som era o de suas respirações ofegantes, o único cheiro era de suas intimidades, o único sabor era a mistura de um e do outro.
Ela conhecia cada parte dele como se fossem partes de si mesma. Ele sempre estivera ali, ainda que nunca tenha sido visto pelos que eram atraídos pela beleza daquele lugar que Tom e Beatriz tinham como seu.
Ela nunca estivera sem ele. Desde que o encontrou pela primeira vez, nunca mais o deixou partir.
Vestia-se para ele com a mesma desenvoltura e afinco com que se despia. Ele conhecia seus segredos, desvendava seu silêncio, decifrava seus olhares. Eles falavam o que o outro queria ouvir antes que desejassem. E tocavam-se exatamente onde queriam e como queriam.
O tocar de seus lábios era preciso. Intenso, ousado, mais íntimo que qualquer outro toque. Pareciam morrer e nascer várias vezes nos beijos um do outro. E parecia impossível desviarem-se dali, pois era naquele instante que a felicidade se mostrava palpável, ao menos pra eles, ao menos pra ela.
Talvez não fosse real. Talvez fosse insano viver algo que não vive. Talvez Beatriz estivesse a amar-se só. Talvez não. Entre o sim e o não havia tanto sentir. Quem lhe tomaria aqueles dias deles, que ela tão certa os tinha seus?
Tom era dela. Dos olhares dela. E era lindo pra ela. De uma beleza que jamais viu igual. Isso bastava-lhe. De fato não desejava que outros olhares pousassem nele. E o descobrissem tal qual o via. Perfeito. Maravilhoso. Improvável.
Sim, improvável que ele fosse real. Mas, como pra ela a realidade era sempre fruto da sua imaginação e esta se deixava ir conforme seus desejos a guiavam, aquilo que tocava era aquilo que podia ser tocado porque era de verdade.
E a verdade era que eles sempre estiveram ali, sob os olhares dela. Apenas sob os dela...

Lai Paiva


19 de fevereiro de 2012

À Espera...


Sinto sem bem sentir
O beijo dos lábios meus
Minto pro meu sorrir
Que olhares serão seus
Anoiteço sem adormecer
Com lembranças por merecer
Amanheço silenciada
Pra sentir-me amada
Espero as horas morrerem
Pra um novo encontro acolherem...


Lai Paiva





(Michael Parkes)


18 de fevereiro de 2012

Pra Nós

Esperei sem saber
Já estava marcado
Pensei em lembrar
Já havia pensado
Lembrei em querer
Já estava bem quisto
Hesitei em beijar
Já beijava em segredo
Decidi me entregar
Já não era mais minha
Percebi que era amor
Já me excedia em sentir
Senti que era nossa
Já nos queria pra sempre...


Lai Paiva


                                                                           (Michael Parkes)

17 de fevereiro de 2012

Pelo sempre que é nosso





(Amanda Cass)


Saudade de mim quando nossa
De quando não há o que possa
Ser todo e ser mais que esse apreço
Darei sem pressa nem preço
Se acaso você me levar
Meu tempo pra tanto te amar
O tempo de não se contar
Tampouco de ver-se passar...

Lai Paiva

9 de fevereiro de 2012

Meu sentir, dele


De verdade sinto tudo
De tudo sinto um pouco
Sempre sinto exceder-me
Tanto sinto quanto vivo
Sinto mais que sempre digo
Digo sempre o que sinto
Sinto ser meus sentires
Ponho sempre o sentir
Cada vez que encontro
Toda vez que me encanto
Por aquele que é hoje
Meu sentir mais sentido
E que quero pra sempre
Sentir ser bem meu...

Lai Paiva



8 de fevereiro de 2012

Tempo de Nós Dois



Tempo de se sentir
Tudo num instante só
Muito e sempre mais
Junto ao sentir do outro
Bom de se dizer
Melhor de se ouvir
Tanto pra dividir
Poucas parecem as horas
Nosso parece o tempo
Dele eu sou tão minha
Nele eu ponho tanto
Quase nem cabe mais
Do muito que trago aqui
Ao lado do meu querer...


Lai Paiva


7 de fevereiro de 2012

Beijo Nosso



(Amanda Cass)


Beijo os teus sentidos
Sinto-os me confundir
Confundo o nosso bem
Bem nosso é o prazer
Prazer nos lábios teus
Lábios que levam ao longe
Ao longe só vou contigo
Contigo sem nem pensar
Pensei não ser assim
Assim sendo tão íntimos
Íntimos e apenas dois
Dois em apenas um
Um tão meu sem ser
Ser quem melhor somos
Somos no instante exato
Exato do encontro raro
Raro como encontrar
O que encontro no beijo teu
Teu beijo perfeito meu
Meu jeito de experimentar
A vida que se pôs ausente
Ausente do meu sonhar
Sonhar te faço agora
Agora que mal dá pra esperar...

Lai Paiva 






6 de fevereiro de 2012

Ah, se...

Quero mais do que tenho
Gosto mais do que posso
Espero mais do que chego
Apresso mais do que o tempo
Venero mais do que vejo
Abraço mais do que alcanço
Beijo mais do que hesito
Sinto mais do que mostro
Sonho mais do que vivo
Vivo tanto no outro
E o outro tanto em mim...

Lai Paiva


5 de fevereiro de 2012

De mim mesma



Pra mim
Tudo
Por mim
Mais
Em lembrar de mim
Sou
Ao meu lado
Estou
Às minhas mãos
Dou
Tão somente comigo
Vou
De dentro de mim
Ecoou
O sentir só meu
Que o sentir levou...

Lai Paiva





2 de fevereiro de 2012

Nas horas


Tal qual noite
Anoiteço apaixonada
Tal qual dia
Amanheço amando
Tal qual tarde
Entardeço saudosa
Tal qual madrugada
Madrugo sentindo tudo de novo...

Lai Paiva

1 de fevereiro de 2012

Ser-te



De tudo quero ser-te muito
O querer que tu muito queiras
O sentir que te excede o beijo
O ter que nunca teves antes
A cor que te enfeita as horas
O som que te canta o amor
A vida que te resta tanto
A companhia pros teus encantos
O tudo que te completa mais
O bem que ninguém mais te faz...

Lai Paiva